Síntese de Resultados e Comentários
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Introdução
Apresenta-se uma síntese das estimativas de incidência para cada ano do triênio de 2023 a 2025 no Brasil, assim como breves comentários sobre cada tipo de câncer incluído nesta estimativa.
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Câncer de mama
O número estimado de casos novos de câncer de mama no Brasil, para o triênio de 2023 a 2025, é de 73.610 casos, correspondendo a um risco estimado de 66,54 casos novos a cada 100 mil mulheres (Tabela 1).
Sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer de mama feminina é o mais incidente no país e em todas as Regiões brasileiras. O maior risco estimado é observado na Região Sudeste, de 84,46 por 100 mil mulheres. O risco é de 71,44 casos por 100 mil na Região Sul; de 57,28 casos por 100 mil na Região Centro-oeste; de 52,20 casos por 100 mil na Região Nordeste; e de 24,99 casos novos por 100 mil mulheres na Região Norte (Tabelas 4, 19, 38, 46 e 55).
Comentários
O câncer de mama é uma doença heterogênea com grande variação em suas características morfológicas e moleculares e em sua resposta clínica. A maioria dos casos, quando tratada adequadamente e em tempo oportuno, apresenta bom prognóstico (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA, 2021b; WILD; WEIDERPASS; STEWART, 2020).
No mundo, o câncer de mama é a principal causa global de incidência, com 11,7% do total de casos. Em 2020, ocorreram cerca de 2,3 milhões de casos novos, equivalente a 24,5% de todos os cânceres em mulheres, excluído pele não melanoma. Esse valor corresponde ao risco estimado de 47,80 casos a cada 100 mil mulheres. As maiores taxas de incidência estimadas foram na América do Norte, na Oceania e nos países do Oeste da Europa (FERLAY et al., 2021; SUNG et al., 2021). As taxas de incidência de câncer de mama estão aumentando rapidamente em países de baixo e médio desenvolvimentos, como os da América do Sul, da África e da Ásia. Esse aumento de casos está associado ao envelhecimento populacional, às mudanças no comportamento e no estilo de vida e ao sobrediagnóstico associado à difusão do rastreamento mamográfico, recomendado no Brasil de 50 a 69 anos (MIGOWSKI et al., 2018; SUNG et al., 2021).
Em termos de mortalidade no Brasil, ocorreram, em 2020, 17.825 óbitos por câncer de mama feminina, o equivalente a um risco de 16,47 mortes por 100 mil mulheres (BRASIL, 2022; INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA, 2020a).
O fator de risco mais importante é a idade acima de 50 anos (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA, 2020b). Outros fatores de risco estão associados a condições hormonais ou reprodutivas, como nuliparidade, gravidez tardia, menos amamentação; de comportamento, como obesidade, ingestão de bebidas alcoólicas, inatividade física; ocupacionais, como trabalho noturno e as radiações, por exemplo raios X e gama; além de condições genéticas e hereditárias (de 5 a 10% dos casos) (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA, 2021a, 2021b; SUNG et al., 2021; WILD; WEIDERPASS; STEWART, 2020).
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Câncer de próstata
O número estimado de casos novos de câncer de próstata no Brasil, para o triênio de 2023 a 2025, é de 71.730, correspondendo a um risco estimado de 67,86 casos novos a cada 100 mil homens (Tabela 1).
Sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer de próstata ocupa a segunda posição entre os tipos mais frequentes de câncer. Entre os homens, é o câncer mais incidente no país e em todas as Regiões, com risco estimado de 77,89 casos a cada 100 mil homens na Região Sudeste; 73,28 casos a cada 100 mil na Região Nordeste; 61,60 casos a cada 100 mil na Região Centro-oeste; 57,23 casos a cada 100 mil na Região Sul; e 28,40 casos a cada 100 mil na Região Norte (Tabelas 4, 19, 38, 46 e 55).
Comentários
O câncer de próstata é composto de diferentes subtipos histológicos, que variam segundo idade ao diagnóstico, etnia, nível de PSA e estadiamento. Mais do que qualquer outro tipo, é considerado um câncer da terceira idade, já que cerca de 75% dos casos novos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA, 2021b; WILD; WEIDERPASS; STEWART, 2020).
Mundialmente, o câncer de próstata é o quarto mais frequente entre o total de casos de câncer (7,3%). Em 2020, estimou-se 1,4 milhão de casos novos, equivalendo a 15,2% de todos os tipos de câncer entre homens. Esse valor correspondeu ao risco estimado de 31,50 casos a cada 100 mil homens. As maiores taxas de incidência de câncer de próstata foram observadas no Norte da Europa, na Europa Ocidental, no Caribe e na Oceania (FERLAY et al., 2020; SUNG et al., 2021).
Em termos de mortalidade no Brasil, ocorreram, em 2020, 15.841 óbitos por câncer de próstata, equivalentes ao risco de 15,30 mortes a cada 100 mil homens (BRASIL, 2022; INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA, 2020a).
O principal fator de risco para o câncer de próstata é a idade. O risco aumenta significativamente a partir dos 50 anos (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER, 2022e). O envelhecimento populacional e o sobrediagnóstico, por conta da disseminação do rastreamento, são os maiores responsáveis pelo aumento da incidência do câncer de próstata no mundo nas últimas décadas. Enquanto, em grande parte dos países, ainda se observa a influência do rastreamento com PSA no aumento da incidência, nos EUA, observa-se um declínio nessa tendência, a partir dos anos 2000, em função da redução do rastreamento (AMERICAN CANCER SOCIETY, 2019). A hereditariedade é um fator de risco mais importante do que em outros tipos de câncer (como mutações no gene BRCA2 e síndrome de Lynch) (AMERICAN CANCER SOCIETY, 2019; WILD; WEIDERPASS; STEWART, 2020). Na América do Norte e no Caribe, há maior incidência em afrodescendentes, associação essa ainda não tão bem estabelecida em outros países (WILD; WEIDERPASS; STEWART, 2020). O excesso de gordura corporal pode potencializar o risco de câncer de próstata avançado (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA, 2020b). Trabalho noturno e exposição a metais, radiações e agentes cancerígenos utilizados durante a produção da borracha estão associados ao risco ocupacional para câncer de próstata (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA, 2021a).
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Câncer de cólon e reto
O número estimado de casos novos de câncer de cólon e reto (ou câncer de intestino) para o Brasil, para cada ano do triênio de 2023 a 2025, é de 45.630 casos, correspondendo a um risco estimado de 21,10 casos por 100 mil habitantes, sendo 21.970 casos entre os homens e 23.660 casos entre as mulheres. Esses valores correspondem a um risco estimado de 20,78 casos novos a cada 100 mil homens e de 21,41 a cada 100 mil mulheres (Tabela 1).
Sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer de cólon e reto ocupam a terceira posição entre os tipos de câncer mais frequentes no Brasil. As maiores taxas de incidência são observadas na Região Sudeste para homens e mulheres. Nela, é o segundo mais incidente entre os homens (28,62 casos por 100 mil), assim como no Centro-oeste (17,25 por 100 mil). Na Região Sul (26,89 por 100 mil), é o terceiro tumor mais frequente. Nas Regiões Nordeste (10,99 por 100 mil) e Norte (7,05 por 100 mil), ocupam a quarta posição. Entre as mulheres, é o segundo mais frequente nas Regiões Sudeste (28,88 por 100 mil), Sul (26,04 por 100 mil) e Centro-oeste (16,92 por 100 mil). Na Região Norte (7,78 por 100 mil), é o terceiro câncer mais incidente; e, na Região Nordeste (13,08 por 100 mil), o quarto (Tabelas 4, 19, 38, 46 e 55).
Comentários
O câncer de cólon e reto abrange os tumores que se iniciam na parte do intestino grosso chamada cólon, no reto, que corresponde ao final do intestino imediatamente antes do ânus, e no ânus. É uma doença heterogênea, que se desenvolve predominantemente a partir de mutações genéticas em lesões benignas, como pólipos adenomatosos e serrilhados (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA, 2021b; SULLIVAN; NOUJAIM; ROPER, 2022).
A estimativa mundial, para o ano de 2020, apontava mais de 1,9 milhão de casos novos de câncer de cólon e reto (10,0%), correspondendo ao terceiro tumor mais incidente entre todos os cânceres. Entre os homens, ocorreram cerca de 1,1 milhão de casos novos, com um risco estimado de 23,40 casos a cada 100 mil homens. Entre as mulheres, 865 mil casos novos, sendo o segundo tumor mais frequente, com taxa de incidência de 16,20 casos a cada 100 mil mulheres (FERLAY et al., 2020). As maiores taxas de incidência de câncer de cólon e reto em homens foram observadas no Centro, no Norte e no Sul da Europa. Entre as mulheres, as maiores incidências foram verificadas na Oceania e no Norte da Europa (FERLAY et al., 2020).
