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Ministra Anielle Franco recebe Mães de Maio para tratar sobre recentes chacinas
Foto: Luna Costa.
A partir das denúncias de chacinas ocorridas nos últimos dias na Baixada Santista, na Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, e também em Salvador, Itatim e Camaçari, na Bahia, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco se reuniu com representantes do Movimento Mães de Maio, Mães de Maio Nordeste e da Rede de Mães e Familiares da Baixada Fluminense.
O objetivo do encontro era ouvir as demandas das representantes dos movimentos e apresentar as ações pautadas e previstas pelo ministério e também por outros órgãos do governo. Participaram do encontro a secretária-executiva do Ministério das Mulheres, Maria Helena Guarezi, o secretário de acesso à justiça do Ministério da Justiça, Marivaldo Pereira, a coordenadora do Pronasci, Tamires Sampaio e a coordenadora-geral de Segurança Pública e Direitos Humanos do MDHC, Ana Lúcia de Oliveira.
“Eu queria me colocar no lugar de familiar antes do lugar de ministra, neste momento. No lugar de uma pessoa que chora junto com vocês há muito tempo e que viu a luta de muitas daqui”, disse a ministra ao iniciar a reunião.
Débora Silva, uma das fundadoras do Mães de Maio e moradora da Baixada Santista, retratou os momentos de dor que se revive a cada mãe que perde seu filho em operações policiais. “Muitas vezes não somos ouvidas, não nos sentimos paulistas. Nós nos sentimos num buraco e esse buraco ferveu no final de semana passado”, disse.
Para ela, a dor vivida no último final de semana é, infelizmente, algo que se repete. “Nós vivemos num lugar que é palco de chacinas, mas foi palco de chacinas desde 2006 onde o estado brasileiro não reconheceu o maior massacre da história contemporânea, que matou 600 crianças em um espaço de uma semana”, prosseguiu.
Para o movimento, a principal demanda é que se torne obrigatório o uso de câmeras em uniformes policiais. “Quem está pedindo câmera nos uniformes policiais somos nós, mães, e não vamos abrir mão", afirmou Débora.
Para Nívia Raposo, da Rede de Mães e Familiares da Baixada Fluminense, outro grave problema presente na vida das mães vítimas de violência, é a desmoralização e a difamação da memória de seus filhos assassinados. “A primeira coisa que a polícia faz é criminalizar a vítima e a sociedade acata”, disse.
AÇÕES DO MIR
No último final de semana, o Ouvidor do MIR, Fábio Bruni e a coordenadora da Ouvidoria, Cristiane Pereira, estiveram na Baixada Santista para ouvir e acolher mães e familiares vítimas de violência, em especial em relação à Operação Escudo. A chefe da assessoria especial do MIR, Marcelle Decothé, apresentou, durante o encontro, algumas ações que o Ministério tem desenvolvido sobre o tema. Em especial, o projeto de apoio psicossocial a mães e familiares vítimas de violência.
“Estamos com esse projeto avançado no Rio de Janeiro, em Salvador, e vamos também iniciar as conversas para implantar em São Paulo e vamos sentar com as famílias para entender também as necessidades de vocês, mas a gente entende que as mães precisam também de apoio social, e não somente psicológico”, disse ela, se referindo à construção junto ao MJSP, MDHC, Ministério das Mulheres e Ministério da Saúde, de um projeto piloto a ser implementado no Rio de Janeiro, Bahia e Pará sobre reparação psicossocial a Mães e Familiares Vítimas de Violência, com foco em sensibilização de gestores do SUS e SUAS para atendimento especializado para estes familiares.
Além disso, o MIR vai repassar R$ 2,5 mi para os Programas Nacionais de Proteção a Defensores de Direitos Humanos e Programa de Proteção a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas (PROVITA). Outro repasse de R$ 3 mi será feito para linha de edital de apoio a organizações e movimentos de familiares vítimas de violência em conjunto com o Ministério da Justiça.
Além disso, o ministério está articulando uma formação sobre letramento racial para agentes da segurança pública.