Versão para população
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Estatísticas
Estimativas de novos casos: 11.490, sendo 6.110 homens e 5.380 mulheres (2022 - INCA); e
Número de mortes (C70 a C72): 10.202, sendo 5.377 homens e 4.825 mulheres (Atlas de Mortalidade por Câncer - SIM, 2023).
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O que aumenta o risco?
As causas de tumores do SNC ainda são alvo de muitos estudos. Entende-se atualmente que essa doença é multifatorial, ou seja, ela é causada pelo somatório de várias alterações genéticas. Algumas dessas alterações são adquiridas durante a vida, por predisposição ou por exposição. Outras são hereditárias e estão presentes em algumas síndromes familiares associadas com tumores do SNC, como a neurofibromatose.
Os fatores que conhecidamente aumentam o risco são:
- Exposição a radiação ionizante - por exemplo, profissionais que lidam com raios-X, pessoas que se submetem à radioterapia ou a exames excessivos com radiação (tomografia).
- Deficiência do sistema imunológico - seja ela causada pelo vírus HIV ou pelo uso de medicamentos ou drogas que suprimem o sistema imunológico.
Muitos outros possíveis fatores de risco para o desenvolvimento desses tumores já foram estudados, mas até hoje não se confirmou sua relação com a doença. Entre eles: traumatismos na região da cabeça, várias substâncias químicas (entre elas alguns derivados do petróleo), consumo de aspartame (tipo de adoçante artificial).
Alguns estudos tentaram relacionar a exposição excessiva ao celular (radiofrequência) e transformadores/cabos de alta tensão (ondas eletromagnéticas) com um possível aumento de risco de tumores do SNC, mas até agora nada ficou estabelecido.
As causas ocupacionais relacionadas ao maior risco de tumores do SNC
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O principal risco conhecido é a exposição à radiação, como os raios X e a radiação gama, especialmente quando ocorre por muitos anos no trabalho. Esse tipo de exposição pode acontecer, por exemplo, entre pessoas que trabalham com exames de imagem, radiologia, medicina nuclear ou em atividades que utilizam esse tipo de radiação. A IARC também aponta que existe evidência limitada de relação entre a exposição a campos eletromagnéticos de radiofrequência no trabalho e alguns tipos de tumores cerebrais, como o glioma e o neuroma acústico. Isso significa que essa possível associação ainda está sendo estudada e não é considerada definitiva. Assim, no ambiente de trabalho, a radiação ionizante é o principal fator de risco reconhecido para tumores do sistema nervoso central, enquanto outras exposições, como os campos eletromagnéticos, ainda necessitam de mais pesquisas.
Estudos apontam fortes evidências da relação do excesso de gordura corporal com o aumento do risco para o desenvolvimento de meningioma. Verifique se seu peso está adequado.
REFERÊNCIAS
IARC. List of classifications by cancer sites with sufficient or limited evidence in humans, IARC Monographs Volumes 1–140a. International Agency for Research on Cancer, 2025. Acesso em: 21 nov. 2025. Disponível em: < https://monographs.iarc.who.int/wp-content/uploads/2019/07/Classifications_by_cancer_site.pdf>.
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Como prevenir?
Até o momento, não existem medidas definidas para a prevenção específica dos tumores de SNC.
No contexto de Trabalho
A prevenção do câncer relacionado ao trabalho (CRT) no caso dos tumores do sistema nervoso central envolve reduzir a exposição à radiação no ambiente ocupacional. É fundamental que trabalhadores que lidam com raios X, radiação gama ou equipamentos radiológicos utilizem corretamente os equipamentos de proteção, sigam os protocolos de segurança e respeitem os limites de exposição recomendados. A manutenção adequada dos equipamentos, o uso de barreiras de proteção e o acompanhamento regular da saúde dos trabalhadores também são medidas importantes para diminuir os riscos e promover ambientes de trabalho mais seguros.
REFERÊNCIAS
IARC. List of classifications by cancer sites with sufficient or limited evidence in humans, IARC Monographs Volumes 1–140a. International Agency for Research on Cancer, 2025. Acesso em: 21 nov. 2025. Disponível em: < https://monographs.iarc.who.int/wp-content/uploads/2019/07/Classifications_by_cancer_site.pdf>.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Norma Regulamentadora 1 – Disposições Gerais e Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (NR-1). Atualização de 2025. Disponível em: https://www.gov.br/trabalho-e-emprego/pt-br/acesso-a-informacao/participacao-social/conselhos-e-orgaos-colegiados/comissao-tripartite-partitaria-permanente/normas-regulamentadora/normas-regulamentadoras-vigentes/nr-01-atualizada-2025-i-1.pdf. Acesso em: 08 dez. 2025.
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Detecção precoce
A detecção precoce do câncer é uma estratégia para encontrar o tumor numa fase inicial e, assim, possibilitar maior chance de tratamento.