Em termos de mortalidade no Brasil, em 2020, ocorreram 20.245 óbitos por câncer de cólon e reto (9,56 por 100 mil). Entre os homens, houve 9.889 óbitos, correspondendo a 9,55 mortes por 100 mil homens. Entre as mulheres, foram 10.356 mortes, correspondendo a 9,57 óbitos por 100 mil mulheres (BRASIL, 2022; INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA, 2020a).
Os principais fatores de risco estão associados ao comportamento, como sedentarismo, obesidade, consumo regular de álcool e tabaco e baixo consumo de fibras, frutas, vegetais e carnes magras. Outros fatores de risco estão associados a condições genéticas ou hereditárias, como doença inflamatória intestinal crônica e histórico pessoal ou familiar de adenoma ou câncer colorretal, e ocupacionais, como exposição a radiações, por exemplo, raios X e gama (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA, 2021a; WILD; WEIDERPASS; STEWART, 2020; WORLD CANCER RESEARCH FUND; AMERICAN INSTITUTE FOR CANCER RESEARCH, 2018). Os cânceres de cólon e reto apresentam alto potencial para prevenção primária, com a promoção à saúde por meio de estímulo a hábitos de vida e dietéticos saudáveis, e secundária, a partir da detecção precoce. Em razão de sua história natural, são passíveis de ações de rastreamento e de diagnóstico precoce.
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Câncer de traqueia, brônquios e pulmão
O número estimado de casos novos de câncer de traqueia, brônquios e pulmão para o Brasil, para cada ano do triênio de 2023 a 2025, é de 32.560 casos, correspondendo ao risco estimado de 15,06 casos por 100 mil habitantes, sendo 18.020 casos entre os homens e 14.540 casos entre as mulheres. Esses valores correspondem a um risco estimado de 17,06 casos novos a cada 100 mil homens e de 13,15 a cada 100 mil mulheres (Tabela 1).
Sem considerar os tumores de pele não melanoma, os cânceres de traqueia, brônquio e pulmão ocupam a quarta posição entre os tipos de câncer mais frequentes. Na Região Sul, são observadas as taxas de incidência mais elevadas para homens e mulheres. Em homens, é a segunda neoplasia mais frequente nas Regiões Sul (31,54 por 100 mil) e Nordeste (12,29 por 100 mil). Nas Regiões Sudeste (17,25 por 100 mil), Centro-oeste (15,27 por 100 mil) e Norte (9,08 por 100 mil), ocupa a terceira posição. Entre as mulheres, é o terceiro câncer mais frequente na Região Sul (20,98 por 100 mil). Já nas Regiões Sudeste (13,57 por 100 mil), Centro-oeste (13,29 por 100 mil) e Norte (6,72 por 100 mil), ocupa a quarta posição. Na Região Nordeste (10,44 por 100 mil), é o quinto mais frequente (Tabelas 4, 19, 38, 46 e 55).
Comentários
Existem quatro tipos histológicos principais de câncer de pulmão, cada qual com diferentes características morfológicas, moleculares e etiológicas (WILD; WEIDERPASS; STEWART, 2020). É um tumor com diagnóstico geralmente tardio, pois os sintomas iniciais são inespecíficos (MIRANDA-FILHO et al., 2021). Observa-se, no mundo, um declínio na tendência das taxas de incidência de câncer de pulmão em homens nas últimas quatro décadas, ao contrário do que vem acontecendo com as taxas de incidência em mulheres. Essa diferença é reflexo dos padrões de iniciação e cessação do tabagismo (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA, 2021b; LORTET-TIEULENT et al., 2015; WILD; WEIDERPASS; STEWART, 2020).
Mundialmente, o câncer de pulmão é o segundo mais incidente, com 2,2 milhões de casos novos, o que corresponde a 11,4% de todos os tipos de câncer. Entre homens, ocupa a primeira posição e, entre as mulheres, a terceira. Em 2020, foram estimados 1,4 milhão de casos novos em homens e 771 mil casos novos em mulheres, correspondendo a um risco estimado de 31,50 casos a cada 100 mil homens e 14,60 a cada 100 mil mulheres. As maiores taxas de incidência de câncer de pulmão em homens foram observadas na Polinésia, na Micronésia e na Europa; entre as mulheres, as maiores taxas de incidência foram observadas na América do Norte e na Europa (FERLAY et al., 2020; SUNG et al., 2021).
Em termos de mortalidade no Brasil, em 2020, ocorreram 16.009 óbitos por câncer de pulmão em homens e 12.609 em mulheres, esses valores corresponderam a um risco estimado de 15,46 mortes para cada 100 mil homens e de 11,65 para cada 100 mil mulheres (BRASIL, 2022; INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA, 2020a).
Os principais fatores de risco são o tabagismo e a exposição passiva ao tabaco, responsável por cerca de 85% dos casos diagnosticados (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA, 2021b). Outros fatores de risco importantes são aqueles associados às exposições ocupacional e ambiental. Cerca de 29 agentes foram reconhecidos como cancerígenos, como os presentes na produção de alumínio, no processo de gaseificação de carvão e do coque, na mineração de hematita (subterrânea), nas fundições de ferro e aço, na exposição a metais (arsênico, cádmio, cromo hexavalente, arsênio, berílio, níquel) e nas poeiras (amianto, sílica, poeira de couro e de madeira). Além disso, há ainda, como fatores de risco, a combustão de motores a diesel, a poluição do ar e as radiações. Muitos desses agentes têm um efeito sinérgico com o tabagismo (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA, 2021a).
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Câncer de estômago
O número estimado de casos novos de câncer de estômago para o Brasil, para cada ano do triênio de 2023 a 2025, é de 21.480 casos, correspondendo ao risco estimado de 9,94 casos por 100 mil habitantes, sendo 13.340 casos em homens e 8.140 casos em mulheres. Esses valores correspondem a um risco estimado de 12,63 casos novos a cada 100 mil homens e 7,36 a cada 100 mil mulheres (Tabela 1).
Sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer de estômago ocupa a quinta posição entre os tipos de câncer mais frequentes. As taxas de incidência mais elevadas são observadas na Região Sul, para ambos os sexos. Em homens, é o segundo mais frequente na Região Norte (12,55 por 100 mil). Na Região Nordeste (12,17 por 100 mil), ocupa o terceiro lugar. Nas Regiões Sul (15,02 por 100 mil) e Centro-oeste (10,20 por 100 mil), é o quarto mais frequente. Na Região Sudeste, é o quinto mais frequente (12,58 por 100 mil). Para as mulheres, é o quinto mais frequente nas Regiões Sul (8,41 por 100 mil) e Norte (6,53 por 100 mil). Nas Regiões Nordeste (7,46 por 100 mil) e Centro-oeste (6,68 por 100 mil), ocupa a sexta posição. Na Região Sudeste (7,25 por 100 mil), ocupa a oitava posição (Tabelas 4, 19, 38, 46 e 55).
Comentários
O câncer de estômago, também chamado de câncer gástrico, é classificado segundo o estadiamento (localizado ou avançado), a localização anatômica (proximal ou distal) e os subtipos histológicos. A principal causa de câncer de estômago é a infecção pela bactéria Helicobacter pylori, particularmente prevalente na África, na América Latina e na Ásia (WILD; WEIDERPASS; STEWART, 2020).
No mundo, para 2020, foi estimado 1 milhão de casos novos de câncer de estômago (5,6%), correspondendo ao quinto mais incidente. Em homens, foram estimados 720 mil casos novos, sendo o quarto mais frequente, com risco estimado de 15,80 casos a cada 100 mil homens. As maiores taxas de incidência foram observadas na Ásia Oriental, na Europa Central, na Europa Oriental e na América do Sul. Para as mulheres, foram 370 mil casos novos, ocupando a sétima posição, com risco estimado de 7,00 casos a cada 100 mil mulheres, sendo as taxas mais elevadas na Ásia Oriental, na Europa Central e na Polinésia. As taxas de incidência em homens foram o dobro das observadas entre as mulheres (FERLAY et al., 2020; SUNG et al., 2021).
Em termos de mortalidade no Brasil, em 2020, ocorreram 13.850 óbitos por câncer de estômago, correspondendo a 6,54 mortes a cada 100 mil brasileiros. Entre os homens, foram 8.772 óbitos, equivalendo a 8,47 mortes a cada 100 mil homens. Já entre as mulheres, aconteceram 5.078 óbitos, o equivalente a 4,69 mortes a cada 100 mil mulheres (BRASIL, 2022; INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA, 2020a).
A bactéria Helicobacter pylori é causa necessária, mas não suficiente. Os fatores de risco estão associados a características genéticas e hereditárias do hospedeiro, como anemia perniciosa e lesões pré-cancerosas, características das cepas de Helicobacter pylori, condições associadas ao comportamento, como excesso de peso e obesidade, consumo de alimentos preservados no sal, alimentação com baixa ingestão de frutas, vegetais e fibra integral, consumo de álcool e tabaco (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER, 2022a; SUNG et al., 2021), e ocupacionais, como trabalho na produção da borracha e exposição a radiações, por exemplo raios X e gama (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA, 2021a).
