Versão para população
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Estatísticas
Estimativa de novos casos: 10.700, sendo 6.390 em homens e 4.310 em mulheres (2022 - INCA); e
Número de mortes (C22): 11.199, sendo 6.481 homens e 4.718 mulheres (Atlas de Mortalidade por Câncer - SIM, 2023).
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O que aumenta o risco?
O tabagismo, a poluição ambiental da fumaça do tabaco, o consumo de bebidas alcoólicas, excesso de gordura corporal e o uso de esteroides anabolizantes influenciam no risco de desenvolvimento do câncer de fígado em geral. Em relação aos tipos específicos, outros fatores de risco são:
Hepatocarcinoma
Cerca de 50% dos pacientes com hepatocarcinoma apresentam cirrose hepática, doença grave associada ao alcoolismo ou à hepatite crônica. O causador predominante da hepatite crônica é a infecção pelos vírus da hepatite B ou C, também relacionados ao desenvolvimento de câncer de fígado.
Em áreas endêmicas, a esquistossomose (doença conhecida por barriga d’água) é considerada fator de risco.
Grãos e cereais quando armazenados em locais inadequados e úmidos podem ser contaminados pelo fungo aspergillus flavus, que produz a aflatoxina, substância cancerígena.
Outros fatores de risco importantes são o excesso de gordura corporal (sobrepeso e obesidade) e as bebidas alcoólicas.
Exercer atividade laboral na assistência e serviços gerais em estabelecimentos de saúde. As exposições mais comuns são a instrumentos perfurocortantes contaminados por vírus da hepatite B e C, no caso destes profissionais. Outros trabalhadores, tais como mecânicos de veículos a motor, agricultores, operários da indústria de plásticos, operadores em indústria química, mecânicos de veículos a motor, podem apresentar maior exposição aos seguintes agentes: radiação ionizante, arsênio, cloreto de vinila, solventes, fumos de solda e bifenil policlorado, todos associados ao desenvolvimento deste tipo de câncer.
Colangiocarcinoma
O colangiocarcinoma está relacionado com inflamações das vias biliares, principalmente com a clonorquíase - infestação pelo verme clonorchis sinensis, bastante frequente nos países asiáticos e africanos -, entre outros fatores, alguns desconhecidos.
Angiossarcoma
O potencial carcinogênico de substâncias químicas como cloreto de vinil, arsenicais inorgânicos e o solução de dióxido de tório (que podem ser encontradas nos agrotóxicos e no amendoim mal estocado) está associado a este tipo de câncer de fígado.
No contexto ocupacional, portanto, de acordo com a Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho (LDRT, 2020), algumas exposições presentes no ambiente de trabalho podem aumentar o risco de desenvolvimento de câncer de fígado e das vias biliares (dutos que transportam a bile).
Entre esses fatores de risco estão o contato com certas substâncias químicas e agentes físicos e biológicos, como a aflatoxina (toxina produzida por fungos), o cloreto de vinila, o 1,2-dicloropropano, o arsênio e seus compostos, alguns agrotóxicos organoclorados, como o DDT, além de solventes industriais como o tricloroetileno e o diclorometano. A exposição a radiações ionizantes, como raios X e radiação gama, e a alguns materiais radioativos também está associada a esse tipo de câncer. Além disso, infecções pelos vírus da hepatite B (HBV), hepatite C (HCV) e pelo HIV, quando relacionadas às condições de trabalho, podem contribuir para o aumento do risco.
Essas exposições são mais comuns em determinados contextos ocupacionais. Por exemplo, trabalhadores da agricultura podem ter contato frequente com agrotóxicos, especialmente durante o preparo e a aplicação desses produtos, muitas vezes sem o uso adequado de equipamentos de proteção. Em ambientes industriais, como fábricas de plástico, borracha, tintas, solventes e produtos químicos, pode ocorrer exposição ao cloreto de vinila, a solventes e a outros compostos tóxicos. Trabalhadores da área da saúde, de laboratórios, de serviços de radiologia e de usinas nucleares podem estar expostos a radiações ionizantes, enquanto profissionais da saúde, da limpeza hospitalar e da coleta de resíduos podem ter maior risco de contato com agentes biológicos, como os vírus das hepatites e o HIV, especialmente em situações de acidentes com material perfurocortante.
