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IEC participa de ação de popularização da ciência em escola pública
O Instituto Evandro Chagas (IEC) foi uma das instituições realizadoras da ação integrada em saúde “Ciência na Escola: insetos”, realizada na quinta-feira (2), na Escola Municipal de Ensino Fundamental Padre Gabriel Bulgarelli, em Ananindeua. A iniciativa levou informações técnico-científicas de forma lúdica a crianças e adolescentes e teve como objetivo apresentar insetos que transmitem doenças aos seres humanos e ao mesmo tempo divulgar ações de prevenção: o Aedes aegypti , mosquito vetor do vírus da dengue e de outras arboviroses, e os triatomíneos, conhecidos como barbeiros, que podem transmitir o Trypanosoma cruzi , agente causador da doença de Chagas.
Durante a programação, realizada de manhã e à tarde, as crianças visitaram uma exposição de insetos montada na quadra da escola, assistiram a vídeos educativos, participaram de jogos interativos e ainda de um bate-papo com entomólogos das Seções de Parasitologia (SAPAR/IEC) e de Arbovirologia e Febres Hemorrágicas (SAARB/IEC), os pesquisadores Walter Santos e Joaquim Pinto Neto, respectivamente. “O foco nessa ação é tirar dúvidas e falar sobre a prevenção das doenças que os mosquitos podem transmitir. A gente tenta estimular a curiosidade deles, faz perguntas e tenta mostrar que o mosquito é perigoso. É preciso eliminar criadouros, usar repelente, usar roupas com mangas compridas, entre outros cuidados que eles podem ter no dia-a-dia. Então é conhecer e prevenir”, esclarece Walter Santos. “É muito bom ver o interesse das crianças. Elas perguntam sobre biologia, ciclo de vida, reservatórios e outros assuntos, mas também são tímidas. Depois que terminou o bate-papo, duas alunas esperaram os demais saírem da sala para fazer as perguntas que queriam. Então tem que ser um trabalho feito com cuidado para repassar a informação. A gente tenta falar da forma mais próxima possível da idade delas”, complementa Joaquim Neto.
A atividade foi realizada por alunos de Biomedicina da Universidade do Estado do Pará (UEPA), turma 2020, que se dividiram em dois grupos. Os universitários foram treinados no IEC para atuar na exposição sobre os insetos e na elaboração de materiais didáticos e de divulgação da ação aos alunos da escola. “Nós resolvemos abordar os insetos nesse projeto por causa do número elevado de casos de Dengue e de Doença de Chagas, comuns nesse período de muita chuva, quando surgem os criadouros dos mosquitos. E nós também pensamos que o melhor local para trabalhar a prevenção é a escola de ensino fundamental. Além disso, é interessante trazer informação técnico-científica de forma lúdica porque as crianças querem saber, por exemplo, qual é a cor do inseto, se é macho ou fêmea, como ele se reproduz... Então hoje a gente está trazendo os insetos, falando de prevenção e fazendo até demonstração de controle biológico com peixes que comem larvas, ou seja, mostrando formas de combate sem trazer contaminante para o ambiente. Assim, abordamos a questão ambiental que também é muito importante”, explica a coordenadora do projeto e pesquisadora da Seção de Parasitologia (SAPAR/IEC) do IEC, Lourdes Garcez.
Victória Silva, aluna da UEPA e representante do grupo que trabalhou com o mosquito Aedes aegypti , afirma que a iniciativa é importante porque traz benefícios à saúde da população. “A gente leva conhecimento para a sociedade e, ao mesmo tempo, aprende. Na academia, a gente usa muitos termos técnicos, então foi um desafio adaptar a nossa forma de comunicar para um público de crianças e adolescentes. Foram dois meses de pesquisas até encontrarmos a melhor forma de abordagem”, afirmou. Para João Batista Silva, também aluno da UEPA e representante do grupo sobre doença de Chagas, foi uma experiência única. “É muito enriquecedor. A gente consegue interagir e compartilhar conhecimento, trazendo a pesquisa para perto da realidade dessas crianças e adolescentes. A gente também ajuda a despertar o espírito científico nelas. Afinal, elas são o nosso futuro”.
A escola Padre Gabriel Bulgarelli conta com 695 matriculados no ensino fundamental. Para o diretor da escola, professor André Ribeiro, a ação foi um sucesso. “Foi a primeira vez que fizemos parceria com o IEC e foi muito bom porque esse tipo de atividade desperta o talento dos alunos. É como uma aula diferenciada e eles ficam curiosos para saber mais sobre os temas abordados. Quem sabe daqui não sai um potencial pesquisador?”, declarou.
A ação também contou com a parceria da Secretaria Municipal de Saúde de Ananindeua (SESAU), por meio da Coordenação de Vigilância Ambiental e Endemias. “Essa atividade com crianças e jovens é de suma importância, principalmente para nós, da Vigilância, que trabalhamos com a prevenção. Além disso, trabalhar com a educação em saúde faz com que a população nos ajude porque a criança volta pra casa e começa a agir como multiplicadora daquilo que aprendeu na escola e aí todos aprendem. No final, todo mundo ganha”, afirmou Diego Moura, coordenador de Vigilância Ambiental e Endemias de Ananindeua.