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Dia Nacional de Combate ao Câncer
Tabus sobre cuidados paliativos são debatidos
Cuidados paliativos devem ser garantidos aos pacientes desde o diagnóstico, e envolve acolhimento também aos seus familiares: trata-se de uma ciência que será alvo de política pública nacional já no próximo ano. Essas foram algumas das informações divulgadas no evento do INCA, "Cuidados paliativos: o que você pensa que sabe pode não ser verdade", que celebrou o Dia Nacional de Combate ao Câncer (27 de novembro) deste ano.
Os objetivos dos cuidados paliativos são promover o alívio da dor e de outros sintomas que causem sofrimento; oferecer suporte para auxiliar os pacientes a terem uma sobrevida o mais útil possível; atuar com equipes interdisciplinares e com profissionais capacitados; promover os cuidados e o manejo das complicações clínicas que causam sofrimento ao paciente; respeitar a morte como um processo natural do ciclo da vida, buscando não a antecipar ou adiá-la; e oferecer suporte para a família no período da doença e após o óbito.
A diretora do HC IV, unidade do INCA especializada em cuidados paliativos, Renata de Freitas, destacou a maturidade do Instituto para abordar o tema: “Dentro de uma instituição de alta complexidade assistencial, voltada ao tratamento de pacientes portadores de câncer - com foco na cura -, conscientizar que o sofrimento - seja ele físico, psicológico, social ou espiritual - pode e deve ser abordado, e as ações paliativas generalistas devem ser responsabilidade de todos os profissionais que cuidam desses pacientes. Isso demonstra a maturidade de nossa instituição e o reconhecimento que melhorias são necessárias independentemente do tempo de serviço.”
O coordenador de Assistência do INCA, Gélcio Mendes, enfatizou que “entendemos o cuidar perpassando também a família, que sofre junto com o paciente”, na abordagem dos cuidados paliativos.
Em sua intervenção, o diretor-geral do INCA, Roberto Gil, informou que há possibilidade política de ampliação do debate com a publicação da portaria com a Política Nacional de Cuidados Paliativos: “Eu acabei de receber uma mensagem com o compromisso da ministra [da Saúde, Nísia Trindade Lima] e do secretário de Atenção Epecializada em Saúde, doutor Helvécio [Magalhães], de que isso [os cuidados paliativos] será uma política pública em 2024”.
A jornalista Juliana Dantas, especializada em cuidados paliativos, morte e luto e diretora do Instituto Ana Michelle Soares, exibiu casos que demonstram a ignorância de profissionais de saúde acerca dos cuidados paliativos e de pacientes que se recusam a recebê-los. Por isso, ela acentuou a importância do acesso à informação para o entendimento dos cuidados paliativos. “A morte ou o adoecimento tem um núcleo intrínseco de dor, é um núcleo maciço e ninguém vai aliviar essa dor pra você. Mas a gente tem muitas dores periféricas, totalmente desnecessárias”. E ela constatou: “Tem gente vivendo com dor e morrendo mal por falta de acesso à informação”.
Rodrigo Kappel Castilho, médico representante da Academia Nacional de Cuidados Paliativos, lembrou que uma das campanhas da Organização Mundial da Saúde preconiza “cuidado paliativo para todo paciente oncológico até 2030, até para aqueles que não vão sobreviver à doença”.
Julieta Fripp, médica e representante da Frente Paliativista defendeu que “cuidado paliativo é direito humano também.” Para ela, a “revolução” acerca da desmistificação dos cuidados paliativos se deu por meio do “movimento Frente Paliativista, que mobilizou milhares de pessoas – trabalhadores e usuários do nosso País – numa única voz: implementar a política nacional de cuidados paliativos integrada às redes de atenção à saúde, e com o componente de cuidado à atenção primária através da estratégia da família – com garantia de financiamento.”
Um vídeo em comemoração aos 25 anos do HC IV foi exibido com as atividades da unidade. Também foram descerradas as placas de inauguração do “Espaço de Convivência”, no HC IV, um espaço humanizado para pacientes, familiares e amigos; além da ampliação da “Sala do Silêncio”, uma área de relaxamento para pacientes, acompanhantes e força de trabalho.
O evento foi apresentado por Sthefany de Oliveira Bandeira, do Núcleo de Apoio Administrativo HC IV, e transmitido pela TV INCA.