A detecção precoce pode ser feita por meio da investigação com exames clínicos, laboratoriais ou radiológicos, de pessoas com sinais e sintomas sugestivos da doença (diagnóstico precoce), ou com o uso de exames periódicos em pessoas sem sinais ou sintomas (rastreamento), mas pertencentes a grupos com maior chance de ter a doença.
Não existem exames de rotina padronizados para detecção precoce de tumores do Sistema Nervoso Central e não há evidência científica de que o rastreamento do câncer do SNC traga mais benefícios do que riscos e, portanto, até o momento, ele não é recomendado.
Já o diagnóstico precoce possibilita melhores resultados em seu tratamento e deve ser buscado com a investigação de sinais e sintomas como:
- Perda de funções neurológicas
- Dores de cabeça
- Náuseas e vômitos
- Convulsões
- Dificuldades de equilíbrio
- Visão turva
- Mudanças de comportamento
- Sonolência acentuada e coma
Na maior parte das vezes, esses sintomas não são causados por câncer, mas é importante que eles sejam investigados por um médico, principalmente se não melhorarem em alguns dias.
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Sinais e sintomas
Dor de cabeça - Não é qualquer dor de cabeça comum que levanta a suspeita de tumores do SNC, apenas quando ela apresenta algum sinal de alarme. Esses sinais são: surgimento de dor de cabeça em pacientes que nunca sentem esse tipo de dor, mudança do tipo de dor de cabeça, piora da intensidade (quando ela fica mais forte com o passar do tempo), aumento da frequência (quando a dor aparece mais vezes), ou quando a dor é fixa (toda vez ela aparece no mesmo lugar), dor de cabeça associada a vômitos.
Epilepsia ou outras crises convulsivas - principalmente quando o paciente apresenta a crise pela primeira vez, sem ter recebido o diagnóstico de epilepsia antes.
Perda de funções neurológicas - que são chamados de déficits focais - quando há perda de força ou do tato nos membros; de visão ou de audição; alterações da fala ou da capacidade intelectual (compreensão, raciocínio, escrita, cálculo, reconhecimento de pessoas); ou de comportamento (apatia, agitação ou agressividade) em relação ao padrão normal da pessoa. O surgimento de uma ou mais dessas alterações deve ser sempre relatada ao médico.
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Diagnóstico
Na presença de um ou mais sintomas a avaliação médica é fundamental e deverá ser realizada o mais rápido possível, visto que geralmente o diagnóstico precoce aumenta as chances de sucesso no tratamento. As informações dadas pelo paciente e pelos familiares, aliadas aos exames físico e neurológico realizados na consulta médica serão fundamentais para as suspeitas de tumor do SNC.
Os exames de imagem como Tomografia Computadorizada (TC) e Ressonância Magnética (RM) com contraste são os principais na investigação dessas doenças. Existem estudos especiais, mais aprofundados, realizados com a TC e a RM, tais como: a AngioTC e a AngioRM, a espectroscopia, permeabilidade, difusão, perfusão e outros.
Além dos exames de imagem, alguns tumores necessitam de investigação diagnóstica complementar com exames de laboratório, campimetria visual, audiometria e avaliação médica específica por outras especialidades.
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Tratamento
Os tumores do Sistema Nervoso Central têm tratamento complexo e multi-disciplinar, envolvendo fisioterapia, fonoaudiologia e nutrição, dentre outros. O tratamento começa com o neurocirurgião, que avalia a possibilidade e indicação de procedimento neurocirúrgico para remoção do tumor ou de fragmento de tecido para biópsia. O material retirado na cirurgia é examinado pelo médico patologista para chegar ao diagnóstico definitivo. Os próximos passos do tratamento e a evolução da doença vão depender do tipo específico de tumor que consta no laudo histopatológico.
Após a confirmação do diagnóstico o paciente será avaliado pela Oncologia Clínica e pela Radioterapia, clínicas essas que, respectivamente, indicarão a necessidade ou não de tratamento quimioterápico e/ou radioterápico. Todo o seguimento e acompanhamento serão feitos em conjunto pelo neurocirurgião, pelo oncologista clínico e pelo radioterapeuta. Outras especialidades médicas também podem ser necessárias durante o acompanhamento.
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Acompanhamento pós-tratamento
O tempo de acompanhamento dos pacientes com tumores de SNC depende do tipo histológico, ou seja, do tipo de tumor indicado pelo laudo histopatológico.
Pacientes com tumores benignos retirados completamente durante a cirurgia podem ser acompanhados por 5-10 anos e, na ausência de aparecimento de doença nesse período, podem receber alta do tratamento oncológico.
Já em pacientes com tumores malignos, ou com tumores benignos onde não foi possível a cirurgia para retirada completa da lesão, o acompanhamento é prolongado, com reavaliações semestrais ou anuais, de acordo com a avaliação médica.
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