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Instituto Evandro Chagas – 85 anos de ciência, tecnologia e inovação em saúde na Amazônia
Pesquisa, tecnologia e inovação sempre estiveram na missão do Instituto Evandro Chagas (IEC), primeiro órgão na área de pesquisa em saúde da Região Amazônica. A história do IEC começou com a chegada de Evandro Chagas ao Pará, em 1936, para estudar a leishmaniose visceral, também conhecida como calazar. Com o auxílio do governo estadual, estabeleceu o instituto de pesquisas em um velho casarão na Av. Almirante Barroso, onde, além do calazar, foram investigadas outras moléstias típicas da região, como malária, filariose, bouba e verminoses intestinais. Em meados de 1937, o IEC possuía os laboratórios de Protozoologia, Bacteriologia, Epidemiologia, Anatomia Patológica e Fotografia. Já estava instalado também, ainda que provisoriamente, o Biotério.
O IEC é uma instituição que atua na defesa da saúde coletiva da população brasileira, em uma região onde a ocupação humana tem sido acompanhada frequentemente pela diminuição da qualidade de vida das populações residentes, que convivem com baixos níveis de educação, falta de saneamento básico, aumento progressivo de doenças e com a diminuição proporcional do atendimento em saúde.
No período de 1960 a 1970, o IEC realizou estudos sistemáticos na Amazônia Ocidental, devido à incidência de uma doença chamada pelos amazonenses de “Febre Negra de Lábrea”. Ao final do trabalho, concluiu-se que a doença se tratava de uma superinfecção causada pelo vírus da Hepatite D em pessoas já infectadas pelo vírus da Hepatite B.
Ao longo de 85 anos, o IEC isolou milhares de arbovírus (vírus transmitidos por artrópodes hematófagos, como mosquitos,) e outros vírus de vertebrados que também foram caracterizados desde então, culminando com uma coleção de 216 espécies de arbovírus e outros vírus de vertebrados. Além disso, o IEC trabalhou na descoberta de dezenas de espécies de protozoários – várias patogênicas – e de insetos vetores de patógenos aos humanos.
Com todo esse arcabouço, o IEC tem atuado fortemente no ensino, como o Curso Técnico em Análises Clínicas, que acontece desde a década de 1940, e com os cursos de pós-graduação que acontecem na instituição desde 2012, formando mestres e doutores nas áreas de virologia, epidemiologia e vigilância em saúde.
Em 1992, o IEC criou uma seção voltada para os estudos ambientais, que tem atuado em pesquisas sobre a influência das alterações ambientais na saúde das populações, e esteve presente na investigação de diversos desastres ambientais, como Brumadinho e Barcarena.
Em 2020, o IEC se tornou uma das instituições de pesquisa que está na linha de frente do combate à COVID-19, tanto na vigilância laboratorial e genômica como na pesquisa.
No decorrer dos anos, o IEC passou por diversas transformações: cresceu e se consolidou, especialmente no espaço da Amazônia Legal. Hoje tem seu trabalho voltado para estudos sobre doenças parasitárias, bacteriológicas, virais e relacionadas à contaminação ambiental. Dispõe de laboratórios de referência regional e nacional, mantendo importantes parcerias internacionais. Destaca-se como um relevante centro de pesquisas em uma região que faz parte da maior floresta tropical do mundo, de clima quente e úmido, propício à proliferação de determinadas doenças e com grande variedade de agentes infecciosos, muitos de importância em saúde pública.