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IEN vai receber verba de cerca de um milhão e meio de reais para implantar um cluster de computação paralela
Foi assinado no fim de junho de 2023 um convênio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) com o Instituto de Engenharia Nuclear (IEN) para um projeto de implantação de um cluster de computação paralela que será administrado pelo Serviço de Engenharia de Sistemas Complexos (SEESC). A verba concedida para este projeto é de até R$ 1.458.214,24. O chefe do SEESC e coordenador-geral do projeto é o cientista da computação do IEN Guilherme Jaime, que conta com uma equipe de dez servidores do Instituto vinculados ao projeto.
Mas afinal, o que é esse cluster de computação paralela? A computação paralela é um tipo de computação em que vários cálculos são realizados ao mesmo tempo, e o cluster é um grande computador com várias CPU’s (Central Processing Units) e GPU’s (Graphics Processing Units). Combinam-se dessa forma conceitos de computação paralela com computação acelerada (que é uma computação que se utiliza de um hardware para acelerar os trabalhos) para elevar a novos patamares a computação de alto desempenho. É o que tem sido chamado de computação avançada. Com o hardware desta máquina, que consiste em um único gabinete, é possível alcançar em minutos resultados que levam semanas ou até meses para serem alcançados em computadores pessoais.
Segundo o diretor do IEN, Fábio Staude: “Nos últimos anos, com um expressivo aumento do uso de métodos computacionais na representação e solução de modelos matemáticos que representam uma gama de problemas relacionados à área nuclear e correlatas, o IEN tem enfrentado gargalos por ter atingido seus limites de poder computacional. Dessa forma, a implantação deste cluster beneficiará diretamente o IEN e outras instituições de ensino e P&D, que poderão acessar remotamente o novo sistema.”
Já há interessados no uso do cluster tanto setores do próprio IEN quanto instituições como o CDTN/CNEN (Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear, em Minas Gerais), o IRD/CNEN (Instituto de Radioproteção e Dosimetria), o IME do Exército Brasileiro, o CEPEL (Centro de Pesquisas em Energia Elétrica), três programas da COPPE/UFRJ, a própria UFRJ através do seu PPGI (Programa de Pós-Graduação em Informática) e a UERJ, por meio do seu IPRJ (Instituto Politécnico do Estado do Rio de Janeiro, em Nova Friburgo) e do PEL (Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica).
O coordenador-geral do projeto, Guilherme Jaime, explica: “Há também interesse em realizarmos seminários sobre o tema e assuntos relacionados, além de propor disciplinas específicas para o curso de mestrado do IEN. A ideia é atrair usuário”.
Ainda segundo o cientista da computação: “Além da administração do sistema e da cooperação com os usuários interessados, o SEESC tem interesse intrínseco no projeto porque temos aqui três pesquisadores trabalhando na área de Inteligência Artificial (IA), que é amplamente beneficiada pela computação avançada. Os métodos de IA não tiveram grande avanço teórico desde as últimas décadas. A grande mudança de paradigma é ter passado a recorrer à computação avançada para processar massas de dados até então inimagináveis, como vemos no ChatGPT, que usa amplamente este recurso presente em Datacenters da Microsoft”.
É ele mesmo que completa: “Várias potencialidades podem ser vislumbradas. Por exemplo, para além de propiciar a cooperação entre grupos de pesquisa, pretende-se atrair mais alunos para o programa de mestrado do IEN. Além disso, a recente explosão do uso de IA impulsionou o interesse pelo hardware necessário e pelas técnicas de programação envolvidas, o que deve gerar oportunidades de pontes com o setor privado à luz da Lei da Inovação. Esta iniciativa do IEN tem um grande potencial de trazer inovações ao setor nuclear brasileiro e correlatos.”
Reportagem e texto de Henrique Davidovich
Setor de Comunicação Social do IEN