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Centro Nacional de Primatas: uso de biomodelos para pesquisa biomédica e vigilância em saúde
O Centro Nacional de Primatas (CENP) órgão vinculado ao Instituto Evandro Chagas (IEC) foi criado a partir do convênio entre o MS, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e Organização Mundial de Saúde (OMS) em 15 de março de 1987, em razão da grande diversidade de espécies de primatas não humanos na região Amazônica com potencial para estudos científicos.
Há 43 anos, o CENP atua a serviço da sociedade, contribuindo com a ciência do país. Suas áreas de atuação são a criação e reprodução de primatas não humanos, para fornecer e executar o desenvolvimento de pesquisas epidemiológicas e ambientais em saúde pública, além das ações de vigilância epidemiológica e da contribuição na formação acadêmica de estudantes de graduação e pós-graduação. Atualmente, é considerado um dos maiores centros de primatologia da América Latina, composto por uma área técnica com sete galpões de reprodução, um de experimentação animal, duas quarentenas, um complexo laboratorial, um complexo clínico-cirúrgico e 20 recintos de exposição, com um plantel composto de 26 diferentes espécies de primatas e mais de 600 indivíduos.
Durante toda a trajetória da existência do CENP, a instituição contribuiu com o desenvolvimento de inúmeras pesquisas, destacando-se os estudos envolvendo os agentes causadores das leishmanioses, malária, vírus Zika, esquistossomose, febre amarela, dengue e SARS CoV-2, além dos estudos sobre mal de Parkinson e pesquisas com células tronco, tornando-se uma referência de apoio às investigações biomédicas em saúde pública. A exemplo disso, destacamos o estímulo do CENP dado à fóruns de discussão de pesquisas sobre os PNH, desde 2015 através do Simpósio de Pesquisa em Primatas na Amazônia contribuindo para a formação de recursos humanos e o aprimoramento de estudantes e profissionais na área de medicina de primatas aplicada à saúde pública.
Projetos para ficar de olho:
Projeto Zika: O projeto integra uma rede de pesquisas realizadas pelo Instituto Evandro Chagas e Centro Nacional de Primatas em parceria com a universidade do Texas Medical Branch, nos Estados Unidos, que estão desenvolvendo estudos sobre o ZIKV nos primatas não humanos do CENP. O objetivo dos estudos é a avaliação e sequelas do vírus em grávidas e filhotes, assim como estudos pré-clínicos da vacina contra esse vírus, fruto dessa parceria. Os resultados parciais demonstraram suscetibilidade da espécie Saimiri collinsi à essa infecção do ZIKV, com lesões da SCZ semelhante ao que ocorre em humanos, caracterizando a espécie como um excelente modelo biomédico, sendo a partir desse estudo, a espécie modelo para vacinas contra o Zika vírus.
Projeto Parkinson: O projeto STARDUST ( www.project-stardust.eu ), desenvolvido por um consórcio entre Universidades, Institutos de Pesquisa e Empresas coordenados pela Universidade de Aarhus – Dinamarca, visa o desenvolvimento de um implante cerebral miniaturizado para realização de registros eletrofisiológicos, manipulações optogenéticas e liberação ultralocalizada de fármacos. Este dispositivo será utilizado no CENP para a manipulação de circuitos neurais específicos no desenvolvimento de uma nova abordagem terapêutica para a doença de Parkinson.
A parceria UFPA/CENP é parte integrante deste projeto, e desenvolve um dos “pacotes de trabalho” com estudos neurofisiológicos em optogenética para a doença de Parkinson. Os testes com primatas permitem uma avaliação com grande potencial preditivo acerca da eficácia, segurança e do potencial para aplicação clínica desta nova abordagem terapêutica.
Projeto COVID-19: Existem evidências científicas abundantes de que os grandes primatas são suscetíveis à infecção por patógenos respiratórios humanos. Neste ponto, é mais seguro supor que os mesmos sejam suscetíveis à infecção por SARS CoV-2.
Este projeto visa realizar uma investigação sobre infecção por SARS CoV-2 em Primatas não humanos mantidos em cativeiro no CENP e identificar espécies de PNH (Primatas não humanos) com alto risco de contaminação devido a transmissão de vírus de origem humana.
Vigilância de epizootias de primatas não humanos: O CENP atua em atividades de campo nos surtos de Febre Amarela no Brasil e em outros países e atua também nas ações de vigilância epidemiológica junto às Secretarias Estaduais, Municipais e Secretaria de Vigilância e Saúde do Ministério da Saúde.
Treinamentos em vigilância de epizootias de primatas não humanos: O CENP atua em treinamentos nacionais (SVS/MS) e internacionais (OPAS/MS) de vigilância epidemiológica integrada de arboviroses; primatologia aplicada à vigilância de arboviroses; biologia e identificação das espécies de primatas; diagnóstico das arboviroses com ênfase para a Febre Amarela e entomologia aplicada a vigilância das arboviroses com ênfase na Febre Amarela.