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IEN e Atomum: parceria no desenvolvimento e aplicação de tecnologia nacional de radiotraçadores
Aferição de medidores de vazão em gasoduto. Foto: Grupo de Radiotraçadores do IEN e Atomum
O grupo do LATER, Laboratório de Aplicações Tecnológicas de Radiotraçadores do Instituto de Engenharia Nuclear (IEN/CNEN), que tem tradição de mais de 15 anos de trabalhos acadêmicos na área de aplicações na indústria e meio ambiente da metodologia de radiotraçadores, dedica-se ao desenvolvimento de novas metodologias e síntese de novos radiotraçadores para aplicações industriais.
“Uma das finalidades do Instituto, desde a sua criação, é contribuir com o desenvolvimento de metodologias e dispositivos que são então transformadas em inovações tecnológicas para serem transferidas à indústria. Em parceria com a empresa Atomum Serviços Tecnológicos Ltda (fundada em 2016 e com sede na incubadora de empresas da COPPE/UFRJ), temos participado intensamente na execução de inspeções que empregam radiotraçadores em plantas industriais”, acrescenta o físico Luís Brandão, coordenador do grupo.
Radiotraçador é um composto químico marcado com um elemento radioativo, podendo ser rastreado por detectores de radiação especiais posicionados externamente na unidade inspecionada. Os radiotraçadores utilizados na avaliação de processos industriais tem como principal característica a meia-vida curta, ou seja, eles se decaem rapidamente sem qualquer prejuízo para as pessoas, meio ambiente ou equipamentos.
A citada parceria da Atomum com o LATER do IEN já se concretizou em quatro projetos de aplicações de radiotraçadores em plantas industriais, a saber:
- Com a Petrobras, está terminando a fase de pesquisa e desenvolvimento (P&D) com perspectiva de início da prestação de serviços em 2025, de um projeto intitulado “Utilização da Técnica de Radiotraçadores para Detecção e de Vazamentos em Permutadores de Calor do Tipo Circuito Impresso Operando em Alta Pressão”, metodologia inédita da aplicação de radiotraçadores em plataformas offshore de produção de petróleo e derivados. A aplicação desta metodologia possibilita a identificação imediata de fugas neste tipo de equipamento e a redução no tempo de parada comparado com o método tradicional de inspeção resultando para o usuário a redução de custos de manutenção e garantindo uma operação mais segura do equipamento.
- Com a NTS, empresa responsável pelo transporte no Sudeste de gás natural em dutovias, foi desenvolvida uma metodologia não invasiva para a aferição de medidores de vazão ultrassônicos instalados nas linhas de transporte de gás natural. Com a aplicação dos radiotraçadores da parceria IEN-Atomum foi possível não só aferir o medidor de vazão com precisão exigida pelo mercado, como também estudar e modelar o perfil de escoamento do gás natural dentro do duto.
A contribuição do IEN é a síntese do radiotraçador marcado com iodo-131, e o injetor deste radiotraçador específico para gás natural, que é objeto de uma patente de 2024, compartilhada pelo IEN, Atomum e Petrobras. O projeto foi tão bem-sucedido que foi apresentado no congresso internacional “Rio Oil&Gas” deste ano.
- Outra inovação tecnológica que está sendo desenvolvida pela parceria é um dispositivo empregado na medição de profundidade de poço para ser empregado em empresas de prospecção onshore. O projeto está na fase de teste em uma planta no nordeste do Brasil e muito em breve essa inovação estará disponível para usuários no mercado de óleo e gás.
- Paralelamente aos projetos já citados, a parceria IEN-Atomum resultou também na aplicação de radiotraçadores na otimização de uma planta tratamento de efluentes industriais (ETE). O resultado da aplicação permitiu a identificação de problema operacional em um tanque de tratamento aeróbico que após o uso da metodologia permitiu a equipe de operação da ETE realizasse alterações no processo que resultaram no aumento e na qualidade do efluente tratado.
O Grupo de Radiotraçadores do IEN é composto atualmente de dois doutores e dois técnicos do IEN. Há também dois bolsistas de nível superior com verba da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).
Já a Atomum conta em seu quadro de funcionários com dois engenheiros nucleares, dois físicos que trabalham como supervisores de proteção radiológica e um chefe administrativo. Como colaboradores, tem dois bolsistas pagos pela Petrobras, uma química e um engenheiro mecânico.
Por Henrique Davidovich
Setor de Comunicação Social do IEN/CNEN