SEÇÃO DE ARBOVIROLOGIA E FEBRES HEMORRÁGICAS
Os primórdios da Seção de arbovirologia e febres hemorrágicas (SAARB) ocorreram ainda em 1953, a partir de um acordo histórico entre o antigo Serviço Especial de Saúde Pública (SESP) e a fundação Rockefeller (FR) para estabelecer um programa de estudo de arbovírus na região Amazônica, sendo a ideia concebida por um grupo de cientistas administradores da FR, incluindo o Dr Max Theiler (ganhador do premio Nobel em 1951 pela criação da vacina da febre amarela). Estes cientistas acreditavam que a febre amarela provavelmente não era o único arbovírus a causar sérios problemas no mundo, o que culminou com a criação, no ano de 1954, do Laboratório de Vírus em Belém, sendo os estudos iniciais conduzidos pelo casal de pesquisadores Ottis Causey e Calista Causey. Os cientistas da FR estavam certos, de forma que milhares de arbovírus (vírus transmitidos por artrópodes hematófagos, como mosquitos, por exemplo) e outros vírus de vertebrados foram isolados e caracterizados desde então, culminando com uma coleção de 220 espécies de arbovírus e outros vírus de vertebrados.
Atualmente, a SAARB está localizada na sede de Ananindeua do Instituto Evandro Chagas e possui uma estrutura física com mais de 10 laboratórios, incluindo o Laboratório Nível de Biossegurança 3 (NB3) e Nível de Biossegurança Animal 2 e 3 (NBA-2 e NBA3). Possui laboratórios certificados pela ISO 15189 dede 2018 (laboratório de biologia molecular e sorologia I e II) e em franco aumento do escopo para os demais laboratórios da seção.
Ainda hoje, a SAARB desenvolve estudos voltados para o isolamento de arbovírus e sua caracterização físico-química, morfológica, sorológica e molecular, bem como os estudos eco-epidemiológicos, onde são capturados mosquitos (vetores transmissores do vírus) e coletadas amostras biológicas de animais silvestres e humanos (hospedeiros) para a tentativa de isolamento viral.
São ainda realizadas na SAARB a vigilância e diagnóstico laboratorial para os principais arbovírus circulantes no Brasil, como atividade de Laboratório de Referência Nacional para este agravo, junto a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde.
A SAARB também desenvolve estudos: de inquérito sorológico; experimentais com roedores e primatas não humanos para o entendimento sobre a patogênese dos arbovírus; moleculares com sequenciamento nucleotídico, filogenéticos e de evolução; produção de proteínas recombinantes e imunobiológicos, desenvolvimento de novos protocolos de diagnóstico; avaliação de kits comerciais; e estudos clínicos sobre arboviroses.
A seção também realiza estudos sobre o vírus da Raiva e as Hantaviroses que tem aspectos ecológicos comuns com os arbovírus e estão associados com quadro clínico grave caracterizado como febre hemorrágica viral. Participa de formação de recursos humanos em programa de iniciação cientifica e programa de pós-graduação (mestrado e doutorado). Na área cientifica colabora com instituições nacionais e internacionais.