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Controle do câncer
Gastos do SUS com cânceres associados ao excesso de peso somam 41,1% do investimento em tratamento oncológico
Dos R$ 3,4 bilhões gastos pelo SUS em 2018 com o tratamento oncológico, R$ 1,4 bilhão (ou 41,1%) foram em terapêuticas contra cânceres associados ao excesso de peso, principalmente tumores malignos de mama, intestino grosso (colorretal) e endométrio. A constatação é de levantamento feito pelo INCA e publicado este mês na forma de artigo na revista científica Plos One, e foi revelada durante o webinar promovido pela área de Alimentação, Nutrição, Atividade Física e Câncer, da Coordenação e Prevenção e Vigilância no INCA, no último dia 25.
De acordo com o artigo Costs of cancer attributable to excess body weight in the Brazilian public health system in 2018, a maioria dos cânceres tem origem multifatorial (tem várias causas que predispõem ao seu desenvolvimento), mas mais de uma dúzia já teve comprovação, por evidências científicas, de associação ao excesso de peso. O mais diretamente ligado a esse fator de risco é o de endométrio (corpo do útero). Os de mama e o colorretal, por sua vez, são significativos neste levantamento devido à alta incidência, ocupando, repectivamente a primeira colocação para mulheres e a segunda para ambos os sexos. Para 2021 são esperados no Brasil 66.280 casos de câncer de mama feminino e 40.990 de câncer colorretal.
No levantamento do INCA foram calculados os gastos relatados de 11 tipos de câncer entre os com maior associação ao excesso de peso (também foram considerados tumores de rim, próstata, fígado, pâncreas, ovário, esôfago, estômago e vesícula), considerando os procedimentos de 2018 por todas as organizações que oferecem tratamento de câncer no SUS.
A prevalência do excesso de peso corporal tem aumentado nas últimas décadas no Brasil. De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde, divulgada em outubro de 2020, em 2019, 55,4% da população adulta estava com excesso de peso. Assinam o artigo profissionais do INCA, Universidade Estadual do Rio de Janeiro e Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
"É urgente o debate sobre a melhor alocação dos recursos para as ações de promoção da saúde em virtude da expectativa de aumento exponencial de gastos futuros”, afirmou durante o webinar Ronaldo Corrêa, técnico da Conprev e um dos autores do artigo.