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Câncer do colo do útero
O número estimado de casos novos do câncer do colo do útero para o Brasil, para cada ano do triênio de 2023 a 2025, é de 17.010, correspondendo ao um risco estimado de 15,38 casos a cada 100 mil mulheres (Tabela 1).
Sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer do colo do útero ocupa a sexta posição entre os tipos mais frequente de câncer. Nas mulheres, é o terceiro câncer mais incidente. Quanto à distribuição geográfica, é o segundo mais incidente nas Regiões Norte (20,48 por 100 mil) e Nordeste (17,59 por 100 mil). Na Região Centro-oeste (16,66 por 100 mil), ocupa a terceira posição; na Região Sul (14,55 por 100 mil), a quarta; e, na Região Sudeste (12,93 por 100 mil), a quinta posição (Tabelas 4, 19, 38, 46 e 55).
Comentários
O câncer do colo do útero, também chamado de câncer cervical, é causado pela infecção persistente por alguns tipos do papilomavírus humano (HPV), chamados de tipos oncogênicos (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA, 2021b). A infecção por HPV é causa necessária para o desenvolvimento do câncer do colo do útero. As infecções que persistem estão relacionadas a 12 tipos considerados oncogênicos, especialmente os HPV 16 e 18, e têm maior risco de progressão para lesões precursoras que, se não identificadas, confirmadas e tratadas, podem evoluir para o câncer ao longo de vários anos (WILD; WEIDERPASS; STEWART, 2020).
A estimativa mundial aponta que o câncer do colo do útero foi o quarto mais frequente em mulheres em todo o mundo, com uma estimativa de 604 mil casos novos, representando 6,5% de todos os tipos de câncer em mulheres. Esse valor corresponde a um risco estimado de 13,30 casos por 100 mil mulheres, e as taxas de incidência mais elevadas foram estimadas para os países do continente africano (FERLAY et al., 2021; SUNG et al., 2021).
Em termos de mortalidade no Brasil, em 2020, ocorreram 6.627 óbitos, e a taxa de mortalidade bruta por câncer do colo do útero foi de 6,12 mortes a cada 100 mil mulheres (BRASIL, 2022; INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA, 2020a).
Cofatores conhecidos associados à progressão da doença incluem a infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) e outras condições imunossupressoras, como tabagismo, multiparidade e uso prolongado de contraceptivos orais (WILD; WEIDERPASS; STEWART, 2020).
Atualmente, o câncer do colo do útero é considerado passível de erradicação, por meio da vacinação contra os tipos de HPV oncogênicos mais prevalentes e do rastreamento e tratamento das lesões precursoras. A estratégia global proposta pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para acelerar a eliminação da doença como problema de saúde pública inclui as seguintes metas, que devem ser alcançadas até 2030: 90% das meninas totalmente vacinadas contra HPV aos 15 anos; 70% das mulheres submetidas a um teste de rastreamento de alta performance aos 35 e aos 45 anos; e 90% das mulheres identificadas com lesões precursoras e câncer recebendo tratamento (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2020).
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Câncer de tireoide
O número estimado de casos novos de câncer de tireoide para o Brasil, para cada ano do triênio de 2023 a 2025, é de 16.660 casos, o que corresponde a um risco estimado de 7,68 por 100 mil habitantes, sendo 2.500 em homens e 14.160 em mulheres. Esses valores correspondem a um risco estimado de 2,33 casos novos a cada 100 mil homens e 12,79 a cada 100 mil mulheres (Tabela 1).
Sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer de tireoide ocupa a sétima posição entre os tipos de câncer mais frequentes. Em homens, ocupa a 14ª posição mais frequente nas Regiões Nordeste (2,68 por 100 mil) e Norte (0,96 por 100 mil). Nas Regiões Centro-oeste (2,68 por 100 mil), Sudeste (2,55 por 100 mil) e Sul (1,93 por 100 mil), ocupa a 15ª posição. Entre as mulheres, é o terceiro tipo de câncer mais frequente nas Regiões Sudeste (16,53 por 100 mil) e Nordeste (13,54 por 100 mil). Na Região Centro-oeste (11,91 por 100 mil), ocupa a quinta posição. Na Região Norte, é o nono mais frequente (3,28 por 100 mil); e, na Região Sul (6,63 por 100 mil), o 13º mais frequente (Tabelas 4, 19, 38, 46 e 55).
Comentários
O câncer de tireoide possui diversos tipos histológicos, que diferem em termos de origem celular, incidência e letalidade (WILD; WEIDERPASS; STEWART, 2020).
Mundialmente, ocorreram cerca de 590 mil casos novos de câncer de tireoide em 2020, o equivalente a 3% de todos os casos de câncer estimados, ocupando a nona posição entre todos os tipos de câncer. Os casos de câncer de tireoide são mais frequentes entre as mulheres e em países com IDH alto. Entre os homens, foram estimados 140 mil casos novos (3,10 por 100 mil) e, entre as mulheres, 450 mil novos casos, equivalendo a 10,10 casos a cada 100 mil mulheres. As maiores taxas de incidência foram observadas na América do Norte e no Leste Asiático, principalmente na Coreia do Sul (FERLAY et al., 2020; SUNG et al., 2021).
Em termos de mortalidade no Brasil, ocorreram, em 2020, 837 óbitos por câncer de tireoide (0,4 por 100 mil). Nos homens, foram 288 óbitos (0,28 por 100 mil), e, em mulheres, 549 (0,51 por 100 mil) (BRASIL, 2022; INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA, 2020a).
A incidência do câncer de tireoide tem aumentado em muitos países desde a década de 1980, em função do sobrediagnóstico, particularmente após a introdução e a disseminação da ultrassonografia (VACCARELLA et al., 2016). O Brasil está no grupo de países com maior incidência no mundo. O sobrediagnóstico contribui também para altas taxas de sobrevida. História de irradiação do pescoço, radioterapia em baixas doses (principalmente na infância), dietas pobres em iodo e algumas condições genéticas e hereditárias são os principais fatores de risco para o desenvolvimento da doença (WILD; WEIDERPASS; STEWART, 2020).
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Câncer da cavidade oral
O número estimado de casos novos de câncer da cavidade oral para o Brasil, para cada ano do triênio de 2023 a 2025, é de 15.100 casos, correspondendo ao risco estimado de 6,99 por 100 mil habitantes, sendo 10.900 em homens e 4.200 em mulheres. Esses valores correspondem a um risco estimado de 10,30 casos novos a cada 100 mil homens e 3,83 a cada 100 mil mulheres (Tabela 1).
Sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer da cavidade oral ocupa a oitava posição entre os tipos de câncer mais frequentes. Em homens, é o quarto mais frequente na Região Sudeste (13,16 por 100 mil) e o quinto nas Regiões Nordeste (8,35 por 100 mil), Centro-oeste (8,14 por 100 mil) e Norte (4,53 por 100 mil). Na Região Sul (10,52 por 100 mil), ocupa a sexta posição. Entre as mulheres, é o 13º nas Regiões Sudeste (4,37 por 100 mil), Nordeste (3,87 por 100 mil) e Norte (1,96 por 100 mil). Já na Região Centro-oeste (3,21 por 100 mil), ocupa a 15ª posição. Na Região Sul (3,60 por 100 mil), está na 16ª posição (Tabelas 4, 19, 38, 46 e 55).
Comentários
Atualmente, não há um consenso sobre as estruturas anatômicas que compõem a definição de câncer da cavidade oral. Nesta estimativa, foram considerados como cânceres da cavidade oral os tumores de lábio, cavidade oral, glândulas salivares e orofaringe (C00-C10), segundo a CID-10, compondo um grupo heterogêneo de tumores com etiologias diferentes.
Mundialmente, em 2020, foram estimados cerca de 530 mil casos novos (2,0%) de câncer da cavidade oral (C00-C10). Em homens, ocorreram 373 mil casos novos, correspondendo a 8,46 casos por 100 mil. Entre as mulheres, foram estimados 157 mil casos novos, equivalendo a um risco estimado de 3,20 por 100 mil mulheres. As taxas de incidência mais altas entre os homens são observadas na Melanésia, no Sudeste Asiático e na Europa Ocidental; entre as mulheres, na Melanésia e no Sudeste Asiático (FERLAY et al., 2020).
No Brasil, em 2020, ocorreram 6.192 óbitos por câncer da cavidade oral (C00 -C10), correspondendo a um risco de morte de 2,92 por 100 mil habitantes. Entre os homens, foram 4.767 óbitos (4,60 por 100 mil) e, em mulheres, 1.425 (1,32 por 100 mil) (BRASIL, 2022; INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA, 2020a).
