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HÁ UM ANO, O INSTITUTO EVANDRO CHAGAS DETECTAVA O PRIMEIRO CASO DA COVID-19 NO PARÁ
Era 18 de março de 2020, o Instituto Evandro Chagas (IEC) estava promovendo na época o treinamento para 14 Laboratórios Centrais de Saúde Pública de estados das regiões Norte e Nordeste do Brasil, além do Distrito Federal. O objetivo era ampliar a capacidade laboratorial para o diagnóstico da COVID-19, que já estava presente no Brasil desde o dia 26 de fevereiro.
Na oportunidade, estavam presentes diversas autoridades, entre elas, o Secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde e o Governador do Estado do Pará, Helder Barbalho. Durante a visita na instituição o chefe de Estado conheceu as instalações do Laboratório de Vírus Respiratórios da Seção de Virologia do IEC, onde ocorrem as atividades de pesquisa e diagnóstico laboratorial do SARS-CoV-2. Coincidentemente, durante a sua visita, enquanto ele conhecia as etapas do Teste RT-qPCR, que é tido como “teste padrão ouro” para o diagnóstico da doença, estavam sendo processadas diversas amostras suspeitas de COVID-19 ourindas do Estado do Pará. Horas depois, uma delas foi confirmada como positiva, era o primeiro caso de COVID-19 detectado no Estado do Pará.
Porém, mesmo antes do diagnóstico do primeiro caso de COVID-19, o Instituto Evandro Chagas, ligado a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, já participava ativamente de ações no enfrentamento a pandemia, no Brasil e no Pará. Como um Centro Nacional de Influenza (NIC) junto a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Laboratório de Vírus Respiratórios do Instituto Evandro Chagas atua na linha de frente na vigilância laboratorial de vírus respiratórios, como o SARS-CoV-2. Desde o mês de fevereiro, o IEC realizava os testes para a detecção molecular do vírus para 10 estados da federação, sendo eles: Acre, Amapá, Amazonas, Ceará, Maranhão, Pará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Roraima.
No entanto, com o aumento do número de casos, uma das ações planejadas pelo Ministério da Saúde, foi o aumento da capacidade laboratorial, no âmbito do Sistema Nacional de Laboratórios de Saúde Pública. Neste cenário, o IEC foi responsável pelo treinamento das equipes dos Laboratórios Centrais de Saúde Pública de 14 estados e mais o Distrito Federal para a Detecção Molecular do SARS-CoV-2. A partir desse momento, tais laboratórios passaram a fazer testes laboratoriais do tipo RT-qPCR utilizando os kits fabricados pelo Instituto Bio-Manguinhos da Fundação Oswaldo Cruz. Com o repasse da técnica de diagnóstico do SARS-CoV-2 para os Laboratórios Centrais de Saúde Pública, dos estados, O LVR-IEC passou a atuar no na assessoria a todos os estados sob sua abrangência, na testagem de amostras com resultado inconclusivo, nas discussões dos protocolos de diagnósticos e na implementação dos fluxos da vigilância laboratorial da Covid-19.
SEQUENCIAMENTO GENÔMICO: Além disso, como NIC, o IEC vem trabalhando ativamente na vigilância genômica de SARS-CoV-2. mediante a realização de sequenciamento genômico. Esta atividade permite identificar o genoma do vírus, bem como suas mutações, e tem contribuído, desta forma, com estudos científicos envolvendo vacinas e tratamentos para a COVID-19. Dentro da vigilância genômica, o IEC tem realizado o sequenciamento de cepas deSARS-CoV-2 encaminhadas pelos estados de sua abrangência, lançando mão de uma das metodologias mais avançadas, o sequenciamento de nova geração, que permite uma maior cobertura genômica, diminuindo a possibilidade de erros durante o processo e, consequentemente, maior fidelidade dos resultados.
Como resultado deste trabalho, no dia 29 de janeiro de 2021 foi identificada a presença da Variante P1 No Estado do Pará. A referida variante, teve origem no estado do Amazonas no final de 2020 e, desde então, tem sido estudada e vem sendo apontada como a responsável pelo aumento do número de casos no Amazonas e em outros estados do Brasil, como o Pará.
Além da vigilância genômica, que vem sendo realizada rotineiramente pelo IEC desde abril, a instituição tem atuado no Projeto da Rede Nacional de Sequenciamento Genético para a Vigilância em Saúde, que é gerenciado pela Coordenação-Geral de Laboratórios de Saúde Pública (CGLAB), do Departamento de Articulação Estratégica de Vigilância em Saúde (DAEVS), da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS). Esse projeto tem por objetivo o sequenciamento de 1.200 genomas de SARS-CoV-2 em todo o território nacional. Em suma, este estudo permitirá o monitoramento da propagação e da variabilidade genética do SARS-CoV-2, que é uma estratégia crucial para implementação de medidas de prevenção e efetivo controle da pandemia da COVID-19 no Brasil e no mundo.
Ainda no âmbito das estratégias de enfrentamento à pandemia, o IEC recebeu um investimento, captado pelo Instituto D´or de Pesquisa e Ensino, oriundo da Fundação Bill & Melinda Gates, para aplicação em reforma e expansão do Núcleo de Pesquisa Clinica da Seção de Virologia do IEC, localizado em Belém, e capacitação de equipe técnica para atuar diretamente em estudos clínicos. Os recursos estão sendo administrados pela Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa – FADESP – da Universidade Federal do Pará. Como resultado dessa expansão, o IEC será certificado e poderá se tornar candidato a receber estudos clínicos envolvendo vacinas candidatas contra COVID-19, emfases II e III dos testes. O espaço também estará apto para os mais diversos protocolos de estudos clínicos, com medicamentos ou vacinas para outras doenças.
As ações elencadas demonstram as ações que vêm sendo desenvolvidas pelo IEC durante a Pandemia da COVID-19, além disto, cabe assinalar que o Instituto Evandro Chagas continua sendo uma instituição de referência para outros agravos além da COVID-19 e tem realizado trabalhos e ações significativas em saúde pública sempre visando o bem estar da sociedade.