Versão para população
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Estatísticas
Estimativas de novos casos: 32.560, sendo 18.020 homens e 14.540 mulheres (2022 - INCA); e
Número de mortes: 28.868, sendo 15.923 homens e 12.942 mulheres (2021 - Atlas de Mortalidade por Câncer - SIM).
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O que aumenta o risco?
O tabagismo é a principal causa de câncer de pulmão.
A exposição à poluição do ar, infecções pulmonares de repetição, doença pulmonar obstrutiva crônica (enfisema pulmonar e bronquite crônica), fatores genéticos e história familiar de câncer de pulmão favorecem ao desenvolvimento desse tipo de câncer.
Idade avançada: a maior parte dos casos afeta pessoas entre 50 e 70 anos.
O risco de ocorrência do câncer de pulmão e de morte pela doença aumenta quanto maior a intensidade da exposição ao tabagismo. A mortalidade por câncer de pulmão entre fumantes é cerca de 15 vezes maior do que entre pessoas que nunca fumaram, enquanto entre ex-fumantes é cerca de quatro vezes maior.
Outros fatores de risco são: exposição ocupacional a agentes químicos ou físicos (asbesto, sílica, urânio, cromo, agentes alquilantes, radônio entre outros), água potável contendo arsênico, altas doses de suplementos de betacaroteno em fumantes e ex-fumantes.
Os trabalhadores rurais, da construção civil, curtume, fundição de metais, indústrias (alumínio, borracha, cimento e gesso, gráfica e papel, têxtil, metalúrgica, metal pesado, nuclear, eletroeletrônicos, aeronaves, aparelhos médicos, vidro; fertilizantes), mineração, fábrica de baterias, produção de pigmentos, bombeiros hidráulicos, encanadores, eletricistas, mecânicos de automóvel, mineiros, pintores, soldadores, sopradores de vidro, trabalho com isolamento, em navios e docas, conservação do couro, limpeza e manutenção podem apresentar risco aumentado de desenvolvimento da doença.
Se o trabalhador exposto a algum dos agentes ou circunstâncias de exposição citados acima também fumar, o risco de câncer pode ser bem maior, devido ao efeito sinérgico entre tabagismo e alguns agentes químicos e/ou físicos.
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Como prevenir?
As seguintes práticas contribuem para prevenção do câncer de pulmão:
- Não fumar
- Praticar atividade física
- Evitar o tabagismo passivo
- Evitar a exposição a agentes químicos (como arsênico, asbesto, berílio, cromo, radônio, urânio, níquel, cádmio, cloreto de vinila e éter de clorometil), presentes em determinados ambientes de trabalho.
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Sinais e sintomas
Os sintomas geralmente não ocorrem até que o câncer esteja avançado, mas algumas pessoas com câncer de pulmão em estágio inicial apresentam sintomas. Os mais comuns são:
- Tosse persistente
- Escarro com sangue
- Dor no peito
- Rouquidão
- Piora da falta de ar
- Perda de peso e de apetite
- Pneumonia recorrente ou bronquite
- Sentir-se cansado ou fraco
- Nos fumantes, o ritmo habitual da tosse é alterado e aparecem crises em horários incomuns
Se você tiver algum desses sintomas, deve procurar atendimento médico. É importante lembrar que, embora o tabagismo e a exposição passiva ao tabaco sejam os principais fatores de risco, o câncer de pulmão também pode ocorrer em pessoas que nunca fumaram ou não tiveram exposição ao tabaco.
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Detecção precoce
A detecção precoce do câncer é uma estratégia utilizada para encontrar um tumor numa fase inicial e, assim, possibilitar maior chance de tratamento bem-sucedido.
A detecção precoce pode ser feita por meio da investigação com exames clínicos, laboratoriais, endoscópios ou radiológicos, de pessoas com sinais e sintomas sugestivos da doença (diagnóstico precoce), ou de pessoas sem sinais ou sintomas (rastreamento), mas pertencentes a grupos com maior chance de ter a doença.
Não há evidência científica de que o rastreamento do câncer de pulmão na população geral traga mais benefícios do que riscos e, portanto, até o momento, ele não é recomendado. Estudos recentes mostraram a possibilidade de que a realização de uma tomografia de baixa dose de radiação em grandes fumantes (um maço por dia por 30 anos), com mais de 55 anos de idade, possa reduzir a mortalidade por esse câncer. Entretanto, há riscos ligados à investigação que se segue nos casos positivos. Por isso, a decisão de fazer ou não esse exame deve ser discutida entre o paciente e o médico.