Em razão da heterogeneidade desses tumores, os fatores de risco diferem segundo sua localização. Os principais fatores de risco para o câncer bucal e parte dos tumores de orofaringe são o tabagismo e o consumo excessivo de álcool, sendo que o risco é potencializado nos indivíduos que utilizam tabaco e também bebem (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER, 2022e). A obesidade e o baixo consumo de frutas e legumes estão associados ao risco aumentado de câncer de boca e faringe (WORLD CANCER RESEARCH FUND; AMERICAN INSTITUTE FOR CANCER RESEARCH, 2018). A exposição solar prolongada sem proteção é o principal fator de risco para o câncer de lábios. Uma fração dos tumores de orofaringe é relacionada à infecção pelo HPV (WILD; WEIDERPASS; STEWART, 2020), com influência também no prognóstico. A estratégia de detecção precoce para o câncer de boca recomendada no Brasil é o diagnóstico precoce das lesões suspeitas (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER, 2022e).
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Linfoma não Hodgkin
O número estimado de casos novos de linfoma não Hodgkin (LNH) para o Brasil, para cada ano do triênio de 2023 a 2025, é de 12.040 casos, o que corresponde a um risco estimado de 5,57 por 100 mil habitantes, sendo 6.420 casos em homens e 5.620 casos em mulheres. Esses valores correspondem a um risco estimado de 6,08 casos novos a cada 100 mil homens e 5,08 a cada 100 mil mulheres (Tabela 1).
Sem considerar os tumores de pele não melanoma, o LNH ocupa a nona posição entre os tipos de câncer mais frequentes. Em homens, é o oitavo mais frequente na Região Sul (9,94 por 100 mil). Nas Regiões Sudeste (6,68 por 100 mil) e Centro-oeste (5,75 por 100 mil), ocupa a nona e a décima posições, respectivamente. Na Região Nordeste (4,50 por 100 mil), é o 11º mais frequente; na Região Norte (2,19 por 100 mil), ocupa a 13ª posição. Para as mulheres, é o oitavo mais frequente na Região Sul (7,17 por 100 mil); o nono na Região Sudeste (5,96 por 100 mil); o 11º na Região Centro-oeste (4,16 por 100 mil); o 12º na Região Nordeste (3,99 por 100 mil); e o 14º na Região Norte (1,59 por 100 mil) (Tabelas 4, 19, 38, 46 e 55).
Comentários
O LNH é um tipo de câncer que se origina no sistema linfático e compreende mais de 50 neoplasias diferentes com origem nas células brancas do sangue, chamadas linfócitos. Pode se manifestar nos nódulos linfáticos, órgãos linfáticos ou tecido linfático extranodal (WILD; WEIDERPASS; STEWART, 2020). Ocorre em crianças, adolescentes e adultos. De modo geral, o LNH torna-se mais comum à medida que as pessoas envelhecem (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER, 2022j).
Mundialmente, em 2020, foram estimados 544 mil casos novos de LNH, correspondendo a 2,8% de todos os tipos de câncer. Entre os homens, foram estimados 304 mil casos, correspondendo ao risco estimado de 6,90 casos a cada 100 mil homens. Entre as mulheres, ocorreram 240 mil casos, ou 4,80 casos a cada 100 mil mulheres. Em ambos os sexos, as maiores taxas de incidência foram observadas na Austrália, na Nova Zelândia, na América do Norte e no Norte da Europa (FERLAY et al., 2020).
Em termos de mortalidade no Brasil, ocorreram, em 2020, 4.357 óbitos por LNH (2,06 por 100 mil). Nos homens, ocorreram 2.422 óbitos (2,34 por 100 mil) e, nas mulheres, 1.933 (1,79 por 100 mil) (BRASIL, 2022; INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA, 2020a).
Entre os principais fatores de risco, estão sistema imune comprometido em consequência de doenças genéticas hereditárias, transplante de órgãos, doenças autoimunes ou infecção pelo HIV, uso de drogas imunossupressoras, presença do vírus Epstein-Barr (EBV), do vírus linfotrópico de células-T humanas do tipo 1 (HTLV-1), ou da bactéria Helicobacter pylori. Ter parentes de primeiro grau com linfoma aumenta o risco de desenvolver a doença. Os riscos ocupacional e ambiental estão associados à exposição a substâncias químicas (pesticidas, benzeno), radiação ionizante e radiação ultravioleta (AMERICAN CANCER SOCIETY, c2022b; WILD; WEIDERPASS; STEWART, 2020).
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Leucemia
O número estimado de casos novos de leucemia para o Brasil, para cada ano do triênio de 2023 a 2025, é de 11.540 casos, o que corresponde a um risco estimado de 5,33 por 100 mil habitantes, sendo 6.250 em homens e 5.290 em mulheres. Esses valores correspondem a um risco estimado de 5,90 casos novos a cada 100 mil homens e 4,78 a cada 100 mil mulheres (Tabela 1).
Sem considerar os tumores de pele não melanoma, a leucemia ocupa a décima posição entre os tipos de câncer mais frequentes. Em homens, é o sexto câncer mais frequente nas Regiões Norte (4,53 por 100 mil) e Nordeste (5,54 por 100 mil), seguido pela Região Sudeste (5,83 por 100 mil), com a 11ª posição. Na Região Centro-oeste (4,29 por 100 mil), é a 12ª neoplasia mais frequente; e, na Região Sul (7,28 por 100 mil), a 14ª. Entre as mulheres, é o sexto mais frequente na Região Norte (3,64 por 100 mil). Na Região Nordeste (5,08 por 100 mil), ocupa a nona posição, seguida pela Região Sul (6,97 por 100 mil), com a 11ª posição. Nas Regiões Centro-oeste (3,27 por 100 mil) e Sudeste (4,36 por 100 mil), é o 13º e o 14º tipo de câncer mais frequente, respectivamente (Tabelas 4, 19, 38, 46 e 55).
Comentários
A leucemia é uma doença maligna dos glóbulos brancos, geralmente de origem desconhecida. Tem como principal característica o acúmulo de células doentes na medula óssea, que substituem as células sanguíneas normais. Existem mais de 12 tipos de leucemia, sendo que os quatro primários são leucemia mieloide aguda (LMA), leucemia mieloide crônica (LMC), leucemia linfocítica aguda (LLA) e leucemia linfocítica crônica (LLC) (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER, 2022k). Em geral, a incidência aumenta com a idade, entretanto, pode ocorrer em qualquer época, com subtipos dominantes dependendo da idade: as LLA são mais comuns em crianças menores de 15 anos, enquanto as LLC e LMA são mais incidentes em pessoas mais velhas (WILD; WEIDERPASS; STEWART, 2020).
Mundialmente, em 2020, foram estimados 475 mil casos de leucemia, o que equivale a 2,5% de todos os tipos de câncer. Entre os homens, foram 270 mil casos novos, correspondendo ao risco estimado de 6,30 casos por 100 mil homens. Entre as mulheres, foram 205 mil casos de leucemia ou 4,50 casos a cada 100 mil mulheres. As maiores taxas de incidência para ambos os sexos foram observadas na América do Norte, na Austrália, na Nova Zelândia e na Europa Ocidental (FERLAY et al., 2020).
Em relação à mortalidade, em 2020, ocorreram, no Brasil, 6.738 óbitos por leucemia (3,18 por 100 mil). Nos homens ocorreram 3.703 óbitos (3,58 por 100 mil) e, nas mulheres, 3.035 óbitos (2,80 por 100 mil) (BRASIL, 2022; INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA, 2020a).
A origem das leucemias possui fatores genéticos e ambientais, sendo os fatores de risco ambientais responsáveis por uma proporção pequena do número de casos da doença. Com exceção da LLA, quanto mais avançada a idade, maior o risco de desenvolver leucemia. Outros fatores de risco com evidência suficiente são tabagismo (LMA e LMC) e tratamento prévio com radioterapia ou alguns quimioterápicos (LMA e LLA) (AMERICAN CANCER SOCIETY, c2022a; INTERNATIONAL AGENCY FOR RESEARCH ON CANCER, 2019). Histórico familiar (LMA e LLC), algumas síndromes genéticas (Down, anemia de Fanconi, Li-Fraumeni) e outras doenças hereditárias (LMA), infecções por HTLV-1 ou EBV (LLA) também são fatores de risco. Entre os agentes ocupacionais cancerígenos com evidência suficiente de aumento de risco às leucemias, destaca-se a exposição ao benzeno, ao formaldeído e às radiações X e gama (LMA, LMC e LLA) (AMERICAN CANCER SOCIETY, c2022a; INTERNATIONAL AGENCY FOR RESEARCH ON CANCER, 2019).
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Câncer do sistema nervoso central
O número estimado de casos novos de câncer do sistema nervoso central (SNC) para o Brasil, a cada ano do triênio de 2023 a 2025, é de 11.490 casos, sendo 6.110 casos em homens e 5.380 em mulheres. Esses valores correspondem a um risco estimado de 5,80 casos novos a cada 100 mil homens e de 4,85 a cada 100 mil mulheres (Tabela 1).
Sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer do SNC ocupa a 11ª posição entre os tipos de câncer mais frequentes, com maiores taxas de incidência observadas na Região Sul para homens e mulheres. Em homens, ocupa a oitava posição nas Regiões Centro-oeste (5,98 por 100 mil) e Norte (3,38 por 100 mil). Nas demais Regiões, ocupa a décima posição: Sul (8,54 por 100 mil), Sudeste (5,58 por 100 mil) e Nordeste (5,02 por 100 mil). Entre as mulheres, ocupa a nona posição nas Regiões Sul (7,12 por 100 mil) e Centro-oeste (5,03 por 100 mil). Nas Regiões Nordeste (4,50 por 100 mil) e Norte (2,73 por 100 mil), ocupa a décima posição. Na Região Sudeste (5,85 por 100 mil), ocupa a 11ª posição (Tabelas 4, 19, 38, 46 e 55).
Comentários
O cérebro e a medula espinhal formam o SNC. Os tumores do SNC devem-se ao crescimento de células anormais nos tecidos dessas localizações (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER, 2022e). Os tumores cerebrais e outros tumores primários do SNC são um grupo heterogêneo de tumores, malignos e não malignos, apresentando diferentes sinais e sintomas, com prognóstico variável. A incidência de subtipos de tumores cerebrais varia de acordo com a idade, sendo que crianças e adultos desenvolvem patologias diferentes (WILD; WEIDERPASS; STEWART, 2020).
Mundialmente, ocorreram cerca de 310 mil casos novos de câncer do SNC (1,6%) entre todos os tipos de câncer. Em 2020, foram estimados 170 mil casos novos em homens e 140 mil em mulheres. Esses valores correspondem a um risco estimado de 3,90 casos a cada 100 mil homens e 3,00 casos a cada 100 mil mulheres. As maiores taxas de incidência de câncer do SNC, em ambos os sexos, foram observadas no Norte e no Sul da Europa e na Europa Ocidental (FERLAY et al., 2020; SUNG et al., 2021).
Em termos de mortalidade no Brasil, em 2020, ocorreram 9.355 óbitos por câncer do SNC (4,42 por 100 mil). Entre os homens, foram 4.787 óbitos (4,62 por 100 mil), e, entre as mulheres, 4.567 (4,22 por 100 mil) (BRASIL, 2022; INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA, 2020a).
O estudo da etiologia dos tumores cerebrais é particularmente desafiador em razão das taxas de incidência relativamente baixas de câncer do cérebro e do SNC e à alta heterogeneidade desses tumores. Fatores genéticos e algumas síndromes familiares aumentam o risco de tumores cerebrais (WILD; WEIDERPASS; STEWART, 2020). A exposição às radiações, como raios X e gama, é o fator de risco com maior nível de evidência (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA, 2021a).
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Câncer de bexiga
O número estimado de casos novos de câncer de bexiga para o Brasil, para cada ano do triênio de 2023 a 2025, é de 11.370 casos, correspondendo a um risco estimado de 5,25 casos a cada 100 mil habitantes, sendo 7.870 casos em homens e 3.500 em mulheres. Esses valores correspondem a um risco estimado de 7,45 casos novos a cada 100 mil homens e 3,14 a cada 100 mil mulheres (Tabela 1).
Sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer de bexiga ocupa a 12ª posição entre os tipos de câncer mais frequentes, e a Região Sudeste apresenta as maiores taxas de incidência estimadas. Em homens, ocupa a sexta posição na Região Sudeste (9,71 por 100 mil). Nas Regiões Sul (10,43 por 100 mil) e Centro-oeste (6,38 por 100 mil), ocupa a sétima posição. Nas Regiões Nordeste (4,44 por 100 mil) e Norte (2,23 por 100 mil), ocupa a 12ª posição. Para as mulheres, é o 15º mais frequente nas Regiões Sudeste (4,27 por 100 mil) e Norte (0,99 por 100 mil). Nas Regiões Centro-oeste (2,61 por 100 mil) e Nordeste (2,06 por 100 mil), é o 16o. Na Região Sul (3,50 por 100 mil), ocupa a 17ª posição (Tabelas 4, 19, 38, 46 e 55).
Comentários
O câncer de bexiga deriva de tecido epitelial de transição e é multicêntrico por natureza. Ocorre em vários locais do trato urinário, sendo a bexiga o mais frequente (WILD; WEIDERPASS; STEWART, 2020).
Mundialmente, foram estimados cerca de 580 mil casos novos de câncer de bexiga (3,0%) entre todos os tipos de câncer. Foi o sexto mais frequente entre homens, com uma estimativa de 440 mil casos novos, correspondendo ao risco estimado de 9,50 casos a cada 100 mil homens. Entre as mulheres, foram 75 mil casos novos (2,40 por 100 mil mulheres). As maiores taxas de incidência de câncer de bexiga para os homens e as mulheres deram-se no Sul da Europa e na Europa Ocidental (FERLAY et al., 2020, 2021; SUNG et al., 2021).
Em termos de mortalidade no Brasil, ocorreram, em 2020, 4.595 óbitos por câncer de bexiga (2,17 por 100 mil). Nos homens, foram 3.097 (2,99 por 100 mil) e, em mulheres, 1.498 (1,38 por 100 mil) (BRASIL, 2022; INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA, 2020a).
O principal fator de risco para câncer de bexiga é o tabagismo. Outros fatores de risco importantes são aqueles associados às exposições ocupacional e ambiental, como a agentes presentes durante a produção industrial da borracha e do alumínio, ao trabalho como pintor, às radiações, por exemplo raios X e gama, ao arsênio e aos corantes de uso industrial (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA, 2021a).
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Câncer de esôfago
O número estimado de casos novos de câncer de esôfago para o Brasil, para cada ano do triênio de 2023 a 2025, é de 10.990 casos, correspondendo ao risco estimado de 5,07 por 100 mil habitantes, sendo 8.200 casos em homens e 2.790 casos em mulheres. Esses valores correspondem a um risco estimado de 7,76 casos novos a cada 100 mil homens e 2,49 a cada 100 mil mulheres (Tabela 1).
Sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer de esôfago ocupa a 13ª posição entre os tipos de câncer mais frequentes, sendo as taxas de incidência mais elevadas observadas na Região Sul, para homens e mulheres. Nessa Região, entre os homens, é o quinto mais frequente (13,16 por 100 mil). Na Região Centro-oeste (7,10 por 100 mil), ocupa a sexta posição; e, nas Regiões Sudeste (8,38 por 100 mil) e Nordeste (5,77 por 100 mil), ocupa a sétima posição. Na Região Norte (2,92 por 100 mil), é o nono mais incidente. Para as mulheres, é o 15º mais frequente nas Regiões Sul (4,34 por 100 mil) e Nordeste (2,17 por 100 mil). Na Região Norte (0,91 por 100 mil), ocupa a 16ª posição. Já nas Regiões Sudeste (2,47 por 100 mil) e Centro-oeste (2,12 por 100 mil), ocupa a 17ª posição (Tabelas 4, 19, 38, 46 e 55).
Comentários
O esôfago é um órgão do sistema digestivo que faz parte do trato gastrointestinal – tubo que liga a garganta ao estômago. Em sua maioria, apresenta dois tipos histológicos e características biológicas distintas, que afetam diferentes populações, com ampla variação geográfica em sua incidência (SUNG et al., 2021; WILD; WEIDERPASS; STEWART, 2020).
A estimativa mundial para 2020 apontou a ocorrência de 604 mil casos novos de câncer de esôfago (3,1%), sendo o nono mais incidente. Cerca de 70% dos casos ocorrem nos homens, com incidência de 418 mil casos novos (9,30 por 100 mil homens). Entre as mulheres, foram 186 mil casos novos, com uma taxa de 3,60 por 100 mil mulheres. As maiores taxas de incidência foram observadas na Ásia Oriental, na África Oriental e na África Meridional para ambos os sexos (SUNG et al., 2021).
Em termos de mortalidade no Brasil, em 2020, ocorreram 8.307 óbitos por câncer de esôfago, correspondendo a 3,92 mortes por 100 mil indivíduos. Entre os homens, foram 6.465 óbitos, equivalendo a 6,24 mortes por 100 mil homens. Entre as mulheres, aconteceram 1.840 mortes, correspondendo a 1,70 morte a cada 100 mil mulheres (BRASIL, 2022; INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA, 2020a).
O consumo excessivo de bebidas alcoólicas e o tabagismo são os principais fatores de risco para o câncer de esôfago (SUNG et al., 2021). O consumo frequente de bebidas muito quentes também contribui para o aumento do risco (OKARU et al., 2018). Outros fatores de risco estão associados ao comportamento, como obesidade, baixo consumo de fibras, frutas, vegetais e carnes magras; a condições genéticas ou hereditárias, como doença do refluxo gastroesofágico e esôfago de Barrett; e a exposições ocupacionais, como às radiações X e gama (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA, 2021a; SUNG et al., 2021; WORLD CANCER RESEARCH FUND; AMERICAN INSTITUTE FOR CANCER RESEARCH, 2018b).
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Câncer de pâncreas
O número estimado de casos novos de câncer de pâncreas no Brasil, para cada ano do triênio de 2023 a 2025, é de 10.980 casos, correspondendo ao risco estimado de 5,07 casos por 100 mil habitantes, sendo 5.290 em homens e 5.690 em mulheres. Esses valores correspondem a um risco estimado de 5,00 casos novos a cada 100 mil homens e 5,15 a cada 100 mil mulheres (Tabela 1).
Sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer de pâncreas ocupa a 14ª posição entre os tipos de câncer mais frequentes. A Região Sul apresenta as maiores taxas de incidência entre homens e mulheres. Em homens, ocupa a 11ª posição na Região Norte (2,47 por 100 mil). Na Região Sul (8,02 por 100 mil), ocupa a 12ª posição. Nas Regiões Sudeste (5,61 por 100 mil), Centro-oeste (4,18 por 100 mil) e Nordeste (3,53 por 100 mil), ocupa a 13ª posição. Para as mulheres, é o sexto mais frequente na Região Sul (7,87 por 100 mil). Nas Regiões Sudeste (5,86 por 100 mil) e Centro-oeste (4,28 por 100 mil), ocupa a décima posição. Na Região Norte, ocupa a 12ª posição (2,43 por 100 mil); e, na Região Nordeste (3,76 por 100 mil), a 14ª posição (Tabelas 4, 19, 38, 46 e 55).
Comentários
O câncer de pâncreas é um tipo de tumor maligno que normalmente não leva ao aparecimento de sinais e sintomas nos estágios iniciais (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER, 2022f). Apresenta alta taxa de mortalidade em razão do diagnóstico tardio (WILD; WEIDERPASS; STEWART, 2020).
Ocorreram, no mundo, cerca de 495 mil casos novos de câncer de pâncreas, totalizando 2,6% entre todos os tipos de câncer. Entre os homens, ocorreram 263 mil casos novos (5,70 por 100 mil homens). Entre as mulheres, foram observados 233 mil casos novos, com taxa de incidência de 4,10 por 100 mil mulheres. As maiores taxas de incidência na população masculina foram observadas nas Europas Ocidental, Central e Oriental e na América do Norte; enquanto, entre as mulheres, as maiores taxas foram observadas na Europa Ocidental, na América do Norte e no Norte da Europa (FERLAY et al., 2020; SUNG et al., 2021).
Em termos de mortalidade no Brasil, em 2020, ocorreram 11.893 óbitos por câncer de pâncreas, equivalendo a 5,62 mortes a cada 100 mil brasileiros. Entre os homens, foram 5.882 óbitos, correspondendo a 5,68 mortes a cada 100 mil homens. Entre as mulheres, ocorreram 6.011 mortes, equivalendo a 5,55 mortes a cada 100 mil mulheres (BRASIL, 2022; INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA, 2020a).
A idade avançada está associada ao aumento do risco de câncer de pâncreas. Condições associadas ao comportamento, como obesidade, diabetes tipo 2, tabagismo, consumo excessivo de álcool, baixo consumo de fibras, frutas, vegetais e carnes magras; e condições genéticas ou hereditárias, como síndrome de Lynch, câncer pancreático familial e pancreatite hereditária, aumentam o risco de desenvolver essa doença (SUNG et al., 2021; WILD; WEIDERPASS; STEWART, 2020).
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Câncer de fígado
O número estimado de casos novos de câncer de fígado para o Brasil, para cada ano do triênio de 2023 a 2025, é de 10.700 casos, correspondendo ao risco estimado de 4,95 casos por 100 mil habitantes, sendo 6.390 em homens e 4.310 em mulheres. Esses valores correspondem a um risco estimado de 6,06 casos novos a cada 100 mil homens e 3,89 a cada 100 mil mulheres (Tabela 1).
Sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer de fígado ocupa a 15ª posição entre os tipos de câncer mais frequentes, com as taxas de incidência mais altas observadas na Região Sul, tanto para homens quanto para mulheres. Entre os homens, ocupa a sétima posição na Região Norte (4,49 por 100 mil). Na Região Nordeste (5,70 por 100 mil), ocupa a oitava posição; na Região Sul (9,31 por 100 mil), a nona; na Região Centro-oeste (4,77 por 100 mil), a 11ª posição; e, na Região Sudeste (5,78 por 100 mil), é o 12º tumor mais frequente. Entre as mulheres, o câncer de fígado é o oitavo mais frequente na Região Norte (3,35 por 100 mil). Na Região Nordeste (4,47 por 100 mil), é o 11º mais frequente. Nas Regiões Sul (5,47 por 100 mil) e Centro-oeste (3,14 por 100 mil), ocupa a 14ª posição; e, na Região Sudeste (3,23 por 100 mil), a 16ª posição (Tabelas 4, 19, 38, 46 e 55).
Comentários
O câncer de fígado constitui-se em um grupo heterogêneo de patologias com diferentes etiologias e mecanismos carcinogênicos distintos (WILD; WEIDERPASS; STEWART, 2020).
Estimaram-se, em 2020, 906 mil casos novos de câncer de fígado (4,7%), correspondendo ao sétimo mais frequente entre todos os tipos de câncer. Entre os homens, ocorreram 632 mil casos, com uma taxa de incidência de 14,10 por 100 mil homens. Entre as mulheres, foram 273 mil casos, com uma taxa de incidência de 5,20 por 100 mil mulheres. Em termos de distribuição geográfica, entre os homens, o câncer de fígado foi mais frequente na Ásia Oriental, no Sudeste Asiático e no Norte da África; entre as mulheres, a doença foi mais comum no Norte da África, na Melanésia e na Ásia Oriental (FERLAY et al., 2020; SUNG et al., 2021).
Em termos de mortalidade no Brasil, em 2020, ocorreram 10.764 óbitos por câncer de fígado (5,08 por 100 mil). Entre os homens, foram 6.093 óbitos, correspondendo a 5,89 mortes por 100 mil homens. Entre as mulheres, 4.670 óbitos, o equivalente a 4,31 óbitos por 100 mil mulheres (BRASIL, 2022; INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA, 2020a).
A maioria dos casos de câncer de fígado ocorre em razão das infecções pelos vírus das hepatites B e C e por doenças metabólicas, como acúmulo de gordura no fígado (esteatose) e diabetes tipo 2 (SUNG et al., 2021). Outros fatores de risco incluem consumo de bebida alcoólica, tabagismo, obesidade e consumo de alimentos que contenham aflatoxina. Esta é um tipo de fungo que pode estar presente em alimentos tais como a mandioca, o milho e o amendoim, se forem armazenados de forma inadequada (DE MARTEL, 2020; WILD; WEIDERPASS; STEWART, 2020). Entre os fatores de risco ocupacionais e ambientais, há evidências suficientes de associação com o cloreto de vinila e o 1,2-dicloropropano vinila (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA, 2021a).
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Câncer do corpo do útero
O número estimado de casos novos de câncer do corpo do útero no Brasil, para o triênio de 2023 a 2025, é de 7.840 casos, correspondendo ao risco estimado de 7,08 casos novos a cada 100 mil mulheres (Tabela 1).
Sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer de corpo do útero ocupa a 17ª posição entre os tipos mais frequentes de câncer. Nas mulheres, é o sétimo câncer mais incidente. Quanto à distribuição geográfica, na Região Sudeste (9,39 por 100 mil), ocupa a sexta posição; na Região Centro-oeste (6,57 por 100 mil), a sétima; na Região Nordeste (5,18 por 100 mil), a oitava; na Região Norte (2,67 por 100 mil), a décima posição; e, na Região Sul (6,85 por 100 mil), a 12ª posição entre os cânceres mais frequentes (Tabelas 4, 19, 38, 46 e 55).
Comentários
O câncer do corpo do útero pode se iniciar em diferentes partes do órgão. O tipo mais comum origina-se no endométrio, que é o revestimento interno do útero. O câncer uterino pode ocorrer em qualquer faixa etária, mas é mais comum em mulheres que já se encontram na menopausa (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER, 2022g). É classificado, segundo padrão histológico e desfechos clínicos, em tipo 1, dependente de estrogênio, ou tipo 2, não dependente de estrogênio (WILD; WEIDERPASS; STEWART, 2020).
Mundialmente, o câncer do corpo do útero é o sexto mais frequente entre as mulheres. Em 2020, foram estimados cerca de 417 mil novos casos, com taxa de incidência de 8,70 por 100 mil mulheres (FERLAY et al., 2021; SUNG et al., 2021). O número de casos aumenta à medida que aumentam os IDH – três quartos dos casos ocorreram em países com IDH alto ou muito alto. As maiores taxas de incidência estimadas foram observadas na América do Norte e na Europa (FERLAY et al., 2021; SUNG et al., 2021; WILD; WEIDERPASS; STEWART, 2020).
Em termos de mortalidade no Brasil, em 2020, ocorreram 1.944 óbitos, e a taxa bruta de mortalidade por câncer de corpo do útero foi de 1,80 por 100 mil mulheres (BRASIL, 2022; INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA, 2020a).
