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Palestra no IEC marca programação alusiva ao Dia Mundial de Conscientização sobre a Doença de Chagas
Na próxima quarta-feira, dia 20/04, no horário de 14h às 16h, o Grupo de Pesquisas em Doenças Negligenciadas do IEC-SOAMU, promoverá a palestra “Estratégias inovadoras dos PITs para controle de Doença de Chagas sob todas as formas de transmissão”. O grupo liderado pela Dra. Ana Yecê Pinto, coordenadora do Serviço de Atendimento Médico Unificado do Instituto Evandro Chagas apresentará o tema que será ministrado pela discente do Programa de Pós Graduação em Epidemiologia e Vigilância em Saúde do IEC e coordenadora de Entomologia da Secretaria de Saúde do Estado, Bárbara Almeida.
O evento acontecerá no auditório do Bloco Central, no campus do IEC Ananindeua e marca a programação alusiva ao dia 14 de abril, considerado o dia mundial de conscientização sobre a Doença de Chagas. Trata-se de uma doença infecciosa, causada pelo parasita Trypanosoma, transmitido às pessoas de várias formas, sendo a principal, no caso da região Amazônica, a transmissão por via oral a partir do consumo de alimentos contaminados com fezes de Triatomíneos em decorrência da precária higiene no preparo. Por conta desta transmissão há maior incidência da doença em fase aguda, uma fase curável e tratável, na qual os sintomas mais comuns são: febre contínua e prolongada, dores no corpo e manchas na pele. Em casos onde o diagnóstico é muito tardio pode haver sintomas cardíacos também tais como palpitações e cansaço.
Além de alertar para a importância da prevenção e do tratamento, a data também chama a atenção para a necessidade de criação de políticas públicas para melhorar cada vez mais o acesso ao diagnóstico rápido da doença e dar voz às populações afetadas a fim de aumentar a prevenção. De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará, em 2021, foram registrados 285 casos da doença, sendo que somente nos primeiros três meses deste ano, foram registrados 12 casos.
O Instituto Evandro Chagas, órgão de referência nos estudos regionais amazônicos da doença desde 1969, tem trabalhado em vários focos de pesquisa. Um deles é a transmissão silenciosa, que costuma ser verificada em pessoas assintomáticas, especialmente em áreas onde existe a possibilidade de transmissão vetorial. Outro foco importante de trabalho tem sido na linha laboratorial, com a busca da padronização de diagnóstico molecular, a qual ainda não é feita na nossa região. “Nós precisamos melhorar, por exemplo, o diagnóstico para Doença de Chagas de transmissão congênita, considerando que já temos quatro casos notificados aqui no Pará. Nos fluxos atuais, muitas vezes esse resultado pode retardar em cerca de nove meses por causa da necessidade de exames de sorologia seriados até um ano de vida do bebê. Por isso, no caso de mães afetadas pela doença aguda, nós precisamos que o bebê possa ter seu diagnóstico realizado de imediato ao nascimento, o que poderá ser alcançado com o diagnóstico molecular. Hoje, nós temos estudantes trabalhando, tanto em pesquisas observacionais de seguimento da criança, quanto em pesquisas de melhoria do diagnóstico laboratorial e assim, com maior número de pessoas desenvolvendo a pesquisa conseguiremos padronizar um teste molecular para a região, dando um aporte maior ao diagnóstico com ênfase ao diagnóstico da transmissão vertical, de mãe para filho”, explica Ana Yecê.
A pesquisadora esclarece que atualmente também existe uma forte preocupação com a transmissão vertical da doença “Temos essa preocupação porque o Benzonidazol, que é a única droga que temos para tratar a Doença de Chagas – e o Chagas agudo é a indicação de tratamento precoce – eventualmente, ele estará contra indicado para a mãe afetada no primeiro trimestre da gestação, uma vez que ele pode causar problemas no bebê em fase de formação intrauterina. Então temos que observar uma série de situações de manejo ideal dessa gestante, além de ver a situação da criança quando ela nascer e depois fazer todo o acompanhamento”, acrescenta a médica.
Ana Yecê informa ainda que as ações fazem parte de um projeto maior, iniciado em 2002, chamado “Doença de Chagas em populações urbanas e ribeirinhas: estudos aplicados à vigilância epidemiológica e atenção médica”, no qual são estudadas as melhores formas de lidar com a doença em qualquer tipo de transmissão, inclusive a oral em sua longa Epidemiologia descritiva e, também, os estudos com vetores e reservatórios do parasita. “O Laboratório de Doença de Chagas do IEC contribui com as secretarias de saúde do Estado e dos municípios, tentando verificar quais são os comportamentos novos do inseto em suas invasões nos domicílios humanos em áreas de florestas, por exemplo. O outro ponto importantíssimo é o papel das vigilâncias sanitárias de fazer cumprir a correta fiscalização de higiene alimentar aos revendedores de açaí e de qualquer outro alimento imputado na transmissão, sobre técnicas já bem estabelecidas de proteção alimentar, bem como a população sob risco também deve ajudar ao se prevenir e não consumir alimentos de origem duvidosa”, finaliza a pesquisadora.