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IEC em 2020: Entre Mudanças e Adaptações
“A melhor defesa que os humanos têm contra os patógenos não é o isolamento, mas a informação. A humanidade tem vencido contra a guerra contra as epidemias porque, na corrida armamentista entre patógeno e médicos, os patógenos dependem de mutações cegas, ao passo que médicos se apoiam na análise cientifica da informação” (Yuval Haraki).
O historiador norte-americano Yuval Harari esclarece em seu ensaio “Na batalha contra o coronavírus” que as epidemias transformam o mundo, porém, nos dias de hoje a ciência tem tecnologia para dar uma resposta cada vez mais rápida a essas mudanças. Nesse sentido, o IEC, instituto de pesquisa ligado ao Ministério da Saúde tem trabalhado incansavelmente, desde janeiro, quando foi emitido o alerta mundial sobre o novo coronavírus, para dar uma resposta à sociedade, com objetivo de minimizar os impactos da pandemia na população. Veja agora, os principais fatos do ano de 2020, no âmbito do IEC, um ano que apesar de muitas mudanças e adaptações, trouxe resultados positivos para a ciência.
COVID-19
O Instituto Evandro Chagas, como um Centro Nacional de Influenza (NIC´s) junto a Organização Mundial da Saúde (OMS), atua na linha de frente na vigilância laboratorial de vírus respiratórios, como o SARS-CoV-2. Nesse sentido, a instituição, foi uma das primeiras responsáveis pelo diagnóstico laboratorial da COVID-19 em 10 estados da federação, sendo eles: Acre, Amapá, Amazonas, Ceará, Maranhão, Pará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Roraima.
Com o aumento do número de casos, uma das ações planejadas pelo Ministério da Saúde, foi o aumento da capacidade laboratorial, no âmbito do Sistema Nacional de Laboratórios de Saúde Pública. Sendo assim, o IEC foi responsável pelo treinamento de Detecção Molecular do SARS-CoV-2 para Laboratórios Centrais de Saúde Pública de 14 estados e mais o Distrito Federal. A partir desse momento, esses locais passaram a fazer testes laboratoriais do tipo RT-PCR utilizando os kits fabricados pelo Instituto Bio- Manguinhos da Fundação Oswaldo Cruz. Com o aumento da capacidade de diagnóstico laboratorial, para os Laboratórios Centrais de Saúde Pública, dos estados, paralelamente houveram ações de auxílio no diagnóstico laboratorial, como assessoria a todos os estados sob sua abrangência, na testagem de amostras com resultado inconclusivo, nas discussões dos protocolos e na implementação dos fluxos da vigilância laboratorial da Covid-19.
Entre as estratégias, que um NIC possui, junto a OMS, uma delas diz respeito ao sequenciamento genômico. O trabalho que permite identificar o genoma do vírus, assim como suas mutações, e tem contribuído com estudos científicos de vacinas e tratamentos para à COVID-19. Nesse processo o IEC tem realizado o sequenciamento de amostras do vírus SARS-CoV-2 em estados de sua abrangência, a partir de uma das metodologias mais avançadas que possui maior cobertura genômica, diminuindo a possibilidade de erros durante o processo e, consequentemente, maior fidelidade dos resultados. Com essa expertise, o IEC tem sido o responsável pela investigação dos possíveis casos de reinfecção nos estados sob sua abrangência.No contexto da pesquisa, o IEC está atuando em diversas frentes, na área ambiental, clínica, epidemiológica e genômica, trazendo diversos resultados importantes para a instituição. Um desses resultados foi à descrição da Síndrome Inflamatória Multissistêmica associada temporalmente à COVID-19, sendo uma das primeiras instituições a realizarem esse trabalho que foi desenvolvido em parceria com a Fundação Santa Casa.
Além disso, o IEC recebeu um investimento, captado pelo Instituto D´or de Pesquisa e Ensino oriundos da Fundação Bill & Melinda Gates para aplicação em reforma e expansão do Núcleo de Pesquisa Clinica da Seção de Virologia do IEC, localizado em Belém, e capacitação de equipe técnica para atuar diretamente nesses estudos. Os recursos serão administrados pela Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa – FADESP – da Universidade Federal do Pará. Como resultado dessa expansão, o IEC será certificado e poderá se tornar candidato a receber estudos clínicos com vacinas candidatas contra COVID-19, nas chamadas fases II e III dos testes. O espaço também estará apto para os mais diversos protocolos de estudos clínicos, com medicamentos ou vacinas para outras doenças. Mesmo com a Pandemia da COVID-19 o Instituto Evandro Chagas conseguiu desenvolver trabalhos e ações significativas para a sociedade.