O principal fator de risco do tipo 1 é a exposição aumentada ao estrogênio endógeno, em razão de obesidade, menarca precoce, menopausa tardia, anovulação, nuliparidade, terapia de reposição hormonal e uso de modulador seletivo de receptor de estrogênio para tratamento de câncer de mama. Outros fatores de risco são síndrome metabólica, hipertensão, diabetes, síndrome do ovário policístico e sedentarismo (WILD; WEIDERPASS; STEWART, 2020). Intervenções efetivas para reduzir a prevalência de obesidade e aumentar os níveis de atividade física podem impactar as taxas de incidência. Embora não seja passível de rastreamento, o câncer do corpo do útero geralmente causa sangramento ou corrimento vaginal anormal, portanto a conscientização da população e dos profissionais de saúde sobre sintomas e sinais de alerta favorece o diagnóstico precoce, em estágio inicial, com bom prognóstico (WILD; WEIDERPASS; STEWART, 2020).
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Câncer da laringe
O número estimado de casos novos de câncer da laringe para o Brasil, para cada ano do triênio de 2023 a 2025, é de 7.790 casos, correspondendo ao risco estimado de 3,59 por 100 mil habitantes, sendo 6.570 casos em homens e 1.220 casos em mulheres. Esses valores correspondem a um risco estimado de 6,21 casos novos a cada 100 mil homens e 1,09 a cada 100 mil mulheres (Tabela 1).
Sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer da laringe ocupa a 18ª posição entre os tipos de câncer mais frequentes. É muito mais frequente entre os homens do que entre as mulheres, com as taxas de incidência mais elevadas nas Regiões Sul e Sudeste. Em homens, o câncer da laringe ocupa a oitava posição na Região Sudeste (7,36 por 100 mil). Nas Regiões Centro-oeste (5,72 por 100 mil) e Nordeste (5,15 por 100 mil), ocupa a nona posição. Na Região Norte (2,68 por 100 mil), o câncer da laringe ocupa a décima posição; e, na Região Sul (7,37 por 100 mil), é o 13º câncer mais incidente. Entre as mulheres, o câncer da laringe é o 18º mais frequente na Região Nordeste (1,03 por 100 mil), e o 19º nas Regiões Sul (1,31 por 100 mil), Sudeste (1,15 por 100 mil), Centro-oeste (1,11 por 100 mil) e Norte (0,54 por 100 mil) (Tabelas 4, 19, 38, 46 e 55).
Comentários
O câncer da laringe ocorre predominantemente em homens acima de 40 anos e é um dos mais comuns entre os que atingem a região da cabeça e do pescoço. Representa cerca de 25% dos tumores malignos que acometem essa área (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER, 2022h).
A estimativa mundial aponta a ocorrência de 185 mil casos novos, o que representa 1% do total. Ocorre mais frequentemente em homens, sendo raro em mulheres. Em 2020, estimaram-se 160 mil casos novos em homens e 24 mil em mulheres, com taxas de incidência de 3,60 por 100 mil homens e de 0,49 por 100 mil mulheres. Entre os homens, as maiores taxas de incidência foram observadas nas Europas Central e Oriental, no Caribe e no Sul da Europa; entre as mulheres, o câncer da laringe foi mais frequente no Caribe, na América do Norte e na Melanésia (FERLAY et al., 2020; SUNG et al., 2021).
Em termos de mortalidade no Brasil, em 2020, ocorreram 4.478 óbitos por câncer da laringe, correspondendo a 2,11 mortes para cada 100 mil brasileiros. Entre os homens, foram 3.896 óbitos, equivalendo a 3,76 mortes a cada 100 mil homens. Entre as mulheres, 582 mortes, correspondendo a 0,54 óbito a cada 100 mil mulheres (BRASIL, 2022; INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA, 2020a).
Os principais fatores de risco para o câncer da laringe são tabagismo e consumo excessivo de bebidas alcoólicas, sendo que a combinação desses multiplica o risco de desenvolver a doença (WILD; WEIDERPASS; STEWART, 2020; WORLD CANCER RESEARCH FUND; AMERICAN INSTITUTE FOR CANCER RESEARCH, 2018b). Existem evidências de risco ocupacional associado aos ácidos fortes e a todas as formas de amianto (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA, 2021a).
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Câncer de ovário
O número estimado de novos casos de câncer de ovário no Brasil, para cada ano do triênio de 2023 a 2025, é de 7.310 casos, correspondendo a um risco estimado de 6,62 casos novos a cada 100 mil mulheres (Tabela 1).
Sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer de ovário ocupa a 19ª posição entre os tipos mais frequentes de câncer. Nas mulheres, é o oitavo câncer mais incidente. Nas Regiões Sudeste (7,37 por 100 mil), Nordeste (6,54 por 100 mil) e Norte (3,61 por 100 mil), ocupa a sétima posição. Na Região Centro-oeste (5,72 por 100 mil), ocupa a oitava posição; e, na Região Sul (6,90 por 100 mil), a décima posição (Tabelas 4, 19, 38, 46 e 55).
Comentários
O câncer de ovário é a segunda neoplasia ginecológica mais comum. A quase totalidade das neoplasias ovarianas (95%) é derivada das células epiteliais que revestem o ovário. O restante provém de células germinativas, as quais formam os óvulos, e de células estromais, que produzem a maior parte dos hormônios femininos (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER, 2022i). Fatores de risco, resposta ao tratamento e sobrevida exibem perfis distintos, de acordo com o subtipo histológico (WILD; WEIDERPASS; STEWART, 2020).
O câncer de ovário é o nono mais incidente entre as mulheres no mundo, correspondendo a 3,60% de todos os cânceres femininos em 2020. A taxa de incidência foi de 6,60 casos a cada 100 mil mulheres (FERLAY et al., 2021; SUNG et al., 2021). As maiores taxas de incidência estimadas foram observadas no continente europeu (FERLAY et al., 2021; SUNG et al., 2021).
Em termos de mortalidade no Brasil, ocorreram, em 2020, 3.920 óbitos por câncer de ovário, equivalendo a 3,62 mortes para cada 100 mil mulheres (BRASIL, 2022; INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA, 2020a).
A doença ocorre predominantemente na pós-menopausa. Mutações nos genes BRCA1 e BRCA2 são observadas em até 15% das pacientes com câncer de ovário. Mulheres com história familiar de câncer de ovário em parente de primeiro grau apresentam risco três vezes maior para o desenvolvimento da doença. História familiar de câncer de mama também está associada a um risco aumentado de câncer de ovário. Outros fatores reprodutivos e hormonais são considerados de risco, como menarca precoce, menopausa tardia, terapia de reposição hormonal, ou protetivos, como multiparidade, uso prolongado de contraceptivos orais, ligadura tubária. Sobrepeso e obesidade estão associados a aumentos modestos do risco (WILD; WEIDERPASS; STEWART, 2020). A exposição a todas as formas de amianto está associada ao câncer de ovário (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA, 2021a). A prevenção do câncer de ovário representa um desafio, dado que poucos fatores de risco modificáveis são conhecidos até o momento.
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Linfoma de Hodgkin
O número estimado de casos novos de linfoma de Hodgkin (LH) para o Brasil, para cada ano do triênio de 2023 a 2025, é de 3.080 casos, o que corresponde a um risco estimado de 1,41 por 100 mil habitantes, sendo 1.500 casos em homens e 1.580 em mulheres. Esses valores correspondem a um risco estimado de 1,40 caso novo a cada 100 mil homens e 1,41 a cada 100 mil mulheres (Tabela 1).
Sem considerar os tumores de pele não melanoma, o LH ocupa a 20a posição entre os tipos de câncer mais frequentes. Em homens, o LH é o 16º mais frequente em todas as Regiões, tendo por risco estimado: 0,51 por 100 mil na Região Norte; 0,92 por 100 mil na Região Nordeste; 1,43 por 100 mil na Região Centro-oeste; 1,76 por 100 mil na Região Sudeste; e 1,79 por 100 mil na Região Sul. Para as mulheres, nas Regiões Norte (0,65 por 100 mil), Centro-oeste (1,37 por 100 mil), Sudeste (1,62 por 100 mil) e Sul (2,35 por 100 mil), ocupa a 18ª posição. Na Região Nordeste (0,87 por 100 mil), ocupa a 19ª posição (Tabelas 4, 19, 38, 46 e 55).
Comentários
Linfoma ou doença de Hodgkin é um tipo de câncer que se origina no sistema linfático, conjunto composto por órgãos (linfonodos ou gânglios) e tecidos que produzem as células responsáveis pela imunidade e vasos que conduzem essas células através do corpo. Pode ocorrer em qualquer faixa etária; entretanto, é mais comum entre adolescentes e adultos jovens (de 15 a 39 anos) e idosos (75 anos ou mais) (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER, 2022l).
Em 2020, foram estimados 83 mil casos novos (0,4%) de LH no mundo. Desses, 49 mil ocorreram em homens (1,20 por 100 mil homens) e 34 mil entre as mulheres (0,80 por 100 mil mulheres). Em ambos os sexos, as maiores taxas de incidência de LH foram encontradas nos países da Europa (Norte e Sul), na Austrália e na Nova Zelândia (FERLAY et al., 2020; SUNG et al., 2021).
