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INSTITUTO EVANDRO CHAGAS IDENTIFICA A CIRCULAÇÃO DE VARIANTES DE PREOCUPAÇÃO (VOC) E DE INTERESSE (VOI) DE SARS-CoV-2 NOS ESTADOS DO ACRE, AMAPÀ, CEARÁ, MARANHÃO, PARÁ E RORAIMA
O Instituto Evandro Chagas (IEC), órgão ligado à Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS) em parceria com a CGLAB emitiu relatório com os dados do sequenciamento genômico do SARS-CoV-2 realizado no dia 20 de março, com o resultado de 80 amostras oriundas dos Estados do Acre, Amapá, Ceará, Maranhão, Pará e Roraima. A análise dos genomas gerados pela equipe do Laboratório de Vírus Respiratórios do IEC permitiu identificar a circulação de variantes de preocupação (Variante P1) e as variantes de interesse (P2 e N9) nos estados investigados.
São consideradas Variantes de preocupação (VOC, sigla em inglês) as cepas de SARS-CoV-2, que são mais transmissíveis e que podem gerar casos graves, com aumento de hospitalização e óbitos. Atualmente a Organização Mundial da Saúde refere três variantes como VOC, sã elas: a Variante do Reino Unido (B.1.1.7), a da África do Sul (B.1.351) e a do Brasil (P1). Além destas, Pesquisadores estão estudando incluir outras duas variantes identificadas nos Estados Unidos.
De acordo com o relatório elaborado pelo IEC, entre as variantes de preocupação, A P1 foi à única identificada pelo trabalho de investigação. No Estado do Pará foram encontradas 5 amostras, ourindas dos municípios de Óbidos, Juruti, Belém (2) e Moju; no Acre, foram detectadas duas amostras, dos municípios de Rodrigues Alves e Cruzeiro do Sul; em Roraima foram confirmadas 7 amostras coletadas nas cidades de Boa Vista e Bonfim; e no Ceará foram constatadas 3 amostras de Fortaleza.
No que concerne às variantes de interesse (VOI, sigla em inglês), dizem respeito a cepas que possuem mutações que estão associadas com redução à respostas com anticorpos neutralizantes gerados por infecções prévias ou vacinação, bem como redução da eficácia de tratamentos e potencial impacto no diagnóstico. No Brasil, duas delas chamam atenção. A primeira delas é a P2, identificada à primeira vez no Rio de Janeiro, e a segunda é a N9, detectada a primeira vez em São Paulo. O documento gerado pelo IEC/CGLAB relata a presença da variante P2, nos estados do Pará, Acre, Amapá e Maranhão e a N9, no Estado do Maranhão.
SEQUENCIAMENTO GENÔMICO: O sequenciamento do genoma viral é uma metodologia que permite analisar a sequência de nucleotídeos que compõe o material genético do SARS-CoV-2. Os dados gerados a partir do sequenciamento possibilitam a realização de estudos que buscam o desenvolvimento de novas terapêuticas para tratamento, a investigação dos possíveis casos de reinfecção, bem como a vigilância genômica, que tem permitido a identificação das novas variantes de SARS-CoV-2. A vigilância genômica integrada à vigilância epidemiológica geram informações que subsidiam a tomada de decisões que visam minimizar os impactos da COVID-19 na população.
Atualmente existem diferentes plataformas de sequenciamento de nova geração (NGS em inglês), que permitem a análise completa do genoma viral. O Laboratório de Vírus Respiratórios do Instituto Evandro Chagas têm utilizado duas das principais plataformas nas investigações envolvendo o SARS-CoV-e e a COVID-19, são elas: Illumina MiSeq e Ion Torrent S5. Ambas as plataformas geram uma alta cobertura genômica, minimizando a possibilidade de erros durante o sequenciamento e consequentemente maior fidelidade dos resultados.
MUTAÇÕES E VARIANTES: O aparecimento de mutações é um evento natural e esperado dentro do processo evolutivo de qualquer vírus, especialmente os que possuem ácido ribonucleico (RNA em inglês) como seu material genético, como é o caso do SARS-CoV-2. Isto acontece em virtude de falhas geradas pelo sistema de reparo de erros de síntese da fita de RNA, durante a replicação viral.
Dada a evolução genética do SARS-CoV-2, grupos de pesquisadores desenvolveram sistemas para a classificação das linhagens, entre eles, o PANGOLIN (PHYLOGENETIC ASSIGNMENT OF NAMED GLOBAL OUTBREAK LINEAGES) e nesse sistema são classificadas as diversas variantes identificadas nas diferentes regiões do mundo.
Apesar da maioria das mutações encontradas nas diferentes linhagens circulantes atualmente não terem impacto significativo na disseminação do vírus, algumas estão sob vigilância em todo o mundo, a fim de compreender o seu papel, quanto ao aumento significativo de transmissibilidade e patogenicidade, e por consequência, o impacto nos sistemas de saúde com a elevação das taxas de hospitalização e óbitos.
VIGILÂNCIA GENÔMICA NO BRASIL: Além do sequenciamento genômico de rotina, que é parte da atuação do IEC frente ao combate à pandemia desde abril, a instituição faz parte do Projeto da Rede Nacional de Sequenciamento Genético para a Vigilância em Saúde, que é gerenciado pela Coordenação-Geral de Laboratórios de Saúde Pública (CGLAB), do Departamento de Articulação Estratégica de Vigilância em Saúde (DAEVS), da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS). Esse projeto tem por objetivo o sequenciamento de 1.200 genomas de SARS-CoV-2 em todo o território nacional. Este estudo permitirá o monitoramento da propagação e da variabilidade genética do SARS-CoV-2, que é uma estratégia crucial para implementação de medidas de prevenção e efetivo controle da pandemia de covid-19 no Brasil.