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GTI de Comunicação Antirracista realiza 1ª escuta técnica a especialistas
Foto: Ana Luísa Pontes/MIR
O Grupo de Trabalho Interministerial de Comunicação Antirracista deu início, nesta quinta-feira (07), à etapa de escuta técnica com especialistas para a construção do Plano de Comunicação Antirracista na Administração Pública. Nesta primeira reunião, três convidados apresentaram questões s e propostas a serem debatidas com o Grupo.
A Secretária-Executiva do Grupo e coordenadora-geral de imprensa do Ministério da Igualdade Racial, Raio Gomes, iniciou a sessão destacando que “a partir da elaboração e execução desse plano, viveremos um momento histórico de transformação na forma que o combate ao racismo é visto de maneira institucional no âmbito da comunicação”.
Na sequência, Fernanda Rodrigues, doutoranda em direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e especialista em racismo algorítmico, deu início às atividades com a apresentação “Antirracismo nos serviços digitais de comunicação: evidências e propostas para a formulação de políticas públicas”.
De acordo com a pesquisadora, “de mais de 700 processos [de racismo online] registrados entre 2010 e 2022, os tribunais brasileiros na área civil só conseguiram analisar efetivamente 107 decisões. Então, o que que tá acontecendo com essas denúncias que elas não estão chegando e não estão sendo julgadas pelo judiciário?”
Fernanda ainda debateu a moderação de conteúdos nas redes sociais e propôs direcionamentos de combate ao racismo para o Plano, como o apoio à construção de uma regulação de plataformas digitais e um programa de conscientização para proteção dos direitos humanos no ambiente digital.
O segundo tema discutido foi Racismo e digital: diagnóstico e caminhos, apresentado por Nina Santos. A pesquisadora no Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Democracia Digital debateu os desafios que as pessoas negras enfrentam ao exercitarem o direito à comunicação no ambiente digital.
“Após um caso de racismo, a vida e a exposição das pessoas negras em diversos ambientes, inclusive nos digitais, passa a ser quase exclusivamente pautado pelas questões raciais. Portanto, pouco importam as particularidades da pessoa, ela passa a ser vista exclusivamente enquanto vítima”, apontou Nina.
Fechando as apresentações do encontro, o professor especialista em publicidade Carlos Augusto, falou sobre Publicidade e Raça no Brasil. O pesquisador fez um apanhado de peças publicitárias utilizadas pelo governo federal e empresas privadas e as relacionou com os estereótipos negros, expondo como o racismo opera nesse contexto.
Segundo o professor, “o negro pouco aparece [em peças publicitárias], mas quando ele aparece, é atendendo a estereótipos racistas do bom negro, o selvagem, a mulher negra sexualizada, a pessoa negra em imagens de pobreza ou associados a temas negativos”. O professor ainda apresentou propostas de como realizar campanhas eficazes e evitar estereótipos racistas.
No dia 14, serão ouvidos outros especialistas no eixo de Comunicação Institucional e Governamental e Comunicação Pública.