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Dia Mundial do Câncer
Diretor-geral do INCA defende mais recursos para prevenção do câncer
O diretor-geral do INCA, Roberto Gil, criticou o peso excessivo que se dá ao financiamento do tratamento do câncer avançado, reduzindo recursos em prevenção e diagnóstico precoce que poderiam reduzir os custos do controle da doença, pois ela seria prevenida ou tratada em seu início. Por exemplo, só com a redução do consumo de carne processada até 2030, a economia com tratamento de câncer 10 anos depois é estimada pelo INCA entre R$ 31 e R$ 170 milhões; com a redução do consumo de álcool no mesmo o período, a economia seria de R$ 5 a R$ 161 milhões. A atualidade desses dados, calculados pelo INCA, foi destacada nesta terça-feira (20) pelo diretor do Instituto por ocasião das comemorações Dia Mundial do Câncer (4 de fevereiro).
A apresentação de Roberto Gil, traçando o cenário brasileiro do câncer, ocorreu no evento online Cuidados para todos - Junto somos mais fortes, que marcou o último ano da campanha “Cuidados para todos” (Close the care gap), organizada pela União Internacional para o Controle do Câncer. Em 2022, a instituição, que reúne mais de mil organizações ligadas ao câncer em cerca de 160 países, lançou o desafio para que cada país possa encontrar soluções que contribuam na equidade do tratamento e no controle das neoplasias malignas.
Gil enfatizou que, com o aumento da expectativa de vida, o câncer estará cada vez mais presente. Para ele, isso aumenta a importância de políticas públicas que facilitem o acesso à saúde e reduza a inequidade. Como 40% dos cânceres são preveníveis, “temos que chegar cedo na doença”, acentuou. “Se a gente chega tarde, a gente gasta mal”. Para isso, acrescentou, também é importante reduzir o uso de agrotóxicos, a exemplo do álcool e produtos alimentícios ultraprocessados.
O evento foi organizado para detalhar recomendações convergentes entre o Código Latino-Americano e Caribenho contra o Câncer (LAC Code) e a Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer (PNPCC).
A consultora nacional da Unidade Técnica de Determinantes da Saúde, Doenças Crônicas não Transmissíveis e Saúde Mental da Organização Pan-americana de Saúde no Brasil, Larissa Veríssimo, explicou que o Código tem 17 recomendações para auxiliar na prevenção do câncer (redução de peso, não fumar, evitar ultraprocessados, prática de exercícios físicos, entre elas) e 17 recomendações de políticas públicas destinadas a garantir a eficácia da aplicação (proibição de publicidade do tabaco, comunicação pública para mudança de comportamento, adoção de códigos de convenção internacional, proibição da venda livre de medicamentos de reposição hormonal na menopausa, entre outras). “Foi a primeira vez que essas recomendações foram dirigidas a formuladores de políticas para a implementação de um código”, disse Larissa Veríssimo.
A diretora da Agência Internacional de Pesquisa em Câncer, da OMS, Elisabeth Weiderpass, argumentou que “ao fomentar a inovação e a pesquisa de implementação, podemos descobrir intervenções e terapias eficazes e acessíveis que ressoem com as necessidades específicas dos países de baixa e média rendas. Isso requer um comprometimento da comunidade global em direcionar recursos para onde são mais necessários”.
O coordenador-geral da Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer, Fernando Maia, explicou o que é o Programa Nacional de Navegação da Pessoa com Diagnóstico de Câncer (Lei n.º 14.758, de 19 de dezembro de 2023). “A gente sabe que em muitas doenças - e, no câncer, isso é muito crítico - tempo é fundamental. A ideia é acompanhar e garantir o caminho adequado do paciente pelo SUS, da sua entrada à saída, assegurando o melhor atendimento possível como política de Estado." A lei que instituiu o programa ainda precisa ser regulamentada.
Após as apresentações houve um debate mediado por Fernanda Nogueira, representante da Coordenação de Prevenção e Vigilância (Conprev) do INCA, que contou ainda com a participação de Rose Miranda, representante do Hospital Albert Einstein/amigo.h e foi A abertura foi feita pela coordenadora da Conprev, Márcia Sarpa. A apresentação do evento foi do tecnologista do INCA Ronaldo Correa.
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