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CNEN atua no Exercício Itaorna 2023 para avaliar capacidade de resposta a emergências da Central Nuclear
Começou nesta quarta-feira, 16, o Exercício Geral Integrado de Resposta à Emergência e Segurança Física Nuclear na Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA) - Exercício Itaorna 2023, em Angra dos Reis (RJ). A CNEN participa com servidores de diferentes diretorias (DGI, DRS e DPD). Ao todo, aproximadamente, 60 entidades das esferas federal, estadual e municipal – cerca de 1.200 profissionais – participam da operação, que se estende até as 17h de quinta-feira, 17.
A coordenação do Exercício cabe ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI/PR), órgão central do Sistema de Proteção ao Programa Nuclear Brasileiro (Sipron). A organização detalhada das ações foi realizada pelo Comitê de Planejamento de Resposta a Situações de Emergência Nuclear no Município de Angra dos Reis (Copren/AR) e pelo Comitê de Planejamento de Resposta a Evento de Segurança Física (Copresf/AR), que reúnem representantes de diferentes instituições (ver boxe).
O Exercício tem início com a simulação de falhas técnicas que geram risco de acidente nuclear, no caso deste ano, nas bombas do sistema de fluído e controle da turbina de Angra 2. Por conta deste hipotético cenário, uma série de ações são adotadas: acionamento das sirenes; evacuação da central nuclear, com fechamento da BR-101 por cerca de 30 minutos; transporte de radioacidentado para o Hospital Naval Marcílio Dias, no Rio de Janeiro.
Além dessas, outras ações serão adotadas com a finalidade de garantir a segurança da população, como por exemplo a distribuição de kits de iodeto de potássio no bairro do Frade e na Vila Histórica de Mambucaba. A substância ameniza efeitos da radiação sobre o organismo humano. Haverá ainda embarque da população em ônibus rumo aos abrigos, de acordo com as zonas de planejamento de emergência.
Enquanto são realizadas ações dos órgãos envolvidos na evacuação da população, equipes de campo formadas por especialistas do Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD), uma das unidades da CNEN no Rio de Janeiro – RJ, realizam coleta de amostras ambientais na região e varreduras aéreas com veículos. Na simulação, estas equipes ficam de prontidão para medir a radioatividade na região e monitorar pessoas que possam ter recebido doses de radiação. O veículo de rastreamento do IRD percorre a região para realizar a detecção da taxa de dose no meio ambiente.
A CNEN também está presente em todos os centros de decisão montados em caso de acidente nuclear: Centro Nacional para Gerenciamento de Emergência Nuclear (Cenagen), Centro Estadual para Gerenciamento de Emergência Nuclear (Cestgen) e Centro de Coordenação e Controle de Emergência Nuclear (CCCEN). Em outra frente de ação, inspetores residentes, observadores e avaliadores da CNEN acompanham as atividades.
Na sede da CNEN, centros de ação são ativados para atuar na resposta à emergência. A Coordenação de Resposta a Acidente Nuclear (Coran) utiliza o software Argos para simular eventual pluma radioativa e estimar doses, possibilitando a recomendação de ações protetivas à população. A Coordenação de Resposta à Emergência (Core) avalia o cenário do acidente e toma decisões relacionadas à radioproteção e segurança nuclear. Coran e Core já estão de prontidão na Sede da Autarquia, na cidade do Rio de Janeiro.
O IRD utiliza seus profissionais e infraestrutura técnica e operacional para levantar dados e realizar análises dosimétricas e ambientais que auxiliam na tomada de decisões. Servidores do setor de Comunicação Social da sede da CNEN e de suas unidades atuam no Centro de Informações de Emergência Nuclear (CIEN).
“Compromisso do Brasil”
O coordenador técnico da Emergência da CNEN e chefe do Serviço de Proteção Radiológica da Coordenação de Reatores (Codre) da Comissão, Nilo Garcia da Silva, destaca que o exercício é também um compromisso do Brasil com organismos internacionais e demais países membros da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
“O Brasil é signatário da Convenção sobre Pronta Notificação de Acidente Nuclear e da Convenção sobre Assistência no caso de Acidente Nuclear ou Emergência Radiológica da AIEA. Estados-membros devem cooperar entre si e com a AIEA para facilitar a assistência imediata em caso de acidente nuclear ou emergência radiológica. Como parte destes compromissos, autoridades brasileiras publicarão informações sobre o andamento do Exercício Itaorna 2023 no site da AIEA”, afirma.
No Brasil, nunca houve o registro de acidentes relevantes em usinas nucleares. Os exercícios do plano de emergência são uma evidência do cuidado extremo que a área nuclear possui em todas as suas ações. As atividades são resultado, justamente, da preocupação em saber o que fazer, com competência e precisão, na remota hipótese de um acidente real. Desde 1996, são realizados, anualmente, exercícios de resposta à emergência nuclear na CNAAA. Apenas em 2020, em razão da pandemia, não houve este tipo de simulação.
“Espírito colaborativo”
A abertura oficial foi na manhã desta terça-feira, 15, no auditório do Centro de Gerenciamento de Operações da Defesa Civil de Angra. Estiveram presentes autoridades e demais integrantes das várias entidades envolvidas nas atividades, que serão realizadas nos dias 16 e 17 de agosto. Nos breves discursos realizados pelos representantes institucionais, ficou evidenciada a importância do espírito colaborativo e do entrosamento entre diferentes equipes, além da oportunidade de testar e aprimorar as ações de atendimento à emergência nuclear na CNAAA. À tarde, foi realizada exposição de equipamentos das instituições participantes do Exercício, no Colégio Naval de Angra dos Reis, aberta ao público.
A retomada dos exercícios, em 2021, voltou a contar com a participação de peritos e observadores nacionais e estrangeiros, incluindo integrantes da AIEA. Essa troca de experiências já resultou na revisão de legislação do setor e tem permitido um aperfeiçoamento contínuo do plano de emergência, o que se espera também desta atividade de 2023.
O presidente da CNEN, Francisco Rondinelli Jr., explica que “os exercícios fazem parte de um planejamento conjunto realizado pela CNEN, em parceria com o Sipron, com a superveniência do MCTI e do GSI, com mobilização das instituições envolvidas no atendimento a eventuais situações de emergência nuclear”.
De acordo com Rondinelli, o objetivo é testar vários aspectos operacionais do Sipron, “além de possibilitar a revisão e o aperfeiçoamento dos procedimentos técnicos e administrativos envolvidos, juntamente com o treinamento contínuo das diversas equipes técnicas que compõem esse importante arcabouço institucional.”
Copren/AR e Copresf/AR
Participam do Comitê de Planejamento de Resposta a Situações de Emergência Nuclear no Município de Angra dos Reis (Copren/AR) e do Comitê de Planejamento de Resposta a Evento de Segurança Física (Copresf/AR) profissionais da Eletronuclear; da CNEN; das polícias Federal, Rodoviária Federal, Civil e Militar do Estado do Rio de Janeiro; da Secretaria Nacional de Defesa Civil; das defesas civis do Estado do Rio de Janeiro e dos municípios de Angra dos Reis e Paraty; do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro (CBMERJ); da Agência Brasileira de Inteligência (Abin); do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama); e do Ministério da Saúde, entre outros órgãos.