Notícias
DISCUSSÕES REALIZADAS EM DOIS DIAS VÃO NORTEAR PROPOSTAS DO SETOR NUCLEAR A SEREM APRESENTADAS DURANTE A 5ª CNCT&I ORGANIZADA PELO MINISTÉRIO DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO.
Questões cruciais para o setor nuclear marcam o primeiro dia da Conferência Temática realizada pela CNEN, no Rio de Janeiro
A julgar pelo nível das apresentações e o envolvimento nos debates ocorridos na manhã desta quarta-feira, 20, durante o painel “Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação”, na abertura da Conferência Temática Ciência e Tecnologia Nuclear, o setor nuclear será bem representado na 5ª Conferência Nacional de CTI (5ª CNCTI), nos dias 4, 5 e 6 de junho de 2024.
Organizada pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), no Rio de Janeiro nos dias 20 e 21 de março, a Conferência Temática conta com a participação de especialistas da própria CNEN e de várias instituições do setor nuclear brasileiro, como Indústrias Nucleares Brasileiras (INB), Amazul, Marinha do Brasil, Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (Cetene), WiN Brasil, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ), Faperj, entre outras.
Durante os painéis de abertura, os mecanismos de transferência tecnológica, inovação e empreendedorismo, e os instrumentos de fomento, cooperações nacionais e internacionais renderam debates importantes para o setor.
Paula Helena Ortiz Lima, diretora-presidente do Centro de Inovação e Empreendedorismo e Tecnologia (CIETEC), comentou que a área nuclear tem um grande potencial de inovação, entretanto, esse potencial está represado, seja pela questão do parque de equipamento instalado, considerado obsoleto para realização de pesquisas de ponta, seja pela falta de recursos humanos especializados.
“É primordial a necessidade da renovação de recursos humanos. Existe o potencial, mas ultimamente o setor enfrenta grandes desafios. Acredito que melhorando a questão da comunicação, fazendo com que a sociedade e o governo entendam a importância da área nuclear brasileira em diferentes áreas de atuação como a medicina nuclear, sustentabilidade até as contribuições na agricultura o cenário evolua”, pontuou Paula Lima.
Incentivadora de redes de inovação, Paula destacou, ainda, que, indo ao encontro da descarbonização, a energia nuclear é uma fonte de energia limpa e é a partir daí que o potencial do setor pode ser destacado.
Segundo o pesquisador e membro da Diretoria de Ciência, Tecnologia e Inovação do
Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (IPEA), Marcos Toscano, é muito importante para o setor nuclear a realização desses eventos preparatórios, pois o setor é estratégico para o Brasil.
Ele destacou que um dos maiores desafios do setor é explicar para a sociedade a sua missão de forma clara, compreensível e concreta, deixando evidente o que entrega hoje e o que pode entregar no futuro.
“Estamos em um momento crítico para o setor nuclear do Brasil. Isso ocorre por conta do modelo jurídico que foi pensado para ele, no passado. Hoje, há desafios a serem superados no que diz respeito à possibilidade de interação entre o setor público, universidades e empresas particulares. Isso ocorre porque temos um arcabouço jurídico que, na minha opinião, poderia ser repensado para gerar modelos de negócios mais flexíveis”, disse Toscano.
Um novo modelo, segundo ele, poderia “incentivar um florescimento de um ecossistema de empresas nacionais que trabalhem com inovação no setor nuclear, tanto na área de mineração quanto no desenvolvimento de novos modelos de reatores, como também em a linha de P&D aplicada ao setor nuclear, como o que está acontecendo nos Estados Unidos e na Europa, por exemplo”. Toscano acredita que, somente a partir daí, será possível capacitar o setor, atrair gente jovem das universidades e da iniciativa privada para atuar em cooperação.
Maurício Guedes, da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado do Rio de Janeiro, que mediou as primeiras apresentações do dia, destacou que é de suma importância falar sobre a inovação do setor nuclear e sobre os mecanismos de transferência de tecnologia para a sociedade e para a comunidade científica do mundo inteiro.
“Temos a obrigação de gerar conhecimentos e soluções para o Brasil, mas temos uma grande dificuldade de criar caminhos para transferir esse conhecimento, principalmente na forma de produtos e serviços que possam ser oferecidos para a sociedade. Como essa transferência, normalmente, se faz por meio de empresas, é um grande desafio desobstruir esses canais de comunicação entre o setor privado e as instituições de ciência e tecnologia da área nuclear. Só assim a sociedade vai se beneficiar com a oferta de produtos e serviços inovadores”, finalizou Guedes.
O mediador destacou que os palestrantes e os debatedores do painel “Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação”, no primeiro dia da Conferência Temática, certamente, levantaram pontos relevantes para serem levados adiante nas discussões para a formulação do relatório final que será submetido à Conferência Nacional.
A Conferência temática termina no dia 21 com uma série de discussões relevantes que envolvem os programas e projetos estratégicos para o setor e o ensino, formação especializada, mercado de trabalho e comunicação pública.
Para assistir a Conferência, clique aqui.
Texto: Ulysses Varela – Ipen/Cnen