Dia Nacional de Combate ao Câncer

Responsável por até 10% dos casos, câncer hereditário é o tema da campanha do Dia Nacional de Combate ao Câncer 2024

Pelo menos 10% de todas as neoplasias são causadas por alterações genéticas herdadas, configurando síndromes de predisposição hereditária ao câncer. Considerando que no Brasil, para o triênio 2023-2025, são esperados 483 mil casos de câncer (se excluídos os casos de câncer de pele não melanoma), poderíamos considerar que pelo menos 50 mil tumores incidentes neste período serão hereditários. Pessoas portadoras dessas alterações genéticas têm riscos de câncer até 10 vezes maiores que os da população geral e são frequentemente acometidas por um ou mais tumores diagnosticados em idade jovem.

A identificação de pessoas com câncer hereditário e seus familiares em risco é uma oportunidade importante de prevenção da doença, uma vez que estratégias de redução de risco estão disponíveis para muitas situações. Essas estratégias podem incluir alterações de estilo de vida, rastreamento mais intensivo, quimioprevenção e/ou cirurgias redutoras de risco (várias delas já amparadas por estudos de custo-efetividade realizados em diversos países, inclusive o Brasil).

Neste contexto, a realização do teste genético e a identificação da variante genética causal em um caso suspeito de câncer hereditário são imperativos para permitir a estratificação de risco e definir estratégias de manejo personalizado de acordo com o risco especifico. Importante ressaltar que a não identificação de uma alteração de risco genético em um caso suspeito permite, na maioria das vezes, concluir que não se trata de câncer hereditário e instrumenta a decisão de encaminhamento para estratégias populacionais de manejo, desonerando o sistema de saúde.

Outro ponto relevante: o aconselhamento genético já é considerado estratégia de prevenção em políticas públicas do Ministério da Saúde, como na Portaria n.º 199/GM/MS, de 30 de janeiro de 2014, que instituiu a Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doenças Raras, aprovando as Diretrizes para Atenção Integral às Pessoas com Doenças Raras no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

Assim, ficam claras a relevância, a adequação e a necessidade da construção de ações em saúde dirigidas para as pessoas com predisposição hereditária ao câncer no âmbito do SUS, alinhadas com os objetivos e as estratégias de prevenção, diagnóstico e manejo do câncer no Brasil.