Quimioterapia antineoplásica
A quimioterapia antineoplásica é aquela realizada através da administração de fármacos para o tratamento de câncer atuando em nível celular porém sem especificidade, ou seja, os medicamentos não destroem exclusivamente as células tumorais (BONASSA, 2012).
A quimioterapia antineoplásica é amplamente utilizada no tratamento de câncer. Esse tratamento é utilizado em doses o mais próximo possível das doses máximas individuais toleradas e devem ser administrados com a maior frequência possível para desestimular o novo crescimento do tumor. São também usados no tratamento da artrite reumatoide (metotrexato e ciclofosfamida), doença de Crohn (6-mercaptopurina), transplante de órgãos (metotrexato e azatioprina), anemia falciforme (hidroxiureia), psoríase (metotrexato) e outras condições patológicas não oncológicas (CHABNER, 2012).
A exposição ocupacional ou ambiental aos antineoplásicos pode acarretar danos a saúde (INCA, 2021).
Formas de exposição
No trabalho:
Trabalhadores envolvidos na produção industrial, no armazenamento, no transporte, no processo de manipulação e administração, no descarte dos resíduos, na limpeza e na manutenção de equipamentos e na limpeza do ambiente.
No ambiente:
A principal fonte de contaminação é o descarte inadequado de quimioterápicos com validade expirada e os resíduos contidos nas embalagens utilizadas em unidades hospitalares ou clínicas de oncologia.
Principais efeitos à saúde
Pacientes oncológicos em tratamento compõem o grupo mais exposto a essas medicamentos e, por isso, podem apresentar risco aumentado de desenvolvimento de agravos a saúde. Apesar das poucas evidências científicas sobre os riscos ocupacionais (Connor e McDiarmid, 2006), os mesmos não podem ser desprezados, uma vez que não existem limites seguros para a exposição às substâncias cancerígenas. Os principais efeitos a saúde são:
Efeitos agudos:
- Erupções cutâneas
Efeitos crônicos:
- Infertilidade, abortos espontâneos e malformações congênitas; Leucemia mieloide aguda (bussulfano, clorambucila, ciclofosfamida, melfalano, lomustina, treossulfano, MOPP – mecloretamina, vincristina, procarbazina e prednisona, etoposideo em combinação com cisplatina e bleomicina); Câncer de bexiga (ciclofosfamida); Câncer de pulmão (MOPP).
Medidas de controle
- As atividades de manipulação de fármacos perigosos, órgãos regulamentadores internacionais e nacional, assim como associações de profissionais da área estabelecem protocolos e guias com orientações para o manuseio seguro desses agentes.
- Ao processo de preparo dos medicamentos perigosos é exigido o uso de equipamentos de proteção individual (EPI), como a prática de uso de dois pares de luvas estéreis, sem talco e frequentes trocas, uso de uniforme/avental de uso restrito, de manga longa e punho elástico, impermeável e com baixa liberação de partículas, sem abertura frontal e que cubra todo o corpo, gorro ou capuz, propé ou bota antiderrapante, óculos de segurança e máscaras respiratórias.
- O Emprego de equipamentos de proteção coletiva (EPC), como cabines de segurança biológica (CSB) classe II B2 ou isoladores (Classe III), uso de dispositivos de transferência em sistema fechado para a manipulação e o preparo em áreas limpas com pressão negativa e dotadas de antecâmaras, tem função de evitar a contaminação dos ambientes por aerossóis provenientes da manipulação, preservando dessa forma a saúde do trabalhador, além de evitar a contaminação do produto e do ambiente externo.
- Documentação e validação de processos de descontaminação e desinfecção dos equipamentos, dos materiais e do ambiente, de processos em caso de acidentes ambientais e pessoais e do manejo dos resíduos químicos gerados durante todas as etapas do processo de manipulação e administração.
Referências Bibliográficas
BONASSA, E. M. A. et al. Conceitos gerais em quimioterapia antineoplásica. In: BONASSA, E. M. A.; GATO, M. I. R. Terapêutica oncológica para enfermeiros e farmacêuticos. 4. ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2012. p. 1-16.
CHABNER, B. A. Terapias dirigidas para alvos: inibidores de tirosinocinase, anticorpos monoclonais e citocinas. In: BRUNTON, L. L.; CHABNER, B. A.; KNOLLMANN, B. C. (org.). As bases farmacológicas da terapêutica de Goodman & Gilman. 12th. ed. Rio de Janeiro: Mc Graw-Hill, 2012. p. 1731-1754.
INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA. Ambiente, trabalho e câncer: aspectos epidemiológicos, toxicológicos e regulatórios / Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. – Rio de Janeiro: INCA, 2021.
CONNOR, T.H.; MCDIARMID, M.A. Preventing Occupational Exposures to Antineoplastic Drugs in Health Care Settings. CA, Cancer J Clin 56:354-365.