Histórico
Depois da estrondosa estreia da energia nuclear para a humanidade, com as bombas de Hiroshima e Nagasaki, ficou patente quão grandiosa é a fonte nuclear de energia. Após o término da Segunda Guerra Mundial, países com maior capacidade de desenvolvimento tecnológico buscaram usufruir desta energia, enquanto os minérios radioativos passaram a ser alvo de desejo. Nações investiram recursos em pesquisas visando a geração elétrica e outros usos, como em medicina, indústria e agricultura. Neste esforço, os Estados Unidos construíram o primeiro reator de pesquisa em 1942 e a Rússia inaugurou em 1954 a primeira usina nuclear.
O Brasil, sabedor da vantagem competitiva de quem dominasse a tecnologia, acompanhou os desenvolvimentos do exterior, não se submetendo à condição de mero fornecedor de minerais estratégicos. Graças a visionários da época, como o Almirante Álvaro Alberto, esforços para a formação de especialistas foram dispendidos na década de 50 e foi criada a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Foram conseguidos inicialmente, com apoio do programa norte-americano “Átomos para a Paz”, dois reatores de pesquisa, que foram instalados em institutos da CNEN em São Paulo e Belo Horizonte. Apesar de este programa ter possibilitado esta conquista, ele criava dependência a fornecimentos externos.
Em uma primeira reação à dependência tecnológica, foi instalado no Rio de Janeiro o terceiro reator de pesquisa do país, o Argonauta, construído pela indústria nacional com o apoio de engenheiros brasileiros, mesmo sendo um projeto estrangeiro. Este sentimento de brasilidade, bem caracteriza a reação à dependência da época, que foi fundamental para a criação do Instituto de Engenharia Nuclear (IEN), constituído em 1962. Note-se que os presidentes Juscelino Kubitschek, João Goulart e Castello Branco, com diferentes posições políticas, dedicaram atenção ao Argonauta e ao IEN, o que prova que eles consideravam o uso da energia nuclear para fins pacíficos como um programa do Estado brasileiro.
Atento ao desenvolvimento de aplicações e técnicas da energia nuclear no mundo e às nossas necessidades, o IEN veio a se transformar no centro de pesquisa atual, com inúmeros laboratórios, grupos de estudos, ensino e pesquisas, e o cíclotron para produção de radiofármacos. Assim, trata-se de órgão de apoio técnico para todo o setor nuclear brasileiro.