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21 DE JUNHO - ANIVERSÁRIO DE MACHADO DE ASSIS
Encadernação de Memórias póstumas de Braz Cubas amplia inventário de Machado de Assis na IN
Exemplar único do acervo da Biblioteca Machado de Assis guarda outro toque de arte nas ilustrações do pintor Cândido Portinari, artista de igual porte. A encadernação é um dos poucos remanescentes da edição numerada de 119 exemplares, impressa na Imprensa Nacional em 1944 sob encomenda da Sociedade dos Cem Bibliófilos do Brasil.
O livro em si já é um clássico referenciado da literatura brasileira e louvado mundo afora. Provavelmente nem mesmo os bibliotecários da Imprensa Nacional (IN) sabiam da sua existência. No entanto, veio de lá mesmo o mérito da descoberta desse clássico da literatura internacional em um formato clássico de 30 x 39cm, agora restaurado numa encadernação com capa nas cores preta e verde, técnica meio couro com canto e folha de guarda preta, miolo original. Tudo protegido em uma caixa de 32 x 41,5cm revestida em couro e vulcapel pretos, revestida internamente em veludo da mesma cor.
A beleza do conjunto é realçada pelo título em letras douradas, brilhosas para servir de chamariz ao leitor incrédulo, mas apenas acessórios diante da grandeza da obra de Machado de Assis. O zelo da restauração inclui uma fita de cetim com o nome do escritor, utilizada para retirar o livro da caixa e dotar o manuseio desse cuidado extra.
As ilustrações de Cândido Portinari reforçam ainda mais a grandiosidade desta edição numerada e restrita a 119 exemplares, impressa pela Imprensa Nacional em 1944 sob encomenda da Sociedade dos Cem Bibliófilos do Brasil, sediada no Rio de Janeiro, sendo a primeira das publicações daquela Sociedade. A edição gigante reproduz o texto da quarta edição definitiva da obra, revista pelo autor. Registre-se que a então Typographia Nacional, atual IN, imprimiu a primeira edição desta obra em 1881.
Conforme anotado no final da obra, as sete águas fortes (técnica de gravura em metal) originais foram tiradas em papel Sunray pelo próprio Portinari com a colaboração do seu irmão Loy Portinari e os demais desenhos a nanquim foram reproduzidos em clichés na IN. Dos 119 exemplares, cem foram numerados para os membros da Sociedade e os demais 19 marcados com as letras A a S para serem oferecidos de acordo com os estatutos.
Ressureição – Tomando emprestado este título de outra obra de Machado de Assis — seu primeiro romance, de 1872 —, pode-se recorrer à analogia para descrever como se deu esse achado no acervo da Biblioteca Machado de Assis. O servidor Antônio Solidônio se comoveu com o estado de lamúria em que encontrou o exemplar entre os 40 mil volumes do acervo, no momento em reorganização para reabertura da Biblioteca, em breve.
A capa estava em frangalhos, sem chance de restauração. Ciente da importância da joia encontrada, Antônio a levou até o Chefe da Divisão de Gestão do Museu e Biblioteca, historiador Rubens Cavalcante Júnior. Meticuloso com o trabalho de digitalização do acervo em andamento, Rubens logo percebeu que a melhor solução seria a encadernação, atividade ainda em produção no parque gráfica da IN, embora em menor escala que no passado.
Rubens então procurou o Chefe da Divisão de Impressão Offset e Digital da Coordenação de Produção Gráfica, Adolfo Soares Pimentel, responsável pela encadernação volumosa do Diário Oficial da União e outras obras. Adolfo também se comoveu, mas como estava superatarefado, recorreu a um declarado admirador do trabalho da Imprensa Nacional, o também encadernador José Erivaldo de Souza, proprietário da Encadernadora JK, a quem Adolfo repassou os originais e depois acompanhou a restauração. Assim chegamos a este presente que o próprio Machado de Assis não cansa de entregar ao Brasil e ao mundo e que será reapresentado em breve ao público.