Qualidade do exame citopatológico do colo do útero
exame citopatológico é o método do rastreamento do câncer do colo do útero no Brasil. Para que o rastreamento seja efetivo é necessário que o exame seja realizado com qualidade. A Portaria nº 3.388, de 30 de dezembro de 2013 (BRASIL, 2013), redefiniu a Qualificação Nacional em Citopatologia na prevenção do câncer do colo do útero (QualiCito) e estabeleceu os seguintes indicadores para monitoramento, cujos dados são obtidos a partir do SISCAN:
- Índice de Positividade: indica a capacidade do laboratório de identificar alterações no exame e é calculado pela fórmula (número de exames alterados por ano/número de exames satisfatórios) x 100. É classificado de acordo com os seguintes intervalos: inaceitável (abaixo de 2,0%), necessitando de aprimoramento (entre 2,0% e 2,9%), aceitável (entre 3,0% e 10%), avaliação de perfil (acima de 10%, geralmente encontrado em instituições de referência para o tratamento de lesões precursoras e câncer).
- Percentual de células escamosas atípicas de significado indeterminado entre os exames satisfatórios (ASC/Satisfatórios): indica a proporção de exames classificados nesta categoria de dúvida diagnóstica. Calcula-se pela fórmula (número de ASC/número de exames satisfatórios) x 100. Sugere-se como parâmetro que não ultrapasse 5%.
- Percentual de células escamosas atípicas de significado indeterminado entre os exames alterados (ASC/Alterados): indica a proporção de exames alterados classificados nesta categoria de dúvida diagnóstica calcula-se pela fórmula (número de ASC/número de exames alterados) x 100. Considera-se como critério de análise de qualidade dos laboratórios de citopatologia que o percentual seja inferior a 60%.
- Razão entre células escamosas atípicas de significado indeterminado e lesão intraepitelial escamosa (ASC/SIL): indica a capacidade de identificar lesões intra-epitelial escamosas (SIL) em relação aos resultados de dúvida diagnóstica (ASC). É calculado pela fórmula número de ASC/número de exames SIL. Recomenda-se que a relação ASC/ SIL não seja superior a três.
- Percentual de lesão intraepitelial de alto grau (HSIL): indica a capacidade de identificar lesões de alto grau. É calculado pela fórmula (número de HSIL/número de exames satisfatórios) x 100. O Ministério da Saúde estabeleceu o parâmetro de ≥ 0,4%.
- Percentual de exames insatisfatórios: reflete a qualidade da coleta do material para o exame citopatológico. Calcula-se pela fórmula (número de amostras insatisfatórias no mês/total de exames no mês) x 100. O padrão estabelecido como critério de qualidade é o percentual < 5%
- Tempo médio de liberação dos exames: calcula-se pela soma dos dias transcorridos entre a entrada dos materiais no laboratório e a liberação dos laudos, dividida pelo total de exames liberados no período, que não deve ultrapassar o limite de 30 (trinta) dias a partir da entrada do material no laboratório.
Na tabela 1, é possível observar os indicadores de monitoramento da qualidade do exame citopatológico do colo do útero no Brasil, regiões e por unidade da federação em 2022.
