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Pesquisadores do INCA investigam como HIV afeta sobrevida de pacientes com linfoma
Estudo realizado por pesquisadores do INCA investigou a sobrevida de pacientes brasileiros com linfoma difuso de células-B grandes (um subtipo de linfoma não-Hodgkin, câncer que afeta o sistema imunológico), comparando a diferença entre um grupo com e outro sem o vírus da Aids. Os resultados da pesquisa mostram que o grupo de integrantes da população vivendo com HIV(PVH) apresentou sobrevida menor e com maior ocorrência da recidiva (ressurgimento) da doença, do que os pacientes sem o vírus.
O artigo Sobrevida diferencial de pacientes brasileiros com linfoma difuso de células-B grandes com e sem infecção pelo HIV foi publicado em agosto, na revista científica internacional Aids, uma das mais relevantes nesse campo de estudo.
No INCA, a pesquisa surgiu a partir da observação dos pesquisadores, especialmente após a pandemia da Covid-19, de que o linfoma difuso de células-B grandes ainda é um dos principais tipos de câncer associados a pacientes diagnosticados com Aids. A imunossupressão causada pelo vírus do HIV está diretamente relacionada ao risco de desenvolvimento de vários tipos de linfomas não-Hodgkin, uma complicação clínica comum em PVH, grupo em que se observa a incidência de cinco a 20 vezes maior do que na população em geral. Mas com a terapia antirretroviral altamente ativa, em 1996, e a consequente melhoria do sistema imunológico dos pacientes com Aids nas últimas décadas, houve uma diminuição na incidência de linfoma não-Hodgkin nesse segmento.
“Apesar disso, chama a atenção o fato de que este tipo de malignidade continue a ser uma das doenças mais frequentes em pacientes com Aids. E que o linfoma difuso de células-B é ainda uma causa importante de mortalidade observada nesses pacientes”, observa Marcelo Soares, coordenador do estudo. Além dele, participaram da pesquisa, outros quatro pesquisadores do INCA: Mariana Ferreira, Luiz Claudio S. Thuler, Anke Bergmanna e Esmeralda Soares.
Eles investigaram 243 pacientes do Instituto, sendo 91 com e 152 sem HIV, em um período de cinco anos após o diagnóstico de câncer (entre 1º de janeiro de 2000 e 31 de dezembro de 2014, em um estudo retrospectivo). Entre os resultados, foram observados 98 óbitos (40% da série total) em 60 meses após o diagnóstico. No grupo com HIV, 41 mortes ocorreram (45%); e destas, 31 (75,6%) morreram especificamente devido ao câncer; nove (21,9%), devido a doenças ou complicações relacionadas à Aids e uma (2,5%) faleceu por outras causas. Já no grupo sem HIV, houve 57 óbitos (37,5%) e 46 (80,7%) deles morreram devido ao câncer. Onze pacientes desse grupo (19,3%) faleceram por outras causas.