ADAPTAÇÕES E MUDANÇAS
Desde 17 de março, foi decretado pelo governo federal a pandemia da COVID-19 no Brasil, com isso, diversas ações foram realizadas para mitigar a circulação de pessoas na cidade e nos locais de trabalho. Com isso, o IEC desenvolveu o seu plano de contingenciamento, o qual estabeleceu a rotina de trabalho remoto. Servidores e colaboradores tiveram que se adaptar a nova rotina e alguns deles relataram na edição do Informe IEC/CENP de maio a sua experiência.
“Hoje já tenho uma rotina melhor estruturada. Começo as 8h30 da manhã, após meu exercício de alongamento e 10 min de sol da manhã na varanda da minha casa, depois arrumo meu local de trabalho e faço minha agenda do dia. Encerro meu trabalho as 16:30. No interstício desse horário, tenho os intervalos dos lanches, almoço e descanso.” Contou Cristina Mendonça do Comitê de Ética em Pesquisa – CEP.
Outra mudança foram os eventos presencias que foram trocados por lives virtuais para a divulgação e difusão cientifica. Diversos pesquisadores da instituição participaram dessas atividades em diversas plataformas, como Facebook, Youtube, Spotify, Zoom, Google Meets, entre outras, apresentando seus estudos científicos, tal como suas experiências com diversas investigações.
“Eu acho importante que a gente tenha momentos como esses, para que nós tenhamos voz e para que o conhecimento seja divulgado. Nós temos que nos habituar com eventos mais virtuais, sendo uma forma de levar um maior conhecimento e educação para um número maior de pessoas” esclarece Lívia Caricio, pesquisadora da Seção de Arbovirologia e Febres Hemorrágicas.
Nesse contexto, o IEC desenvolveu duas ações de maneira remota. Uma delas foi o Curso de Verão Virologia, com a participação de 100 pessoas de todo o Brasil que puderam acompanhar a capacitação que esse ano teve como tema as epidemias virais, a exemplo da COVID-19. A outra foi à missa de homenagem ao círio de Nazaré com transmissão online, que teve a participação de cerca de 200 pessoas.
APESAR DE UM ANO DIFÍCIL, ATIVIDADES CONTINUAM
Com isolamento social, Lockdown e outras ações que contemplavam o distanciamento social, o IEC continuou desenvolvendo ações para que a ciência não parasse, nesse período de pandemia. Em agosto de 2020, o Casarão do Instituto Evandro Chagas, localizado na almirante barroso, símbolo da instituição, foi entregue após dois anos de reforma e adaptação do espaço que em breve se tornará Museu do Instituto Evandro Chagas. Além disso, o CENP entregou no mesmo mês, totalmente revitalizado, a área de exposição e conservação do Centro. Obras de reformas continuam acontecendo em seções como Parasitologia, Virologia e Meio Ambiente.
Durante os meses de setembro e outubro o IEC foi contemplado em dois editais de captação de recursos. Um deles destinou cerca de três milhões de reais o projeto de modernização de Biossegurança e Bioproteção do laboratório NB3/NBA3. E outro será aplicado no plano de Consolidação dos Programas de Pós Graduação da instituição, por meio de estudos sobre Saúde Ambiental e Vigilância Epidemiológica em áreas garimpeiras e investigações de viroses emergentes e reemergentes no Pará. Nesse, a instituição poderá receber até 627 mil reais, por meio de bolsas de mestrado, doutorado e pós-doutorado, além de despesas de custeio.
Durante o ano de 2020, a instituição desenvolveu novos contratos de serviços terceirizados a fim de complementar as necessidades do órgão. Em abril, foi assinado contrato de prestação de serviços de aluguel de impressoras. No mês de julho, pela primeira vez uma empresa terceirizada irá colaborar para o desenvolvimento da área de biossegurança e qualidade do IEC. No mês seguinte, foi à vez de novas empresas de informática e serviços gerais atuarem na instituição. Dessa maneira, isso garante que o IEC continuasse durante a pandemia sem prejuízo para as atividades da instituição.
Em 2021 o IEC continuará trabalhando com base em sua missão institucional, atuando na pesquisa cientifica, apoio a vigilância e ensino, para a produção, disseminação e divulgação de conhecimentos e inovações tecnológicas que subsidiem políticas públicas de saúde e tendo em vista a cooperação global que poderá ser significativa contra o novo coronavírus e também outros patógenos que possam surgir no futuro.