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ONCOVÍRUS
Palestra aborda vida e obra do pioneiro em oncovirologia humana: Anthony Epstein
Na tarde do dia 22 de maio, o auditório do Bloco Central do Instituto Evandro Chagas (IEC/SVSA/MS) foi palco de uma palestra sobre a vida e a obra de Michael Anthony Epstein, que faleceu em 2024. A apresentação foi feita por Igor Brasil Costa, pesquisador em saúde pública do Instituto na área de Genética e Biologia Molecular. O pesquisador destacou as contribuições fundamentais de Epstein na descoberta do Vírus Epstein-Barr (EBV) e seu impacto na oncovirologia.
O EBV é estudado no IEC desde a década de 1990, mais especificamente na Seção de Virologia. Foi o primeiro vírus a ser associado com câncer em humanos, é causador da mononucleose infecciosa, e possui importância em situações de baixa imunidade. Hoje, estima-se que 15% dos cânceres humanos são associados à etiologia viral.
Anthony Epstein teve seu obituário publicado em diversas revistas científicas, entre elas a Nature e a The Lancet. Na palestra, Igor Brasil Costa ressaltou não apenas os feitos científicos de Epstein, mas também sua influência duradoura no campo da oncovirologia.
Formação e Primeiros Passos na Pesquisa
Anthony Epstein nasceu em Londres em 1921 e estudou medicina na Universidade de Cambridge e na Middlesex Hospital Medical School, em Londres. Após servir no Royal Army Medical Corps de 1945 a 1947, Epstein especializou-se em patologia no Bland Sutton Institute, onde desenvolveu um interesse por vírus tumorais, começando com o vírus do sarcoma de Rous, que causa câncer em galinhas.
A Descoberta do Vírus Epstein-Barr
Em 1961, Epstein leu uma comunicação de Denis Burkitt sobre um câncer infantil comum na África tropical, conhecido hoje como linfoma de Burkitt. Intrigado pelo relato, Epstein sugeriu uma colaboração para investigar a possível etiologia viral do tumor. Esta parceria levou ao envio de amostras de tecido de Kampala, Uganda, para Londres, onde Epstein tentou isolar o vírus responsável.
Após quase três anos de tentativas frustradas, em dezembro de 1963, uma amostra chegou a Londres atrasada devido às condições climáticas desfavoráveis para aviação. Epstein, persistente, examinou o fluido turvo e descobriu células tumorais flutuantes. À época, Yvonne Barr era estudante de doutorado e assistente de pesquisa de Epstein. Utilizando um método de cultivo celular, eles conseguiram aumentar o número de células do linfoma, levando à identificação do Vírus Epstein-Barr por microscopia eletrônica, uma descoberta anunciada em 1964 no The Lancet.
Impacto e Legado Científico
A descoberta do EBV foi revolucionária, pois forneceu a primeira evidência de que um vírus poderia causar câncer em humanos. Epstein e sua equipe identificaram que o EBV estava associado a vários tipos de câncer, incluindo linfoma de Burkitt e carcinoma de nasofaringe. Esta descoberta impulsionou a pesquisa sobre vacinas e tratamentos direcionados para cânceres de etiologia viral.
Epstein continuou sua carreira na Universidade de Bristol, onde foi professor de patologia. Lá, ele desenvolveu um protótipo de vacina contra o EBV e estabeleceu um modelo animal de linfomas induzidos por EBV. Seu trabalho interdisciplinar integrou virologia, imunologia e oncologia, formando uma base sólida para futuras pesquisas.
Ao longo de sua carreira, Epstein recebeu inúmeros prêmios e honrarias, incluindo sua eleição como Fellow da Royal Society em 1979 e nomeação como cavaleiro em 1991, reconhecimentos de seu compromisso com a excelência acadêmica.
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Anthony Epstein: pioneiro na oncovirologia humana
- Descobridor do Vírus Epstein-Barr, transformou a compreensão sobre cânceres de etiologia viral
- Impacto duradouro na medicina e na pesquisa científica
- Homenagem póstuma no Instituto Evandro Chagas
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