Já o diagnóstico precoce do câncer de pulmão é possível em apenas parte dos casos, pois a maioria dos pacientes só apresenta sinais e sintomas em fases mais avançadas da doença. Os sinais e sintomas mais comuns e que devem ser investigados são:
- Tosse e rouquidão persistentes
- Sangramento pelas vias respiratórias
- Dor no peito
- Dificuldade de respirar
- Fraqueza e perda de peso sem causa aparente
Na maior parte das vezes esses sintomas não são causados por câncer, mas é importante que eles sejam investigados por um médico, principalmente se não melhorarem em poucos dias.
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Diagnóstico
Radiografia de tórax e tomografia computadorizada de tórax são os exames inicias para avaliar um nódulo ou massa pulmonar. Uma vez confirmada a suspeita de neoplasia por médico especialista, exames complementares como PET-SCAN e ressonância de crânio são solicitados para avaliar a extensão da doença
Biópsia pulmonar guiada por exame de imagem é, na grande maioria, o procedimento de escolha para realizar a confirmação patológica, principalmente para lesões periféricas. A Broncoscopia flexível é utilizada frequentemente para biópsias de lesões centrais e avaliação da árvore brônquica.
Uma vez realizada a confirmação patológica e estadiamento com exames de imagem, é necessária uma avaliação com especialista para definir a extensão da doença; verifica se a doença está restrita ao pulmão ou disseminada para outros órgãos. Este estadiamento é feito por meio de vários exames, como: tomografia de tórax, tomografia de abdome superior, ressonância nuclear magnética do crânio, PET-CT, cintilografia óssea, mediastinoscopia, ecobroncoscopia, entre outros. Assim, em discussão multidisciplinar, saberemos se o paciente é apto para um tratamento cirúrgico ou se deve ser avaliado com o objetivo de realizar tratamento sistêmico com quimioterapia.
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Tratamento
O tratamento do câncer de pulmão requer a participação de um grupo multidisciplinar, formado por oncologista, cirurgião torácico, pneumologista, radio-oncologista, radiologista intervencionista, médico nuclear, enfermeiro, fisioterapeuta, nutricionista e assistente social.
Para o adequado planejamento do tratamento, é necessário fazer o diagnóstico histológico e o estadiamento para definir se a doença está localizada no pulmão ou se existem focos em outros órgãos. Para os pacientes com doença inicial, e, particularmente, sem linfonodo (gânglio) aumentado no mediastino (região entre os dois pulmões), o tratamento é cirúrgico, seguido ou não de quimioterapia e/ou radioterapia.
Para aqueles com doença localizada no pulmão e em linfonodos, sem evidencia de doença extrapulmonar, o tratamento é conduzido de forma individualizada, precisando normalmente de quimioterapia, imunoterapia, radioterapia e cirurgia.
Em pacientes que apresentam metástases a distância, o tratamento é considerado paliativo e deve ser, preferencialmente, realizado por equipe multidisciplinar. A depender das condições clínicas do paciente, pode ser indicado o tratamento sistêmico (por exemplo, quimioterapia). Em algumas situações específicas, a cirurgia e a radioterapia podem ajudar no controle das metástases e dos sintomas. Além disso, é muito importante a atenção ao controle dos sintomas, como a dor ou a falta de ar.
Tratamento Cirúrgico:
A cirurgia, quando possível, consiste na retirada do tumor com uma margem de segurança, além da remoção dos linfonodos próximos ao pulmão e localizados no mediastino. É o tratamento de escolha por proporcionar melhores resultados e controle da doença. Cerca de 15% dos casos são passiveis de tratamento cirúrgico. Porém, na grande maioria (80-90% dos casos) a cirurgia não é possível na ocasião do diagnóstico.
As cirurgias para tratamento do câncer de pulmão incluem a ressecção pulmonar com a linfadenectomia radical (ressecção dos gânglios linfáticos):
- Segmentectomia e ressecção em cunha: Quando se retira uma parte pequena do pulmão (somente o segmento ou parte do segmento que envolve o tumor), reservada para pacientes com tumores pequenos e que não suportam cirurgias maiores por apresentarem idade ou condições clínicas e/ou respiratórias limitadas. Atualmente, para câncer de pulmão com lesões menores que 2 cm e periféricas, podem ser realizados as segmentectomias.
