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Ministério da Igualdade Racial apoiará família de João Pedro e de Miguel, vítimas fatais de casos emblemáticos de racismo
Equipe do Ministério da Igualdade Racial recebe familiares de João Pedro. Foto: Luna Costa/MIR.
No dia em que completam 3 anos do assassinato de João Pedro durante operação policial no Rio de Janeiro, em 2020, a mãe e o pai do adolescente estiveram no Ministério da Igualdade Racial e receberam pleno apoio do órgão para as demandas de ação por justiça. Rafaela Matos e Neilton Costa foram atendidos pela secretária-executiva Roberta Eugênio, pela secretária adjunta Adriana Marques, e pela assessora especial para assuntos estratégicos Marcelle Decothé, e entregaram petições por justiça que somam mais de 6 milhões de assinaturas.
Os pedidos tratam da justiça e reparação pelas mortes dos garotos negros João Pedro e também Miguel Otávio, morto ao cair de um prédio em Recife (PE) quando estava sob os cuidados de Sari Corte Real, que era empregadora da mãe do garoto. O assassinato completa 3 anos no dia 2 de junho e Sari foi condenada por abandono de incapaz que resultou em morte, mas segue em liberdade. A mãe de Miguel, Mirtes Renata, enviou uma carta com sua mensagem para ser lida no encontro, organizado pela equipe da plataforma de abaixo-assinado e ativismo digital para mudança social Change.Org.
No mesmo dia da reunião, o Ministério da Igualdade Racial lançou, no Ceará, a Caravana Juventude Negra Viva, um movimento de escuta popular que percorrerá todos os estados do país como etapa de construção do Plano Juventude Negra Viva. Um dos principais focos do plano é a redução da letalidade entre jovens negros de todo o Brasil: segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2021, pessoas negras representaram 77,6% das vítimas de homicídio doloso. O programa também abrangerá as áreas de segurança pública e acesso à justiça; geração de trabalho, emprego e renda; educação; democratização do acesso à cultura e à ciência e tecnologia; promoção da saúde e garantia do direito à cidade.
Pedido de socorro ao Ministério
“Estamos aqui para pedir socorro, pedir ajuda nessa missão por justiça. O Brasil, o mundo e minha família merecem resposta. São mais de 3 milhões de pessoas que também querem justiça pelo meu filho João Pedro”, enfatizou o pai de João Pedro.
A secretária-executiva se solidarizou com as famílias e destacou que o estado brasileiro deve desculpas, não apenas pela morte de João Pedro e Miguel, mas por todas as crianças e adolescentes vítimas de violência e asassinato. “É inaceitável que um país permita que seus jovens sejam mortos, que não promova a dignidade de seu povo. É por isso que o Ministério da Igualdade Racial tem como missão construir condições concretas para que a nossa juventude esteja viva. Para ter dignidade é preciso estar vivo”, ressaltou a secretária, que garantiu apoio imediato do Ministério em tudo o que for possível dentro das atribuições institucionais.
“São três anos sem a presença física do meu filho, hoje não é um dia fácil. Estamos clamando por justiça, pois nós perdemos o direito à vida. O direito à vida do nosso filho foi violada pelo estado”, lamentou a mãe de João Pedro.
Ações - Roberta Eugênio e Marcelle Decothé colocaram o Ministério institucionalmente à disposição das lutas das famílias e se prontificaram a atuar não apenas nos eixos de reparação, memória e justiça, que vêm sendo desenvolvidos pelo MIR em outras agendas, mas também em acelerar debates sobre a criação de um fundo que possibilite apoio psicossocial às famílias vítimas de violência, entre outras demandas de articulação com órgãos do poder público nos estados para pressionar por celeridade nas investigações.
“Reforçamos o compromisso com a justiça e reparação por todas as vidas negras e faremos isso com política pública. Enquanto estivermos aqui isso vai ser prioridade”, reforçou Marcelle, que agendou nova conversa com a família para tratar de articulações específicas e apoio mais direto a ambos os casos.
Ao final do encontro, Neilton Costa agradeceu o apoio do Ministério e revelou a satisfação em ver um órgão do governo formado por mulheres negras, que também vieram da favela. “Dá uma satisfação em ver pessoas como vocês no poder. Pessoas que lutam pela nossa causa, pelo nosso povo preto. Pessoas que sabem o que a gente tá falando”.
“Nós é que nos sentimos honradas em receber vocês. Esse Ministério é fruto da nossa luta, ele é nosso. Podem ter certeza de que esse também é o ministério do João”, agradeceu Marcelle.