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Prêmio Nobel
Nobel de Medicina faz palestra no INCA
Minha Improvável Jornada a Estocolmo é o nome da palestra que o Nobel de Medicina de 2019, William Kaelin, profere dia 31, no INCA, abordando os entrelaçamentos de sua vida pessoal com a pesquisa que o levou ao prêmio. Ele e os pesquisadores Peter Ratcliffe e Gregg Semenza analisaram como as células podem sentir e se adaptar às mudanças na disponibilidade de oxigênio. Os animais precisam de oxigênio para a conversão de alimentos em energia útil. A importância do oxigênio tem sido compreendida há séculos, mas era desconhecida a forma como as células se adaptam às mudanças nos níveis de oxigênio. As descobertas podem levar a novos tratamentos de anemia, câncer e muitas outras doenças.
A palestra de William Kaelin será ministrada no 8º andar do prédio-sede do INCA, na Praça Cruz Vermelha, Centro da cidade do Rio de Janeiro, e faz parte da Nobel Prize Inspiration Initiative (NPII), um programa global projetado para ajudar os ganhadores do prêmio a compartilhar suas histórias e percepções inspiradoras. Ao levar laureados do Prêmio Nobel em visitas a universidades e centros de pesquisa ao redor do mundo, a iniciativa busca aproximálos da comunidade científica mundial, principalmente jovens cientistas.
Foram 37 Nobel Prize Inspiration Initiative em quatro continentes entregues em parceria com a AstraZeneca, uma parceria que começou em 2010. Em 2017, o INCA recebeu pela primeira vez a edição da iniciativa, que trouxe ao Brasil o vencedor do prêmio Nobel de Química de 2004, Aaron Ciechanover, que em sua palestra traçou um paralelo da própria descoberta científica com a medicina personalizada relacionada ao câncer.
William G. Kaelin Jr tem 65 anos e nasceu na cidade de Nova York. Estudou Química e Matemática na Duke University, em Durham, Carolina do Norte, e recebeu seu diploma de doutor em Medicina em 1982. Depois, fez residência na Johns Hopkins University, Maryland. Em 2002, tornou-se professor na Harvard Medical School, em Massachusetts.
“Durante meu terceiro ano, o doutor Michael Bishop (Prêmio Nobel de Medicina de 1989) veio à Duke Medical School dar uma palestra, que foi emocionante. Ele descreveu os primeiros oncogenes [genes – segmentos de DNA, o material genético presente nas células do corpo – com potencial de causar o desenvolvimento de câncer], alguns dos quais codificam quinases [proteínas que funcionam como interruptores de ligar e desligar determinadas funções dentro das células]. Eu tinha certeza de que estava vendo o futuro da oncologia e assumi que isso levaria a novas terapêuticas, por exemplo, inibidores de quinase”, lembra Kaelin.
Mas a vida dele estaria ligada à pesquisa de uma maneira mais dramática
Ausência agridoce
“Eu adorava medicina clínica e tive a honra de ser escolhido para passar mais um ano na Johns Hopkins como um dos quatro chefes assistentes de serviço (equivalente a residente-chefe). Aprendi ainda mais medicina clínica naquele ano e, mais importante, conheci uma linda estudante de Medicina do 4º ano (embora ela nunca tenha se reportado a mim)”, recorda-se com divertida franqueza. “Carolyn Scerbo mais tarde se tornaria minha esposa e mãe de meus dois lindos filhos, Kathryn Grace e Tripp.”
Ele continua: “Em 2003, vários anos após o trabalho que levou ao meu Prêmio Nobel, minha esposa Carolyn, ela mesma uma adorada cirurgiã de câncer de mama, desenvolveu a doença. Ela precisou de uma mastectomia e quimioterapia. Mesmo tendo cuidado de centenas de pacientes com câncer e suas famílias, agora eu tinha uma compreensão muito mais visceral de sua angústia e dor.”
“Carolyn sobreviveu ao câncer de mama apenas para desenvolver um glioblastoma [tipo mais comum de tumor cerebral maligno] não relacionado, em 2010. Ela passou por duas grandes operações cerebrais, cada uma exigindo meses de reabilitação para que ela voltasse a andar, bem como radioterapia e quimioterapia”, detalha o pesquisador.
“Reunimos um ‘time dos sonhos’ de médicos e cientistas talentosos que nos ajudaram. Por exemplo, o genoma de seu tumor foi sequenciado no início como um guia para agentes-alvo específicos. No final das contas, no entanto, nós a perdemos em 2015. Carolyn e eu sempre brincávamos sobre como seria se eu ganhasse o Prêmio Nobel. Foi agridoce receber o Prêmio sem ela ao meu lado.”
O doutor William Kaelin estará no Brasil patrocinado pela AstraZeneca, em parceria com o Nobel Media.