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Ministério de Minas e Energia traça política de investimentos ao setor nuclear
Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, em encontro com a diretoria da Rosatom em Brasília no dia 2 de dezembro de 2024. Foto: Tauan Alencar
O Governo Federal, através do Ministério de Minas e Energia (MME), vem se dedicando em fortalecer o setor nuclear do Brasil visando ter uma opção de energia limpa e sustentável para abastecer o país. No último dia 2 de dezembro, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, se reuniu com a diretoria da Rosatom, que é a maior empresa nuclear da Rússia, com o objetivo justamente de trazer investimentos em estudos sobre o conhecimento do potencial mineral brasileiro e implantar sua própria rede de pequenos reatores nucleares (SMRs).
De acordo com o ministro, existe o planejamento para lançar uma política nacional para traçar uma cadeia nuclear, aproveitando que os SMRs se tornaram uma tendência mundial não só por parte de órgãos públicos que atuam no setor energético, mas também pela iniciativa privada.
“Estamos dando início ao novo processo de estruturação da energia nuclear brasileira, uma energia firme e com baixo impacto ambiental. O presidente Lula está liderando, com firmeza, o renascimento da energia limpa no Brasil”, afirmou Silveira.
O assunto também havia sido pauta de encontros do MME com representantes do setor dos Estados Unidos e da China, e seria abordado no encontro entre o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente russo Vladimir Putin, que aconteceria em outubro, porém a viagem para a Rússia foi cancelada em função do acidente doméstico sofrido pelo chefe do Executivo Brasileiro.
Durante a reunião com a Rosatom, foi estabelecido um cronograma para que o grupo de trabalho chegue a um acordo definitivo para a cooperação na área nuclear até o final de 2025. Para a delegação russa, há potencial de 1,1 GW de geração nuclear no Brasil até 2035, sendo 0,6 GW na modalidade onshore, com 12 reatores, e 0,5 GW offshore, com dez reatores.
Fortalecimento da política nacional de urânio
O MME também aproveitou a expertise da Rosatom para buscar investimentos em estudos para o conhecimento do potencial mineral brasileiro. Hoje, o Brasil possui a sétima maior reserva de urânio do mundo, com 276 mil toneladas segundo dados da Associação Nuclear Mundial (WNA) – a maior se encontra na Austrália, com 1,6 milhão de toneladas.
Para o ministro Alexandre Silveira, no entanto, o país tem potencial para ter a terceira maior reserva desse elemento químico, pois só tem conhecimento de 26% do seu subsolo.
Nesse sentido, a política nacional que está sendo planejada pelo setor tem como pontos principais modernizar a usina nuclear Angra 1, concluir as obras de Angra 3, além de explorar os recursos minerários de urânio e implementar a cadeia nuclear.
“Os pequenos reatores nucleares podem reduzir o custo com transmissão de energia elétrica e aumentar a segurança do atendimento em regiões com sistemas isolados. Para isso, é preciso acelerar a cadeia de mineração de urânio, desde a pesquisa, lavra e concentração até o desenvolvimento da cadeia energética com a produção de combustível nuclear”, complementa o titular do Ministério de Minas e Energia.
Essas recentes iniciativas pretendem tornar o Brasil um produtor independente de pequenos reatores, a partir de acordos de “transferência de tecnologia”, além de atraírem investimentos externos para abertura de novas operações de data centers, que costumam gerar um grande consumo de energia.
Escrita por: José Lucas Brito