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IEC lamenta a perda de pesquisadora que dedicou a sua vida em prol da saúde pública na Amazônia
É com grande pesar, que informamos o falecimento da pesquisadora Dra. Gilberta Bensabath, em decorrência da COVID-19, aos 95 anos de idade. Essa é uma imensa perda para a ciência no Brasil e no mundo. A pesquisadora trabalhou no IEC, desde 1960, iniciando seus trabalhos no
Belém Virus Laboratory
, tendo estudos importantes que culminaram na prevenção e no esclarecimento clínico, epidemiológico e etiológico das hepatopatias fulminantes da Amazônia brasileira, além outras relevantes contribuições científicas na área da saúde.
No período em que esteve como diretora do IEC, a pesquisadora deixou como legado a criação das Seções de Patologia e Biotério, implantação do Centro Nacional de Primatas e a aquisição do terreno que se tornaria a sede do IEC. Reiteramos o sentimento de gratidão e solidariedade, neste momento de dor, a todos os familiares, amigos e colegas de profissão. Abaixo publicamos um texto que faz um relato suscinto da trajetória dessa grandiosa pesquisadora.
No período em que esteve como diretora do IEC, a pesquisadora deixou como legado a criação das Seções de Patologia e Biotério, implantação do Centro Nacional de Primatas e a aquisição do terreno que se tornaria a sede do IEC. Reiteramos o sentimento de gratidão e solidariedade, neste momento de dor, a todos os familiares, amigos e colegas de profissão. Abaixo publicamos um texto que faz um relato suscinto da trajetória dessa grandiosa pesquisadora.
Gilberta
Bensabath (1924
–
2020)
Dentre os 50 alunos que adentraram a Faculdade de Medicina e Cirurgia do Pará, em 1944, havia apenas quatro mulheres. Duas concluiriam, em 1949, o curso médico no estado do Pará. Uma delas: Gilberta Bensabath.
Gilberta nasceu no município de Cruzeiro do Sul, Acre, a 30 de julho de 1924. Residiu nessa cidade até os cinco anos de idade, quando a família mudou-se para Belém do Pará, para tratar de problemas ligados à saúde de sua mãe.
Em Belém, teve educação de nível primário e secundário realizadas em colégios públicos, quais sejam, Grupo Escolar José Veríssimo e Colégio Estadual Paes de Carvalho, respectivamente.
Médica do Serviço Especial de Saúde Pública – SESP, a partir de janeiro de 1950, cursou Especialização em Saúde Pública pela Faculdade de Higiene da Universidade de São Paulo – USP, além de vários aperfeiçoamentos que, em sequência, a moldariam nos caminhos da pesquisa científica, da Medicina Tropical e da Saúde Pública. Como médica do SESP, atuou nos municípios paraenses de Alenquer (fevereiro de 1951 a fevereiro de 1954) e Igarapé-Açu (1954 a 1958).
Gilberta mudava-se com toda a família para os municípios onde atuaria. Dentre as lembranças que trouxe de Alenquer, uma é de consternação, lá seu pai morreu e ficou sepultado. Mas conseguiu feitos que a deixaria licitamente orgulhosa, por exemplo: preocupada com os altos índices de gastrenterites e outras doenças de transmissão fecal-oral, deixou implantado na sede daquele município o sistema de abastecimento de água, ausente por ocasião da sua chegada. Um feito tremendo para as dificuldades da época.
Sabemos, por conversas com Gilberta, do orgulho que carregava pelo fato de por suas mãos passarem, como infantes ou membros do Clube de Saúde que ela ajudou a organizar, vários colegas oriundos dos interiores onde trabalhou. Estimulados que eram pelo exemplo dela.
Mas Gilberta foi uma médica que sempre andou de braços dados com os estudos, foi assim que em 1960 integrou-se à equipe de pesquisadores do Instituto Evandro Chagas – IEC, àquela altura vinculado ao SESP. No curso de sua profícua carreira de pesquisadora, assumiria a Diretoria do IEC no período de 1975 a 1979. Foi chefe da Seção de Epidemiologia desse Instituto a partir de 1979 até a sua aposentadoria compulsória, em agosto de 1994. Todavia, para muito além da atenção aos desenlaces burocráticos, de forma parcimoniosa e de modo intenso, ela permaneceu no IEC orientando e conduzindo seus estudos, demandada pelo seu estilo. Foi em sua gestão que o terreno em Ananindeua foi doado pela prefeitura do município para o IEC se instalar, o que viria a ocorrer ao longo das décadas seguintes.
Para discorrer sobre a trajetória e produção cientificas dessa pesquisadora precisaríamos de espaço ilimitado, só não podemos deixar de mencionar a sua contribuição ímpar ao IEC nos primórdios da Arbovirologia e do Laboratório de Vírus de Belém, culminando na prevenção e no esclarecimento clínico, epidemiológico e etiológico das hepatopatias fulminantes da Amazônia brasileira. A condução de suas atividades sob o “guarda-chuva” do IEC marca indelevelmente a sua fase científica.
Muitas são as honrarias acumuladas durante o seu percurso profissional. Sabemos que sempre guardou com carinho e zelo cada uma delas, desde aquelas de reconhecimento comunitário, como é o caso do título de Cidadã Bocacrense, conferido pela Câmara Municipal de Boca do Acre, Amazonas, bem como o grau de Grande Oficial da Ordem do Mérito Médico, conferido por Decreto Presidencial, além do título de Doutor Honoris Causa, pela Universidade do Estado do Pará. É, enfim, daquelas pessoas que fizeram e fazem da pesquisa em saúde seu motivo de vida.
Ressaltando que em sua gestão quando diretora do IEC, foi doado o terreno em Ananindeua, pela prefeitura do município, e diante de todo o feito aqui descrito sobre a pesquisadora, nada mais justo que o Campus do IEC em Ananindeua seja rebatizado como
“Campus Dra. Gilberta Bensabath”
.
Manoel do Carmo Pereira Soares
Pedro Fernando da Costa Vasconcelos
Giselle Maria Rachid Viana
Livía Carício Martins
No link abaixo disponibilizamos um Informe em Edição Especial em homenagem à Dra. Gilberta Bensabath:
GALERIA – DRA. GILBERTA BENSABATH