Radiações não ionizantes
A radiação não ionizante é uma modalidade de radiação de baixa frequência e baixa energia, também denominada de campo eletromagnético, que se propaga através de uma onda eletromagnética, constituída por um campo elétrico e um campo magnético, podendo ser provenientes de fontes naturais e não naturais (UNITED STATES, 2019).
Os principais subtipos de campos eletromagnéticos são:
Subtipos | Fontes |
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Campos de frequência extremamente baixa | Eletrodomésticos, fontes naturais (raios e trovões). |
Ondas de rádio | Ondas de TV, circuitos eletrônicos, bandas de AM e FM. |
Luz visível | Ondas eletromagnéticas que são visíveis ao olho humano de uma pessoa sem deficiência visual. |
Radiação infravermelha | Calor decorrente de movimentação atômica e molecular. |
Radiofrequência/Micro-ondas | Telefones celulares e sem fio, antenas de telefonia celular instaladas nos aparelhos móveis e nas torres, radares e transmissões de rádio e TV, luz elétrica, torres de transmissão e distribuição elétrica, aparelho de micro-ondas, fiação elétrica em construções, equipamentos que emitem radiação infravermelha, redes Wi-Fi. |
Formas de exposição
No trabalho:
Os trabalhadores podem ser expostos a campos eletromagnéticos de frequência extremamente baixa, se trabalharem próximos de sistemas elétricos que utilizam grandes potências como geradores ou cabos de força, variando conforme a potência do campo eletromagnético, da distância do trabalhador em relação à fonte e do tempo de exposição. As maiores exposições ocorrem entre os soldadores e eletricistas (THE NATIONAL INSTITUTE FOR OCCUPATIONAL SAFETY AND HEALTH, 1996).
No ambiente:
Todos nós somos expostos a radiação não ionizantes, sejam elas por meio de fontes naturais ou produzidas pelo homem. A exposição domiciliar é muito maior em residências próximas às torres de transmissão e distribuição de eletricidade. Outra forma de exposição comum é a utilização de telefones celulares próximos da cabeça. Níveis muito mais baixos de radiação têm origem nas antenas de transmissão de rádio e TV (KESMINIENE; SCHÜZ, 2014).
Principais efeitos à saúde
A exposição aos campos não ionizantes observou um grande aumento a partir do século XXI em função das demandas por eletricidade, do aprimoramento tecnológico, como o uso de smartphones e tablets, e também mudanças no comportamento social (INCA, 2021).
As evidências sugerem que a exposição crônica à radiação não ionizante de baixa frequência e fontes de campos eletromagnéticos de frequência extremamente baixa pode aumentar o risco de câncer em crianças e adultos (WORLD HEALTH ORGANIZATION, c2019).
Medidas de controle
As medidas de proteção dos trabalhadores incluem controles físicos e administrativos, limitação de acesso e sinais de alerta, programas de proteção individual e vigilância médica, visando manter os níveis de exposição dos trabalhadores dentro das normas estabelecidas (INCA, 2021).
Radiação solar
Radiação solar é a energia emitida pelo sol na forma de radiação eletromagnética não ionizante, sendo a principal fonte de exposição humana à radiação ultravioleta (UV). Além desta fonte natural, podemos citar outras fontes artificiais de radiação UV, como lâmpadas e câmaras de bronzeamento (KESMINIENE, SCHÜZ, 2014).
O nível de radiação solar que atinge a superfície da Terra varia de acordo com alguns fatores ambientais, tais como altura do sol, apresentando maior intensidade nos horários entre dez da manhã e quatro da tarde; a latitude, pois quanto mais próximo à linha do equador, mais elevados são os níveis de radiação UV; céu encoberto por nuvens, poluição atmosférica, névoas ou neblinas, que reduzem os níveis de radiação UV; altitude elevada, onde há menor filtração da radiação UV; e ozônio, que absorve alguma quantidade de radiação UV (WORLD HEALTH ORGANIZATION et al., 2002). Observe a figura a seguir:
Fonte: Adaptado de World Health Organization et al., 2002.
Mesmo estando em local sombreado, uma pessoa ainda pode estar exposta à radiação UV por meio da claridade natural do sol. Alguns pisos, pinturas claras e superfícies também são bastante refletores da radiação UV (AUSTRALIAN RADIATION PROTECTION AND NUCLEAR SAFETY AGENCY, 2004a). A redução da camada de ozônio prejudica os seres humanos, os animais, organismos marinhos e plantas, que ficam expostos a maiores níveis de radiação UV (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2006).
