Toxicologia e câncer
De acordo com Klaassen e Watkins (2009), a Toxicologia moderna é uma ciência muito além da identificação dos efeitos adversos de agentes exógenos (ou seja, que estão presentes e ativos em um organismo, mas que se originou fora desse organismo), pois atualmente incorpora saberes de outras áreas do conhecimento, tais como bioquímica molecular, biologia, química, genética, medicina, dentre outras, para avaliação da segurança e do risco químico.
Um organismo é considerado intoxicado quando entra em contato com uma substância química não nutritiva que produza um desequilíbrio fisiológico nocivo, podendo produzir sinais clínicos e laboratoriais ou não (OGA et al., 2008). Esta substância química que não é produzida pelo organismo, é chamada de xenobiótico, e a sua capacidade de causar danos a um organismo vivo é chamada de toxicidade, que é definida, dentre outros fatores, por estes a seguir:
Intensidade da exposição
Refere-se a concentração do agente tóxico no ambiente ou local de trabalho. Depende ainda das condições ambientais e de trabalho, tais como temperatura, umidade e ventilação assim como do tempo e frequência de exposição.
Tipo de exposição
- Aguda - O contato ocorre em um período de tempo não superior a 24 horas.
- Crônica - Exposições se repetem durante um longo período de tempo (meses, anos ou toda a vida).
Via de exposição (administração)
As principais vias de introdução de agentes químicos no organismo humano são trato gastrointestinal, pulmões e pele.
Toxicologia e exposição no trabalho
A maior contribuição da toxicologia para a redução da incidência do câncer se faz por intermédio da identificação dos fatores de risco de natureza química.
O ambiente de trabalho desempenha um papel muito importante no aparecimento de efeitos negativos sobre a saúde humana devido à exposição a substâncias químicas perigosas. Em função disto, a Toxicologia surge como ferramenta de extrema importância para compreender e gerenciar a exposição a agentes químicos no trabalho. A resposta do organismo humano a substâncias químicas é dependente de fatores como: genética, idade, gênero e estado nutricional. Além disso, determinados ambientes de trabalho têm o potencial de super expor os trabalhadores a vários agentes tóxicos ao mesmo tempo e é frequentemente difícil identificar a associação entre a doença do trabalhador e a sua ocupação, uma vez que existe uma grande distância de tempo entre a exposição e o surgimento dos efeitos tóxicos crônicos relacionados à exposição.
Em geral, os efeitos decorrentes das exposições a doses moderadas de substâncias químicas com elevada toxicidade surgem em um curto período de tempo, ao passo que exposições prolongadas a baixas doses, até mesmo quando o agente tóxico apresenta elevada toxicidade, podem resultar em efeitos crônicos, como o câncer, após um longo período de tempo.
Classificação dos agentes ou das substâncias
Existem diferentes formas de classificação para o mesmo agente:
Quanto à sua origem
Originam-se de um organismo vivo (bactérias, fungos), vírus ou por processos de produção humana, tais como poluentes liberados pela queima de combustíveis, por exemplo.
Quanto ao risco
Pode-se estabelecer categorias de riscos de danos à saúde e ao ambiente, para exposições únicas, repetidas ou prolongadas.
Quanto aos efeitos
Os efeitos tóxicos podem ser específicos à um órgão ou sistema, ou inespecíficos.
Referências Bibliográficas
KLAASSEN CD, WATKINS III JB. Fundamentos em toxicologia de Casarett e Doull. 2. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012.
OGA, Seizi; DE SIQUEIRA, Maria Elisa PB. Introdução a toxicologia. In: Fundamentos de toxicologia. 1996. p. 1-10.