Assim, o tipo de trabalho exercido, as condições em que ele é realizado e a falta de medidas adequadas de proteção podem influenciar diretamente o risco de adoecimento, reforçando a importância da prevenção, da vigilância em saúde do trabalhador e do uso correto de equipamentos de proteção individual.
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Como prevenir?
- Manter o peso corporal adequado;
- Evitar o consumo de bebidas alcoólicas;
- Não consumir grãos e cereais armazenados em locais inadequados e úmidos.
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Não fumar. E caso seja fumante, parar o quanto antes. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento para quem deseja parar de fumar.
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Uso correto e contínuo de equipamentos de proteção individual, como luvas, máscaras, aventais e óculos de proteção, especialmente em atividades com produtos químicos, agrotóxicos e radiações. No caso de exposições biológicas, como aos vírus das hepatites e ao HIV, medidas como vacinação contra a hepatite B, uso de materiais descartáveis, práticas seguras no manuseio de instrumentos perfurocortantes e protocolos de biossegurança são essenciais.
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Sinais e sintomas
Os sintomas mais comuns são: dor abdominal, massa abdominal, distensão abdominal, perda de peso inexplicada, perda de apetite, mal-estar, icterícia (tonalidade amarelada na pele e nos olhos) e ascite (acúmulo de líquido no abdômen).
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Detecção precoce
A detecção precoce do câncer é uma estratégia para encontrar o tumor numa fase inicial e favorecer o tratamento.
A detecção pode ser feita por meio da investigação com exames clínicos, laboratoriais ou radiológicos, de pessoas com sinais e sintomas sugestivos da doença (diagnóstico precoce), ou com o uso de exames periódicos em pessoas sem sinais ou sintomas (rastreamento), mas pertencentes a grupos com maior risco de ter a doença.
Não há evidência científica de que o rastreamento do câncer de fígado traga mais benefícios do que riscos e, portanto, até o momento, ele não é recomendado.
Já o diagnóstico precoce desse câncer possibilita melhores resultados em seu tratamento e deve ser buscado com a investigação de:
- Massa (tumor) na parte superior do abdômen
- Cansaço, perda de apetite e de peso
- Icterícia (pele e mucosas amarelas)
- Dor no abdômen superior
Na maioria das vezes, esses sintomas não são causados por câncer, mas é importante que sejam logo investigados.
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Diagnóstico
Devido a ausência de sintomas iniciais do hepatocarcinoma, geralmente o tumor se encontra já avançado quando é feito o diagnóstico. O tempo de duplicação do volume do tumor é de, em média, quatro meses. Alguns exames vão ajudar o médico a confirmar o diagnóstico:
Tomografia computadorizada: Exame que utiliza Raios X e tecnologia do computador para produzir imagens como se fosse um “corte” do corpo e serve para descobrir e localizar os tumores.
Ressonância Nuclear Magnética (RNM): Apresenta diferença em relação à tomografia computadorizada no que se refere à capacidade de identificar os tumores hepáticos primários ou metastáticos, especialmente ao utilizar um contraste especifico para o fígado e não utilizar Raios X. Esse exame pode definir um pouco melhor a extensão e detecção do tumor nos pacientes inclusive com cirrose hepática.
Laparoscopia (investigação direta do interior do abdômen através de cirurgia minimamente invasiva com uso de câmera): Permite visualização direta do órgão e a biópsia (remoção de uma pequena quantidade de tecido para análise laboratorial que vai determinar se o tumor é maligno ou não e da onde ele é originário). É mais eficaz quando associado à ultrassonografia videolaparoscópica.
Biópsias per Cutâneas por Radiologia Intervencionista: Também usadas para ter o diagnóstico histológico por biópsia, mas sem a necessidade de operar o paciente, usando a Tomografia Computadorizada ou a Ultrassonografia como guias.
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Tratamento
A remoção cirúrgica (ressecção) do câncer é o tratamento mais indicado quando o tumor está restrito a uma parte do fígado (tumor primário) e também nos tumores hepáticos metastáticos em que a lesão primária foi ressecada ou é passível de ser ressecada de maneira curativa e as metástases restritas ao fígado ou locais também passiveis de ressecção completa.
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Acompanhamento pós-tratamento
O acompanhamento se dá por avaliação médica ambulatorial frequente, associada a exames de sangue e de imagem para avaliação e detecção precoce de um eventual retorno do tumor.
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