A melhor estratégia para reduzir a exposição natural à radiação UV é evitar o sol no meio do dia, quando a intensidade de radiação é maior.
Formas de exposição
No trabalho:
Trabalhadores que se expõem à trabalhos ao ar livre estão sob risco de ter um câncer de pele pela exposição à radiação solar. O dano à pele é permanente e aumenta com a frequência e intensidade da exposição. As ocupações com especial risco em função da natureza do trabalho são: trabalhadores da construção civil, agricultores, salva-vidas, policiais de trânsito, carteiros, jardineiros, treinadores e educadores físicos de atividades ao ar livre, motoristas de transportes coletivos ou de carga, pescadores e outras ocupações com atividades ao ar livre (INCA, 2021).
No ambiente:
A radiação solar (exposição natural à radiação UV) pode atingir as pessoas diretamente, dispersas em céu aberto e refletidas no ambiente. Assim, mesmo que uma pessoa esteja na sombra, ainda pode estar bastante exposta à radiação UV através da claridade natural. Também alguns pisos e superfícies são bastante refletores da radiação UV, inclusive pintura branca, de cores claras e superfícies metálicas. Essas superfícies podem refletir a radiação UV na pele e nos olhos.
Principais efeitos à saúde
A reação mais comum da pele após exposição aos raios solares é o eritema, também chamado de queimadura solar. A pele e os olhos são as principais áreas de risco à saúde decorrentes da exposição à radiação UV.
Uma pessoa que se expõe muito ao sol, especialmente durante a infância, tem o risco aumentado de desenvolver câncer de pele. A exposição ao sol provoca o espessamento das camadas exteriores da pele e, causando enrugamento e enrijecimento da pele. Nos olhos podem causar ceratites, conjuntivites e cataratas (AUSTRALIAN RADIATION PROTECTION AND NUCLEAR SAFETY AGENCY, 2004a).
A exposição solar é a principal causa de câncer de pele. Os carcinomas espinocelular e basocelular representam os tipos mais frequentes de câncer de pele. O melanoma de pele contribui para a maioria das mortes por câncer de pele devido a sua tendência a produzir metástases (KESMINIENE; SCHÜZ, 2014).
Medidas de Controle
Políticas públicas para diminuir a exposição dos trabalhadores à radiação solar são necessárias para criar e manter ambientes seguros em relação a este tipo de exposição. Ações de educação em saúde em escolas, entre profissionais expostos ao sol durante o exercício das suas atividades, serviços de saúde, campanhas de saúde por meio da grande mídia e unificação dos protocolos de abordagem destes tumores pelos profissionais de saúde são de muita importância para a prevenção destas doenças.
A maior parte dos cânceres de pele podem ser tratados com sucesso se diagnosticados precocemente. É importante se familiarizar com a aparência habitual de sua pele para que mudanças possam ser notadas rapidamente. O aparecimento ou a mudança no formato, cor ou tamanho de manchas ou sinais devem passar por uma avaliação médica.
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Referências Bibliográficas
INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA. Ambiente, trabalho e câncer: aspectos epidemiológicos, toxicológicos e regulatórios / Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. – Rio de Janeiro: INCA, 2021.
KESMINIENE, A.; SCHÜZ, J. Radiation: ionizing, ultraviolet, and electromagnetic. In: INTERNATIONAL AGENCY FOR RESEARCH ON CANCER. World cancer report 2014. Lyon, France: IARC, 2014. p. 143-150.
THE NATIONAL INSTITUTE FOR OCCUPATIONAL SAFETY AND HEALTH. EMFs in the workplace. Washington, DC: NIOSH, 1996. (DHHS (NIOSH) Publication Number, 96-129).
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Eletromagnetic fields (EMF). What are electromagnetic fields? Geneva: WHO, c2019.
AUSTRALIAN RADIATION PROTECTION AND NUCLEAR SAFETY AGENCY. Ultraviolet radiation. Australia: ARPANSA, [2004a].
WORLD HEALTH ORGANIZATION et al. Global solar UV Index: a practical guide. Geneva: WHO, 2002. 28 p. A joint recommendation of the World Health Organization, World Meteorological Organization, United Nations Environment Programme, and the International Commission on Non-Ionizing Radiation Protection.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. WHO Air quality guidelines for particulate matter, ozone, nitrogen dioxide and sulfur dioxide: global update 2005: summary of risk assessment. Geneva: WHO, 2006.