Tabela 1. Indicadores de qualidade do exame citopatológico cérvico-vaginal, Brasil, Regiões e Unidades da Federação, 2022
Região / Unidade da Federação | Índice de Positividade | ASC / Satisfatórios | ASC / Alterados | ASC / SIL | HSIL / Satisfatórios | Insatisfatórios / Total de Exames | Exames liberados em até 30 dias |
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Região Norte | 3,23 | 0,16 | 58,98 | 1,50 | 0,04 | 1,03 | 31,84 |
Acre | 3,25 | 1,97 | 60,54 | 2,07 | 0,59 | 0,49 | 83,60 |
Amapá | 1,04 | 0,62 | 59,26 | 1,45 | 0,28 | 0,01 | 55,62 |
Amazonas | 3,24 | 1,72 | 53,12 | 1,24 | 0,43 | 1,59 | 10,84 |
Pará | 4,35 | 2,44 | 56,03 | 1,65 | 0,49 | 1,06 | 37,08 |
Rondônia | 2,84 | 1,21 | 42,65 | 0,80 | 0,67 | 0,27 | 44,48 |
Roraima | 9,25 | 5,70 | 61,66 | 3,03 | 0,45 | 1,67 | 65,26 |
Tocantins | 5,35 | 3,05 | 57,00 | 1,60 | 0,80 | 4,89 | 27,,36 |
Região Nordeste | 2,89 | 1,67 | 57,79 | 1,63 | 0,37 | 1,57 | 43,55 |
Alagoas | 2,31 | 1,26 | 54,53 | 1,63 | 0,19 | 0,78 | 56,79 |
Bahia | 2,95 | 1,70 | 57,72 | 1,56 | 0,45 | 1,34 | 39,10 |
Ceará | 3,90 | 2,44 | 62,51 | 2,09 | 0,37 | 0,46 | 28,48 |
Maranhão | 3,45 | 2,03 | 58,79 | 1,66 | 037 | 1,45 | 37,34 |
Paraíba | 2,14 | 1,04 | 48,64 | 1,14 | 0,48 | 2,13 | 55,50 |
Pernambuco | 1,92 | 0,92 | 47,72 | 1,09 | 0,31 | 3,38 | 51,54 |
Piauí | 5,60 | 4,54 | 81,06 | 5,18 | 0,23 | 1,66 | 78,51 |
Rio Grande do Norte | 3,02 | 1,46 | 48,13 | 1,04 | 0,35 | 1,07 | 47,65 |
Sergipe | 1,80 | 0,95 | 52,58 | 1,31 | 0,32 | 0,30 | 21,20 |
Região Centro-Oeste | 4,64 | 2,95 | 63,62 | 2,16 | 0,57 | 1,26 | 43,73 |
Distrito Federal | 9,02 | 6,63 | 73,48 | 4,28 | 0,72 | 1,16 | 15,92 |
Goiás | 4,70 | 2,83 | 60,11 | 1,81 | 0,66 | 1,45 | 47,61 |
Mato Grosso | 3,88 | 2,52 | 64,75 | 2,03 | 0,45 | 0,89 | 41,00 |
Mato Grosso do Sul | 3,01 | 1,62 | 53,99 | 1,49 | 0,47 | 1,51 | 57,06 |
Região Sudeste | 2,82 | 1,62 | 57,34 | 1,66 | 0,32 | 0,69 | 43,32 |
Espírito Santo | 2,34 | 1,20 | 51,35 | 1,52 | 0,33 | 0,15 | 40,78 |
Minas Gerais | 2,61 | 1,39 | 53,35 | 1,34 | 0,33 | 0,86 | 43,47 |
Rio de Janeiro | 3,05 | 1,71 | 55,95 | 1,41 | 0,30 | 0,46 | 40,68 |
São Paulo | 3,13 | 1,97 | 62,87 | 2,26 | 0,30 | 0,68 | 44,57 |
Região Sul | 3,34 | 2,09 | 62,54 | 2,01 | 0,37 | 0,36 | 50,27 |
Paraná | 2,99 | 1,74 | 57,99 | 1,61 | 0,40 | 0,38 | 40,12 |
Rio Grande do Sul | 3,72 | 2,41 | 64,78 | 2,27 | 0,31 | 0,31 | 45,71 |
Santa Catarina | 3,35 | 2,19, | 65,43 | 2,29 | 0,40 | 0,40 | 71,41 |
Brasil | 3,17 | 1,87 | 59,09 | 1,75 | 0,38 | 1,00 | 43,98 |
Fonte: Sistema de Informação do Câncer (Siscan).
Acesso em: 11 setembro 2023