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Pesquisador do Instituto Evandro Chagas lança livro sobre Síndrome Febril
A Febre como um sinal/sintoma, sempre esteve presente na história da humanidade. As doenças que a causam possuem relatos de pelo menos 7 mil anos. Na bíblia, no evangelho de São Marcos, existe uma citação, a qual descreve uma visita de Jesus Cristo à sogra do apóstolo Pedro que padecia de febre. Sua importância é significativa para a história da medicina. Por esse motivo o pesquisador do Instituto Evandro Chagas (IEC) Francisco Luzio de Paula Ramos decidiu desenvolver uma pesquisa de doutorado sobre o tema. E o resultado desse trabalho se transformou no livro “Abordagem à á síndrome febril tendo a análise o hemograma como ponto de partida”, lançado pela editora Appris.
Médico de formação, com mestrado em Clínica das Doenças Tropicais, o pesquisador do IEC, desde 1987 ressalta porque quis se debruçar no tema para obtenção do seu título de doutorado. “A febre tem uma abrangência do tamanho e da idade da medicina. Ela é um tema muito apelativo por ser um sinal/sintoma onipresente. Ela está presente em todas as especialidades médicas, em todas as idades, em todas as classes sociais, crenças, raças, etc. Originando-se das entranhas do homem, ela existe desde que o homem existe”, explica.
Como a febre está presente em todo o tipo de doença, o pesquisador quis discorrer na obra de que forma ela pode se apresentar, nas doenças infectocontagiosas, como malária, febre tifóide, leptospirose, toxoplasmose, dengue, chikungunuya, AIDS, tuberculose, entre outras. Porém como a febre vai além, Francisco Luzio também aborda a presença dela em outras áreas como as doenças autoimunes e cancerígenas.
“A principal finalidade minha é mostrar nossa experiência na abordagem a essas doenças infecciosas, que são tão frequentes na nossa região e ainda carecem de uma abordagem mais afinada com a nossa realidade. Aprendi a chegar ao diagnóstico dessas febres, às vezes tão desafiadoras, usando ferramentas laboratoriais simples, no que pese à complexidade de alguns casos. Mas, o segredo começa pelo reconhecimento clínico delas, por isso escolhi uma abordagem diferente, calcada em ampla discussão sobre o diagnóstico diferencial. E uso uma linguagem fácil. É um livro bem didático. Minha pretensão é alcançar os colegas que estão na linha de frente da assistência, em qualquer que seja a classe social, pois todos adquirimos doenças infecciosas. Mas vejo os médicos que atuam no SUS e aqueles que labutam no interior, com parcos recursos diagnósticos, como os principais beneficiados.” Conta o pesquisador ao reforçar a importância do seu livro para a área de medicina.
Francisco Luzio sempre teve o prazer pela leitura e escrita, e foi assim que ele já escreveu outros três livros, sempre de forma literária. Esse é o seu primeiro que ele aborda de maneira técnica o tema, porém, apesar de um tema científico, ele não deixa de mostrar a sua vertente literária. Nessa obra ele deixa três poemas para que os seus leitores contemplem de maneira mais sensível, as doenças. Confira um trecho:
A malária é assim:
Em dada região…
Poucos homens
Nenhum anofeles
Nenhum plasmodio
Pra quê agente funerário?
Daí a um tempo…
Vários homens
Alguns anofeles
Alguns plasmodios
Chamem o agente funerário!
Tempos depois…
Muitos homens
Muitíssimos anofeles
Muitíssimos plasmodios
O agente funerário ficou rico
E com um tempo mais…
Poucos homens
Nenhum anofeles
Nenhum plasmodio
O agente funerário morreu rico
O pesquisador finaliza falando que a escolha para desenvolver essa pesquisa foi uma das mais importantes da sua vida. “A decisão veio a partir do momento em que me fiz convicto das observações colhidas na prática, no meu dia a dia com essa parametrização da febre com o hemograma. Por meio do hemograma, e simplesmente dele, cheguei a diagnósticos improváveis. Quero deixar esse ensinamento. É meu legado.”
SERVIÇO
O livro já está disponível nas diversas livrarias online, confira abaixo: