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Ministério da Igualdade Racial articula medidas concretas das autoridades espanholas e de representantes da LaLiga sobre racismo contra Vini Jr.
Foto: Pablo Morano / Reuters.
Em menos de 24 horas o Ministério da Igualdade Racial tomou providências em várias frentes para tratar dos casos de racismo envolvendo o jogador Vini Jr, especialmente o ocorrido no último domingo (21), durante o jogo entre o Valência e o Real Madrid pela primeira divisão do campeonato espanhol, a LaLiga. Ainda ontem, houve contato com as autoridades espanholas para cobrar medidas concretas após o jogo e no início do dia de hoje o Ministério assinou um posicionamento de repúdio do governo brasileiro, em consonância com a reação imediata do presidente Lula, e em parceria com outros ministérios, como o dos Esportes, Direitos Humanos e Cidadania, e o Itamaraty. O MIR, por meio do governo espanhol, acionará também o Ministério Público espanhol e buscará uma conversa com a direção do campeonato.
A ministra Anielle Franco declarou estar pessoalmente tocada com a agressividade do caso, por seu histórico de mulher negra e ex-atleta e manifestou integral apoio ao jogador. A ministra reiterou que casos de racismo precisam ser combatidos institucionalmente, a partir da raiz, e que o órgão envidará todos os esforços neste sentido.
"E eu queria diretamente mandar esse recado pra ele, dizendo que a gente abraça, que ontem além de ter ficado com muita raiva e emocionada com aquilo, porque eu fui atleta durante vários anos da minha vida. E perguntar pras autoridades também espanholas, pro governo como um todo, qual será o próximo passo?", questionou a ministra.
A LaLiga tem um histórico de práticas racistas que devem ser enfrentadas urgentemente. Esta atenção especial à luta contra o racismo nos esportes foi um dos destaques do compromisso bilateral assinado no último dia 9 entre Brasil e Espanha. O memorando de entendimento entre os países inclui o trabalho conjunto para reconhecer a subnotificação dos casos e atuar na proteção das vítimas, com acolhimento e apoio jurídico. O oposto do que fez o presidente da LaLiga, Javier Tebas, ao sugerir que o próprio jogador seria culpado pela situação racista que viveu.
"Inadmissível, que, em 2023, a gente ainda tenha que estar aqui chamando a imprensa, em uma coletiva, falando sobre racismo. Enquanto tiver sangue correndo nas minhas veias, enquanto a gente estiver à frente desta pasta da Igualdade Racial, vamos cuidar do povo brasileiro preto, seja aqui, seja fora do país, porque se tem uma coisa que assola a nossa comunidade preta é o racismo", destacou Anielle.
Por todo esse histórico de racismo e xenofobia inadmissíveis, a intenção primeira do Ministério é agir concretamente para dar encaminhamento de resposta ao que ocorreu ontem na partida, e, posteriormente, consolidar mecanismos de prevenção e responsabilização em todas as esferas, em relação às torcidas, à arbitragem, aos times, e aos organizadores do campeonato. O governo brasileiro não tolera racismo nem dentro nem fora do Brasil.
Essa pauta é prioritária para o Ministério da Igualdade Racial, que e parceria com o Ministério dos Esportes constituiu um Grupo de Trabalho para formular um programa robusto e atualizado com medidas de enfrentamento ao racismo e à discriminação no esporte, que terá em seu escopo atenção às práticas esportivas no Brasil e também na proteção a atletas no exterior.
O MIR não vai descansar enquanto casos como esse ocorrerem. Esse é um caminho irreversível.