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IEC discute estratégias de enfrentamento ao Oropouche em evento no Espírito Santo
O Instituto Evandro Chagas (IEC), órgão vinculado à Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde (SVSA/MS), participou do “Colóquio sobre Emergência de Oropouche na Região Extra-Amazônica: ações de vigilância, assistência e pesquisa”. O evento ocorreu nos dias 16 e 17 de dezembro, em Vitória, no Espírito Santo, e contou com a presença de especialistas, gestores estaduais e municipais e representantes de instituições de pesquisa para debater estratégias de combate ao vírus oropouche.
Organizado pelo Ministério da Saúde, por meio da SVSA, em parceria com a Secretaria de Saúde do Estado do Espírito Santo, o colóquio abordou ações integradas de vigilância clínico-laboratorial, virológica e entomológica, além de revisar dados de óbitos associados ao Oropouche, doença transmitida pelo inseto Culicoides paraensis, popularmente conhecido como maruim ou mosquito pólvora. O evento destacou a importância de estratégias integradas de manejo clínico, controle de vetores e orientação à população, com base nas experiências de estados que enfrentaram surtos em 2023 e 2024. A secretária da SVSA, Ethel Maciel, ressaltou a importância da integração entre pesquisa, vigilância e assistência. “Este encontro é uma oportunidade de aprimorar protocolos e avançar em linhas de pesquisa prioritárias. Investigar é fundamental, pois só assim identificamos e enfrentamos novos desafios em saúde pública,” afirmou.
A programação contou com palestras, painéis e debates sobre temas como a biologia dos vetores, as ações de vigilância e a evolução da situação epidemiológica do oropouche no Brasil. Além disso, experiências de estados como Amazonas, Rondônia, Bahia e Rio de Janeiro foram compartilhadas, com foco no enfrentamento de surtos recentes.
Participação do IEC
O IEC foi representado por especialistas da Seção de Arbovirologia e Febres Hemorrágicas (SEARB), que compartilharam as experiências em estudos do vírus desde a década de 1960 até os dias atuais, abordando a parte entomológica, diagnóstica e clínica. A médica e pesquisadora do IEC, Socorro Azevedo, palestrou no painel “Óbitos por Oropouche”, destacando o conhecimento e a experiência do IEC em relação aos casos de microcefalia e aos abortos, causados pelo vírus zika, ocorridos na cidade de Recife, em Pernambuco: “Foi muito importante levar essas informações para pensarmos juntos em relação a várias questões. E nós também contribuímos no sentido de levar marcadores para sinalizar a possibilidade de agravamento da doença, como já é feito para a dengue também. Além da palestra, durante o colóquio fizemos várias falas e intermediamos conversas sobre a parte clínica, laboratorial, entomológica, genética e sorológica da doença. Os estados que vêm registrando casos de oropouche também levaram contribuições importantes sobre esse novo cenário que vivemos no país.”, afirmou a pesquisadora. Além da Dra. Socorro, a chefe substituta da SEARB, Jannifer Chiang, moderou o painel “Vigilância Genômica do Vírus Oropouche”, e a servidora e técnica da área de entomologia, Bruna Nascimento, atuou como moderadora do painel “Vigilância Entomovirológica”.
Especialistas também discutiram os avanços nas pesquisas genômicas sobre o vírus e os avanços em métodos de controle, além da padronização de critérios para a investigação de óbitos relacionados à infecção. O encontro também apresentou estudos de casos sobre óbitos possivelmente relacionados à doença, realizados em estados como Espírito Santo, Mato Grosso, Alagoas e Maranhão, com foco na discussão da investigação e na classificação desses casos. A troca de experiências entre os estados busca aprimorar as práticas de vigilância e assistência, a fim de consolidar diretrizes nacionais mais eficazes. "O colóquio é um passo importante na organização das ações de saúde pública no país, em relação à febre do Oropouche. A troca de experiências e a revisão das estratégias são essenciais para aprimorar a resposta à emergência que enfrentamos, e para isso, o diálogo entre os estados e as instituições de pesquisa foi fundamental", concluiu Ethel Maciel.
O que é o Oropouche?
O Oropouche é uma arbovirose causada pelo Orthobunyavirus oropoucheense (OROV), um vírus do gênero Orthobunyavirus, da família Peribunyaviridae. Identificado pela primeira vez no Brasil em 1960, em uma amostra de sangue de bicho-preguiça (Bradypus tridactylus), o vírus tem histórico de surtos e casos isolados, especialmente na região Amazônica.
A transmissão ocorre principalmente pelo inseto Culicoides paraensis (maruim), que, após picar uma pessoa ou animal infectado, pode transmitir o vírus a outras pessoas. Casos também já foram relatados em países da América Central e do Sul, evidenciando sua relevância como um problema de saúde pública.
Centro Colaborador
A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) designaram a Seção de Arbovirologia e Febres Hemorrágicas (SEARB) do Instituto Evandro Chagas (IEC) como Centro Colaborador da OPAS/OMS para Arboviroses Emergentes e Reemergentes e outros Vírus Zoonóticos Emergentes. A designação tem validade até 2025. A primeira vez em que a OPAS designou o IEC como Centro Colaborador foi ainda na década de 1980, e, ao longo de quase quarenta anos, a SEARB contribuiu junto à OPAS para o enfrentamento dos desafios impostos por epidemias causadas pelos arbovírus.
RESUMO
Participação do IEC no colóquio: Especialistas do Instituto contribuíram com conhecimento técnico e histórico sobre o vírus, moderando painéis e apresentando pesquisas.
Troca de experiências entre estados: O evento promoveu debates sobre vigilância e assistência, destacando ações de estados afetados por surtos recentes.
Importância da integração entre pesquisa e vigilância: Representantes destacaram a necessidade de aprimorar protocolos e investir em pesquisa para enfrentar desafios em saúde pública.
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Com informações do site do Ministério da Saúde.