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Laboratório de Nanorradiofármacos do IEN/CNEN desenvolve nova droga contra a Zika e o câncer
O Laboratório de Nanorradiofármacos do Instituto de Engenharia Nuclear (IEN/CNEN) acaba de desenvolver uma nova droga capaz de combater a Zika e o câncer. O produto consiste em pontos quânticos de grafeno (GQDs, sigla em inglês para Graphene Quantum Dots) decorados com ácido fólico. Os pontos quânticos de grafeno são estruturas à base de grafeno (uma das formas cristalinas do carbono) com dimensão inferior a 100 nm (cem bilionésimos de metro) e o processo de decoração é a inserção de um composto na superfície do GQD, nesse caso o ácido fólico.
De acordo com o farmacêutico que coordena o laboratório, Ralph Santos-Oliveira, “em termos de Zika o produto representa um achado muito interessante, pois até o momento não existe tratamento contra a doença”. Os pontos quânticos de grafeno decorados com ácido fólico demonstraram ser eficazes para inibir a replicação do vírus e assim combater a doença de forma eficiente utilizando baixa concentração da droga, ou seja, com limite de segurança para o paciente. No caso da Zika, ela é para ser administrada na forma de comprimidos por via oral.
Utilizando os mesmos pontos quânticos de grafeno decorados com ácido fólico, o grupo de pesquisa conseguiu inserir de modo eficiente o radionuclídeo rádio-223. A inserção deste nuclídeo possibilitou o desenvolvimento de um novo nanorradiofármaco, altamente especializado e com potencial de uso como TAT (targeted alpha therapy, termo em inglês para terapia alfa direcionada). A TAT é hoje a terapia mais moderna e avançada contra o câncer, e esse fármaco poderia servir para tratar os cânceres de mama, próstata e ósseo. Para o câncer, a previsão é que a droga seja administrada por via intravenosa.
O Laboratório de Nanorradiofármacos do IEN conta atualmente com 26 pessoas trabalhando, recebe financiamento da própria CNEN, da FAPERJ e do CNPq e é um dos mais bem equipados no Rio de Janeiro na sua área. A pesquisa aqui referida resultou em um artigo no Journal of Pharmaceutics and Biopharmaceutics. Ralph enfatiza que “os resultados obtidos expressam avanço científico e tecnológico e despontam o IEN como centro de referência na pesquisa avançada de novas terapias.”
Reportagem e texto de Henrique Davidovich
(Setor de Comunicação do IEN)