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VARIANTE P.1 DO SARS-CoV-2, INVESTIGADA COMO RESPONSÁVEL DO AUMENTO DE CASOS DA COVID-19 NO AMAZONAS, É ENCONTRADA NO PARÁ
O Instituto Evandro Chagas (IEC), órgão ligado à Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde – SVS/MS emitiu nota técnica na última sexta-feira (29/01) confirmando a circulação da nova variante do SARS-CoV-2, denominada de P.1, no Estado do Pará. A nova variante foi encontrada em dois pacientes no município de Santarém: um homem de 58 anos e uma mulher de 26 anos de idade. Essa última paciente, refere não ter histórico de viagem, nem contato com pessoas do Amazonas, sendo considerado o primeiro caso autócne no estado do Pará. A referida variante tem sido estudada e tem sido apontada como a responsável pelo aumento do número de casos em Manaus desde dezembro de 2020.
O trabalho de investigação para a descoberta da nova cepa, além de outras variantes, é atribuição do Laboratório de Vírus Respiratórios da Seção de Virologia do IEC, como Centro Nacional de Influenza (NIC em inglês) da Organização Mundial de Saúde (OMS). Para isso é necessário realizar o sequenciamento genômico .
O sequenciamento do genoma viral é uma metodologia que permite analisar a sequência de nucleotídeos que compõe o material genético do SARS-CoV-2. Os dados gerados a partir do sequenciamento possibilitam a realização de estudos que buscam o desenvolvimento de novas terapêuticas para tratamento, a investigação dos possíveis casos de reinfecção, bem como a vigilância genômica, que tem permitido a identificação das novas variantes de SARS-CoV-2. A vigilância genômica integrada à vigilância epidemiológica geram informações que subsidiam a tomada de decisões que visam minimizar os impactos da COVID-19 na população.
Atualmente existem diferentes plataformas sequenciamento de nova geração (NGS em inglês), que permitem a análise completa do genoma viral. O Laboratório de Vírus Respiratórios do Instituto Evandro Chagas têm utilizado duas principais das plataformas nas investigações envolvendo o SARS-CoV-e e a COVID-19, são elas: Illumina NextSeq e Ion Torrent 5S. Ambas as plataformas geram uma alta cobertura genômica, minimizando a possibilidade de erros durante o sequenciamento e consequentemente maior fidelidade dos resultados.
MUTAÇÕES E VARIANTES: O aparecimento de mutações é um evento natural e esperado dentro do processo evolutivo de qualquer vírus, especialmente os que possuem ácido ribonucleico (RNA em inglês) como seu material genético, como é o caso do SARS-CoV-2. Isto acontece em virtude de falhas são geradas pelo sistema de reparo de erros de síntese da fita de RNA, durante a replicação viral.
Dada a evolução genética do SARS-CoV-2, grupos de pesquisadores desenvolveram sistemas para a classificação das linhagens, entre eles, o PANGOLIN (PHYLOGENETIC ASSIGNMENT OF NAMED GLOBAL OUTBREAK LINEAGES) e nesse sistema, são agrupadas as diversas variantes.
Apesar da maioria das mutações encontradas nas diferentes linhagens circulantes atualmente não ter impacto significativo na disseminação do vírus, algumas estão sob vigilância em todo o mundo, a fim de compreender o seu papel, quanto ao aumento significativo de transmissibilidade e patogenicidade, e por consequência, o impacto nos sistemas de saúde com a elevação das taxas de hospitalização.
No Brasil, a maior preocupação diz respeito a variante P.1 da linhagem B.1.1.28,. Ela foi notificada por autoridades de Saúde do Japão à OMS e ao Brasil no dia 09 de janeiro de 2021, após ter sido identificada em quatro pacientes oriundos de Manaus/Amazonas. Esta nova variante apresenta mutações semelhantes àquelas detectadas nas variantes da África do Sul e Reino Unido. Devido ao maior número de casos e óbitos relacionados à COVID-19 registrados após o surgimento destas variantes, sugere-se que elas possuem maior poder de transmissibilidade.
VIGILÂNCIA GENÔMICA NO BRASIL: Além do sequenciamento genético de rotina, que é parte da atuação do IEC frente ao combate à pandemia desde abril, a instituição faz parte do Projeto da Rede Nacional de Sequenciamento Genético para a Vigilância em Saúde, que é gerenciado pela Coordenação-Geral de Laboratórios de Saúde Pública (CGLAB), do Departamento de Articulação Estratégica de Vigilância em Saúde (DAEVS), da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS). Esse projeto tem por objetivo o sequenciamento de 1.200 genomas de SARS-CoV-2 em todo o território nacional. Este estudo permitirá o monitoramento da propagação e da variabilidade genética do SARS-CoV-2, que é uma estratégia crucial para implementação de medidas de prevenção e efetivo controle da pandemia de covid-19 no Brasil.
Confira a Nota Técnica do Instituto Evandro Chagas