- Lobectomia: É a cirurgia de escolha para o tratamento do câncer de pulmão. Retira-se todo o lobo pulmonar (grupo de segmentos), onde o tumor está situado. É o mais adequado por remover toda a doença de forma anatômica.
- Pneumectomia: É a retirada de um pulmão inteiro (suas indicações são limitadas e restritas). Procedimento com morbidade maior e não tolerado por alguns pacientes.
Tratamento Sistêmico:
O tratamento sistêmico é realizado pela administração de medicamentos que atingem a corrente sanguínea, geralmente por via endovenosa ou oral. Por isso, todos esses remédios, independente da classe terapêutica, podem ocasionar efeitos tóxicos de vários tipos e gravidade, devendo a indicação ser feita de forma criteriosa. Este tipo de terapia pode ser utilizado em algumas situações, como:
- Antes da cirurgia, para reduzir o tamanho do tumor ou em pacientes com linfonodos comprometidos e para tentar prevenir o aparecimento de metástases;
- Após a cirurgia, a fim de tentar prevenir o aparecimento de metástases;
- Associado à radioterapia, para os tumores localizados no pulmão e que não podem ser tratados com cirurgia;
- Tratamento paliativo, para pacientes que já apresentam metástases ou doença localmente avançada.
O tratamento quimioterápico visa destruir as células cancerígenas, assim como reduzir o crescimento do tumor ou amenizar os sintomas da doença.
A terapia alvo é uma nova forma de tratamento de câncer, frequentemente usada em pacientes cujo tumor tenha determinadas características moleculares (genéticas). Vários estudos estão em andamento para selecionar o grupo de pacientes que melhor se beneficia deste tratamento.
O tratamento com imunoterapia refere-se a uma classe de medicamentos que permite que o sistema imunológico do próprio paciente atue para eliminar as células tumorais. O mesmo pode ser utilizado em conjunto com a quimioterapia ou de forma isolada. Porém, não são todos os pacientes que apresentam benefício com esse tratamento. A incorporação deste tipo de terapia ao Sistema Único de Saúde (SUS) depende da avaliação dos efeitos clínicos que podem ser ocasionadas aos pacientes (favoráveis e desfavoráveis), assim como das consequências econômicas e sociais. Em 17 de maio de 2023, foi submetida para análise da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (CONITEC) a indicação de tratamento de pacientes com câncer de pulmão do tipo não-pequenas células avançado ou metastático com imunoterapia.
Radioterapia
A radioterapia é um tratamento no qual se utilizam radiações ionizantes (raios-x, por exemplo), que são um tipo de energia para destruir as células do tumor ou impedir que elas se multipliquem. Essas radiações não são vistas durante a aplicação e o paciente não sente nada durante a aplicação. Ela pode ser utilizada após a cirurgia, associada ou não a quimioterapia nos tumores localizados e no tratamento de metástases dos tumores de pulmão.
O tratamento consiste em aplicações diárias e o número de sessões necessárias pode variar de acordo com a extensão e a localização do tumor, dos resultados dos exames e do estado de saúde do paciente. Pode apresentar uma série de efeitos colaterais (como pneumonite e esofagite).
Cuidados Paliativos
Quando ocorre o diagnóstico de doença metastática, a instituição dos cuidados paliativos é fundamental para promover a qualidade de vida do paciente e de seus familiares. A equipe de cuidados paliativos pode aliviar o sofrimento, mediante uma melhor avaliação e tratamento de sintomas como dor e falta de ar. Além disso, deve ser dada atenção a aspectos psicológicos, espirituais e sociais.
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Acompanhamento pós-tratamento
O seguimento dos pacientes submetidos a tratamento cirúrgico para câncer de pulmão é o seguinte:
- Em 15 dias: Radiografia de tórax
- Nos primeiros 2 anos de seguimento é realizado exames de imagem a cada 3 meses
- Entre o 2º e 5º ano de seguimento é realizado exame de imagem a cada 6 meses
- Após o 5º ano de seguimento, sem sinais de recidiva, o paciente retorna para o seu médico de referência para o seguimento habitual
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