Versão para profissionais de saúde
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Descrição
Neuroblastoma (NB) é a terceira neoplasia maligna mais comum na infância e adolescência, após a leucemia e tumores do sistema nervoso central (SNC). Corresponde de 8% a 10 % dos casos de neoplasias na criança, com prevalência de um caso a cada sete mil nascidos vivos. É uma neoplasia derivada do sistema nervoso simpático e tem comportamento clínico extremamente heterogêneo. A doença acomete lactentes e crianças, principalmente até 10 anos de idade. Mais de 80% dos casos são menores de cinco anos de idade ao diagnóstico. Nos lactentes, o neuroblastoma é o câncer mais comum, sendo considerada a malignidade mais frequente no primeiro ano de vida.
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Prevenção e Fatores de Risco
A etiologia é desconhecida. Não há fatores ambientais ou exposições maternas que possam ter influência na ocorrência da doença. O NB ocorre mais frequentemente na forma esporádica. Em 1% a 2 % dos casos são familiares e podem se apresentar como doença adrenal bilateral ou doença multifocal. O neuroblastoma pode estar associado a doenças relacionadas com o desenvolvimento de tecidos da crista neural como doença de Hirschprung, Hipoventilacão central e Neurofibromatose tipo 1.
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Sinais e sintomas
O conhecimento das formas de apresentação é importante para a detecção precoce. Os sinais e sintomas podem variar conforme a localização do tumor. O neuroblastoma pode surgir na glândula adrenal e/ou nas regiões cervical, torácica, abdominal e/ou pélvica, seguindo o trajeto de toda a cadeia do sistema nervoso simpático.
Os pacientes com doença loco-regional podem ser relativamente assintomáticos, enquanto aqueles com doença metastática podem se apresentar com febre, emagrecimento, dor e irritabilidade. A disseminação pode ocorrer via linfática ou hematogênica para linfonodos, medula óssea, osso, fígado, pele, órbitas, dura máter e, raramente, para pulmões e sistema nervoso central. Nesse grupo, podem ser observadas equimoses periorbitárias (sinal de Guaxinim) devido a infiltração tumoral dos ossos, além da febre, anemia ou sangramentos devido a infiltração medular pelo tumor. Nos lactentes, há um padrão de metástase especial (MS) que é caracterizada por nódulos subcutâneos e/ ou infiltração hepática difusa com hepatomegalia associada a infiltração de medula óssea menor que 10%.
O local mais frequente do NB é o abdome, correspondendo a 65% dos casos, principalmente na glândula adrenal (em 40% das crianças e em 25% dos lactentes). Distensão abdominal, associado a dor e massa palpável ao exame físico, indica investigação com avaliação do tamanho tumoral, sua localização e o acometimento de outras estruturas representadas como achados de hepatomegalia, linfonodomegalias e outros sinais de metástase da doença. A presença de hepatomegalia maciça ao diagnóstico pode levar a quadro de insuficiência respiratória, principalmente nos lactentes.
NB torácicos apresentam-se como massas mediastinais de região posterior, alguns diagnosticados acidentalmente por meio de um achado radiológico, ou como síndrome de Horner (miose, ptose unilateral e anidrose), ou síndrome de veia cava superior.
Nos casos de tumores paravertebrais, é importante observar e detectar sinais de compressão medular, como paraplegia aguda e subaguda, disfunção intestinal ou urinária, ou dor radicular. Esse quadro é considerado uma emergência médica, sendo necessária internação e tratamento imediatos.
O neuroblastoma tem relação com as seguintes síndromes paraneoplásicas:
- Síndrome opsomioclonus (movimento ocular conjugado, com ou sem atauxia cerebelar)
- Síndrome da diarreia secretória intratável (diarreia causada pela secreção tumoral de substância vaso peptídeo)
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Detecção precoce
O reconhecimento de que os estádios mais limitados e a menor idade (abaixo de um ano) afetavam o prognóstico de forma favorável, constituiu a base dos programas populacionais de rastreamento em neonatos e lactentes, através da dosagem urinária de ácido vanilmandélico (VMA), iniciados no Japão, Europa e América do Norte. Todavia, embora os programas de detecção precoce tenham elevado a incidência da doença, especialmente em lactentes, não houve redução no número de casos de formas avançadas em qualquer idade e nem a diminuição da mortalidade pela doença, evidenciando a ineficácia desse controle da doença, que foi abandonado.
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Diagnóstico
O diagnóstico é baseado no estudo histológico de tecido tumoral por microscopia ótica, com imunoistoquímica, ou presença de células tumorais no material de aspirado de medula óssea/biópsia de medula óssea associado a níveis elevados de metabólitos das catecolaminas VMA (ácido valnil-mandélico) e/ou HVA (ácido homovanílico) na urina.
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Classificação e estadiamento
O estadiamento da doença é realizado por estudos de imagem com:
- RNM do sitio primário ou Tomografia computadorizada (TC)
- Cintilografia por 123I -MIBG (metaiodobenzilguanidina)
Estudos moleculares têm sido incorporados na estratificação de risco dos pacientes, como pesquisa de amplificação do oncogene NMYC, a pesquisa da deleção do gene 11q e Ploidia do DNA.
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Tratamento
O tratamento e prognóstico dos pacientes com neuroblastoma são definidos de acordo com os dados clínicos, histopatológicos e biológicos. Existe uma classificação atualizada de pré-tratamento que define o grupo de risco do paciente utilizando os dados como idade, estádio clínico radiológico, histologia, grau de diferenciação tumoral, além de dados citomoleculares do tumor como o estudo da amplificação do gene NMYC, deleção do 11q e ploidia do DNA.
A definição do tratamento será baseada na classificação do paciente em grupo de risco. Os pacientes identificados como grupo de baixo risco serão encaminhados para tratamento local com cirurgia. Aqueles com grupo de risco intermediário terão indicação de quimioterapia sistêmica associada à cirurgia; e os com grupo de alto risco receberão tratamento intensivo com quimioterapia em altas doses seguido de cirurgia, transplante autólogo de medula óssea, uso de ácido retinoico e imunoterapia.
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Estudos clínicos abertos
Confira os estudos clínicos abertos para inclusão de pacientes no INCA.
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Acompanhamento pós tratamento
O paciente deverá continuar o acompanhamento ambulatorial ao longo dos anos com a realização dos exames clínico e radiológicos nos primeiros anos para detecção de possível recaída da doença. Após os cinco anos no controle, o paciente retorna anualmente para consulta oncológica com ênfase na detecção de sequelas pós- tratamento. Os efeitos tardios após o tratamento do neuroblastoma podem incluir: perda de audição, problemas ortopédicos – principalmente a escoliose, alterações hormonais como hipotireoidismo, retardo no crescimento, infertilidade, problemas neurológicos, psicológicos e emocionais, e menos frequentemente, o desenvolvimento do segundo câncer.
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