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INCA inicia projeto de pesquisa em parceria com Children's Hospital da Philadelphia
O INCA está iniciando um projeto de pesquisa em parceria com o Children's Hospital da Philadelphia (CHOP) com o objetivo de aplicar o mesmo tratamento com células CAR-T em pacientes com câncer pediátrico no Instituto. Para marcar o início do projeto, de 9 a 11 de setembro, o pesquisador Stephan Grupp e a equipe do CHOP responsável pela produção de células CAR-T visitarão as instalações do INCA para acompanhar o começo dos estudos, encontros e palestras. Liderado no INCA pelo pesquisador Martín Bonamino, o projeto é financiado pelo Departamento de Ciência e Tecnologia (Decit), do Ministério da Saúde, e prevê a transferência de tecnologia do CHOP para o INCA. A ideia é iniciar a fase clínica em 2025, com previsão de tratar pacientes pediátricos com leucemias agudas.
O CHOP é conhecido por ter tratado a primeira criança com células CAR-T no mundo, Emily Whitehead, hoje com 19 anos, e que já completou 12 de tratamento, livre do câncer. A instituição já tratou mais de 400 crianças no mundo (com cerca de 60 a 70% alcançando a cura), e é reconhecida globamente como iderança nesse tipo de tratamento. “Vamos preparar as células CAR-T da mesma forma que é feito no CHOP, trazendo uma tecnologia avançada para o Brasil”, explica Bonamino. De acordo com o pesquisador, os índices de sucesso obtidos pela equipe do CHOP com o tratamento já são bastante conhecidos e, portanto, ajudarão a embasar o processo de aprovação regulatória da tecnologia, permitindo ao INCA aplicá-lo aos seus pacientes mais rapidamente.
A etapa inicial do projeto pretende tratar 32 pacientes pediátricos com leucemia linfoblástica aguda refratária ou recidivada ao longo de três anos. Além disso, a parceria do INCA com o CHOP inclui treinamento das equipes, em ambas as instituições, e compartilhamento de conhecimentos e pesquisas. “Com a transferência de tecnologia do CHOP, vamos preparar as células em nossas instalações, aqui no Brasil, substituindo o modelo atual, que prevê o envio das células ao exterior para o preparo”, explica o pesquisador.
Como funciona a terapia CAR-T-Cell
Em termos gerais, a terapia CAR-T-Cell consiste em modificar as células do sistema imunológico do próprio paciente para combater o tumor. O processo de geração das CAR-T é realizado em laboratório a partir de células importantes do sistema de defesa, conhecidas como linfócitos T. Essas células frequentemente protegem o organismo contra infecções e tumores, mas podem perder a capacidade de “reconhecer” o câncer. O processo de produção das CAR-T altera as células T para que possam readquirir a capacidade de “reconhecer” as do tumor e, então, atacá-las, como ocorre com as leucemias e os linfomas. Contudo, por ser uma terapia personalizada, cada paciente exige um processo de produção próprio - e que não são rápidos.
Essa terapia já está disponível há alguns anos nos Estados Unidos (e em alguns países da Europa, além de Japão e China) e tem apresentado ótimos resultados, promovendo casos de remissão em pacientes com leucemias e linfomas. No entanto, a produção das células CAR-T e todo o processo da terapia ainda apresentam altos custos. “O maior desafio para democratizar o acesso a esse tipo de terapia se deve ao fato de ela ser personalizada e ainda muito cara. Então, esse tipo de projeto pode nos ajudar muito a agilizar e baratear as etapas de produção e reduzir os custos, com vistas à futuramente implantar o tratamento no SUS”, detalha Bonamino.