Em termos de mortalidade no Brasil, em 2020, ocorreram 455 óbitos por LH (0,21 por 100 mil). Nos homens, foram 256 óbitos (0,25 por 100 mil) e, em mulheres, 199 (0,18 por 100 mil) (BRASIL, 2022; INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA, 2020a).
Os fatores de risco para LH ainda não estão bem estabelecidos. Estudos sugerem algumas associações em pessoas com sistema imune comprometido (infecção por HIV) e pacientes que fazem uso de drogas imunossupressoras. A infecção pelo EBV (mononucleoses) aumenta o risco de desenvolver a doença, embora o mecanismo de ação ainda não esteja bem definido (AMERICAN CANCER SOCIETY, c2022b).
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Câncer de pele
No Brasil, o número de casos novos de câncer de pele não melanoma estimados, para cada ano do triênio de 2023 a 2025, é de 220.490, o que corresponde a um risco estimado de 101,95 por 100 mil habitantes, sendo 101.920 em homens e 118.570 em mulheres. Esses valores correspondem a um risco estimado de 96,44 casos novos a cada 100 mil homens e 107,21 a cada 100 mil mulheres (Tabela 1).
O câncer de pele não melanoma é o mais frequente no país. Em homens, é mais incidente nas Regiões Sul, Sudeste e Centro-oeste, com risco estimado de 135,86 por 100 mil, 121,40 por 100 mil e 77,45 por 100 mil homens, respectivamente. Nas Regiões Nordeste e Norte, ocupa a segunda posição, com o risco estimado de 68,97 por 100 mil e 17,69 por 100 mil homens, respectivamente. Quanto às mulheres, o câncer de pele não melanoma é mais incidente em todas as Regiões brasileiras, com risco estimado de 164,79 por 100 mil mulheres no Sul; 123,33 por 100 mil no Sudeste; 107,52 por 100 mil no Centro-oeste; 77,84 por 100 mil no Nordeste; e 26,90 por 100 mil no Norte (Tabelas 4, 19, 38, 46 e 55).
Quanto ao câncer de pele melanoma, o número de casos novos estimados é de 8.980, o que corresponde a um risco de 4,13 por 100 mil habitantes, sendo 4.640 em homens e 4.340 em mulheres. Esses valores correspondem a um risco estimado de 4,37 casos novos a cada 100 mil homens e 3,90 a cada 100 mil mulheres (Tabela 1).
Na Região Sul, o câncer de pele melanoma é mais incidente quando comparado com as demais Regiões, para ambos os sexos (Tabelas 4, 19, 38, 46 e 55).
Comentários
O câncer de pele é o mais comum de todos os tipos de câncer e incorpora uma gama de entidades patológicas que se originam de diferentes células da derme e da epiderme (WILD; WEIDERPASS; STEWART, 2020). É mais comum em pessoas de pele clara acima dos 40 anos; porém, esse perfil de idade vem diminuindo com a constante exposição dos jovens aos raios solares (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER, 2022c). Os principais tipos de câncer de pele são: o carcinoma de células escamosas, o carcinoma basocelular, também chamados de câncer de pele não melanoma, que são a maioria dos casos, e o câncer de pele melanoma, que se forma nos melanócitos, cresce e se espalha mais rapidamente, apesar de ser menos comum (AMERICAN CANCER SOCIETY, 2019; INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER, 2022b; NATIONAL CANCER INSTITUTE, 2019).
De todas as neoplasias malignas diagnosticadas no mundo, o câncer de pele não melanoma é a quinta mais frequente, com 1,2 milhão de casos novos (6,2%) estimados para o ano de 2020, com 722 mil casos novos em homens (15,10 por 100 mil) e 476 mil novos casos em mulheres (7,90 por 100 mil). Para os cânceres de pele melanoma, foram estimados, em 2020, 325 mil (1,7%) casos novos, com 175 mil casos novos em homens (3,80 por 100 mil) e 151 mil novos casos em mulheres (3,00 por 100 mil). As maiores taxas de incidência do câncer de pele não melanoma estão na Austrália, na Nova Zelândia, na América do Norte e nos países da Europa Ocidental, tanto para homens quanto para mulheres. Para o câncer de pele melanoma, as maiores incidências estão na Austrália, na Nova Zelândia, nos países do Oeste Europeu e na América do Norte, para homens; e na Austrália, na Nova Zelândia e nos países do Oeste e Norte da Europa, para mulheres (FERLAY et al., 2021; SUNG et al., 2021).
No Brasil, ocorreram, em 2020, 2.653 óbitos de câncer de pele não melanoma; desses, 1.534 em homens, que corresponderam ao risco de 1,48 morte por 100 mil homens, e 1.119 mortes entre as mulheres, um risco de 1,03 morte por 100 mil mulheres. Para o câncer de pele melanoma, ocorreram, em 2020, 1.923 óbitos. Em homens, foram observados 1.120 óbitos, com um risco de 1,08 por 100 mil homens, e, nas mulheres, ocorreram 803 óbitos, com risco de 0,91 por 100 mil mulheres (BRASIL, 2022; INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA, 2020a).
O principal fator de risco para todos os tipos de câncer de pele é a radiação ultravioleta, que induz a lesões no DNA. O dano produzido pelas radiações é cumulativo. Para o câncer de pele melanoma, merecem destaque ainda as radiações ultravioletas não naturais, como lâmpadas e camas solares, e a exposição aos bifenilos policlorados (WILD; WEIDERPASS; STEWART, 2020). Em relação ao câncer de pele não melanoma, alguns fatores associados são idade, já que acomete mais pessoas idosas, sexo e ocupação, como trabalho em fabricação de vidros, indústria de eletrônicos, produção e manuseio de óleo mineral não tratado, metalurgia, produção e manuseio de alcatrão de carvão, refinamento do petróleo, limpeza de chaminés e brigadas de incêndio. Por fim, o uso de medicamentos imunossupressores, como ciclosporina e azatioprina, antifúngicos, como voriconazol, e diuréticos, como hidroclorotiazida, associados à exposição solar, também aumenta o risco (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA, 2021a; WILD; WEIDERPASS; STEWART, 2020).
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Câncer infantojuvenil
O número de casos novos de câncer infantojuvenil estimado para o Brasil, para cada ano do triênio de 2023 a 2025, é de 7.930 casos, o que corresponde a um risco estimado de 134,81 por milhão de crianças e adolescentes. Estimam-se 4.230 casos novos no sexo masculino e de 3.700 no sexo feminino. Esses valores correspondem a um risco estimado de 140,50 casos novos por milhão de crianças do sexo masculino e de 128,87 por milhão do sexo feminino (Tabela 62).
O câncer infantojuvenil no sexo masculino será mais frequente na Região Sul (153,29 por milhão), seguido pelas Regiões Sudeste (145,61 por milhão), Centro-oeste (143,89 por milhão), Nordeste (138,10 por milhão) e Norte (111,10 por milhão). Para o sexo feminino, a Região Sul (151,19 por milhão) tem a maior incidência, seguida pelas Regiões Sudeste (144,11 por milhão), Centro-oeste (128,19 por milhão), Nordeste (114,23 por milhão) e Norte (87,56 por milhão) (Tabela 62).
Comentários
O câncer na criança e no adolescente (entre 0 e 19 anos), ou câncer infantojuvenil, corresponde a um grupo de várias doenças que têm em comum a proliferação descontrolada de células anormais, que pode ocorrer em qualquer local do organismo. Diferentemente do câncer do adulto, o infantojuvenil é predominantemente de natureza embrionária e, geralmente, afeta as células do sistema sanguíneo e os tecidos de sustentação. Nas últimas quatro décadas, o progresso no tratamento do câncer na infância e na adolescência foi extremamente significativo. Hoje, em torno de 80% das crianças e dos adolescentes acometidos pela doença podem ser curados, se diagnosticados precocemente e tratados em centros especializados. A maioria deles terá boa qualidade de vida após o tratamento adequado (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER, 2022d).
Estima-se a ocorrência de aproximadamente 430 mil casos novos de câncer entre crianças e adolescentes (de 0 a 19 anos). Os principais tipos de câncer que ocorrem em crianças são leucemias, tumores do SNC e linfomas. Os tumores embrionários (neuroblastoma, tumores renais e retinoblastoma) acometem, em sua maioria, as crianças, enquanto, em adolescentes de 15 a 19 anos, são mais frequentes os tumores epiteliais, tais como tireoide e carcinomas, e os melanomas. Os países de médio e baixo desenvolvimentos concentram aproximadamente 70% dos casos novos. O câncer é a principal causa de óbito em crianças e adolescentes no mundo (LAM et al., 2019; STELIAROVA-FOUCHER et al., 2017; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2021).
No Brasil, no ano de 2020, ocorreram 2.289 mortes por câncer infantojuvenil (38,20 por milhão). Para o sexo masculino, foram 1.295 óbitos, com um risco estimado de 42,30 por milhão. No sexo feminino, ocorreram 994 óbitos, um risco de 33,90 por milhão (BRASIL, 2022; INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA, 2020a).
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Introdução