Notícias
Pesquisadora do IEN/CNEN participa de desenvolvimento de dosímetros avançados para o combate ao melanoma
O projeto intitulado “Skin dosimetry in advanced radiological techniques” (Dosimetria de pele em técnicas radiológicas avançadas) é uma parceria entre pesquisadores do Brasil e da Itália, inclui a pesquisadora do IEN Luciana Carvalheira e visa o desenvolvimento inovador de dosímetros para o tratamento do câncer de pele do tipo melanoma. Por parte do Brasil, além do IEN, participam no projeto o Laboratório de Engenharia de Polimerização (Engepol) da COPPE, o Departamento de Energia Nuclear (DEN) da UFPE, o Departamento de Física (DFI) da UFS e o Instituto de Saúde e Sociedade (ISS) da UNIFESP. Do lado italiano, estão pesquisadores da Universidade de Pisa (UNIPI) e da Universidade de Pavia (UNIPV). O projeto tem caráter multidisciplinar, englobando áreas da ciência básica como química, física e matemática.
(Na foto ao lado, da esquerda para a direita, a pesquisadora Luciana Carvalheira e a doutoranda Nicolis Amaral)Os dosímetros em questão são sensíveis (exclusivamente) à radiação constituída de nêutrons, e são feitos de filmes poliméricos com cristais de borato de magnésio dopado com lítio e cério. O núcleo de boro absorve um nêutron emitindo uma partícula alfa e esses filmes conseguem mostrar por luminescência, ou seja, um fenômeno óptico, o local onde ocorreu a interação entre o nêutron e o átomo de boro. Dessa forma, é possível mapear esta interação para ajustar a quantidade desejada de radiação alfa, que é bastante utilizada no tratamento do melanoma. A uso desses dosímetros seria em hospitais e clínicas que estejam aptos a utilizar a técnica BNCT (boron neutron capture technique) para tratar esse tipo de câncer.
Esses dosímetros apresentam vantagem sobre os já existentes em virtude de possuírem nanocristais. Em escala nanométrica, os efeitos de luminescência desses cristais são mais eficientes e, em consequência, o mapeamento da interação entre o nêutron e o átomo de boro é mais eficaz.
A pesquisadora do IEN, Luciana Carvalheira, destaca três inovações do projeto: “(1) ofertar à sociedade um produto melhor para o tratamento do melanoma, reduzindo os efeitos colaterais de dano ao tecido saudável vizinho; (2) usar uma metodologia de obtenção de filmes poliméricos contendo nanocristais que combina, de forma inédita, técnicas da nanotecnologia e polímeros; e (3) inaugurar essa linha de pesquisa no IEN.”
No IEN, os trabalhos tiveram início em meados de fevereiro de 2021, com o apoio do projeto Finep do Reator Argonauta para a inserção da bolsista Nicolis Amaral, doutoranda em Engenharia Química da COPPE. Nicolis vem realizando toda a parte de pesquisa e experimentos do projeto, sob a supervisão de Luciana. Ao longo deste ano, vem liderando os trabalhos em meio às dificuldades de acesso e de realização dos experimentos impostas pela pandemia. A bolsista conseguiu atingir grande parte dos objetivos propostos, que compreendem, por exemplo, a síntese e a caracterização do borato de magnésio dopado com lítio e cério, assunto sobre o qual são bastante escassas as informações na literatura especializada.
O projeto tem seu fim estabelecido para janeiro de 2022. “É grande a expectativa da equipe com relação à publicação de um artigo contendo os resultados inovadores. Almeja-se ainda que o projeto continue para que patentes sejam depositados e que mais conhecimento seja gerado”, conclui Luciana.
Reportagem e texto de Henrique Davidovich
(Setor de Comunicação Social do IEN)