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30 Anos de Contribuição em Saúde Ambiental em Defesa da Amazônia
A emergência dos problemas ambientais e repercussões em saúde pública, especialmente com a evolução dos grandes projetos de desenvolvimento da Amazônia, levaram os pesquisadores, a buscar apoio para a criação de uma área no Instituto Evandro Chagas (IEC) que investigasse os impactos ambientais na saúde da população amazônica. Nesse contexto, no mesmo ano da realização da conferência ECO-92, o IEC constituiu o Laboratório de Ecologia Humana e Meio Ambiente, que mais tarde se tornou a Seção de Meio Ambiente (SEAMB). Com isso o IEC aumentou o seu escopo de atuação e introduziu a saúde ambiental na identidade institucional e proporcionou a ampliação da capacidade de resposta à demanda de vigilância em saúde na área de Saúde Ambiental, que ainda estava sendo delineada de forma incipiente no Brasil na década de 1990.
Com os debates e as aflições ambientais, no início da década de 1990, a Instituição teve apoios nacionais e internacionais para o desenvolvimento de suas atividades, como é o caso do Instituto de Estudos de Saúde Coletiva (IESC) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA).
Os estudos sobre a exposição de comunidades a metais, tais como cádmio, chumbo, manganês, bário, alumínio e arsênio em áreas industriais na Amazônia, têm contribuído também, de forma pioneira, para esclarecer esse cenário na região, a fim de subsidiar políticas de vigilância em saúde. As pesquisas com biomarcadores de efeitos da exposição a poluentes na saúde humana têm indicado evidências precoces de alterações nos sistemas orgânicos de diversas bacias hidrográficas amazônicas.
Durante as décadas iniciais, A Seção de Meio Ambiente tem atuado com foco sob inquéritos em áreas de garimpos. Já a partir dos anos 200 a atuação da área de meio ambiente se consolidou em espaços industriais ao redor de Abaetetuba e Barcarena, e também em projetos de avaliação da qualidade da água. Essa atuação, foi fundamental para o processo de melhoria de tecnologia e equipe técnica, que hoje são capazes de fazer análises com mais alto controle de qualidade acreditado pelo Inmetro.
.Em relação aos contaminantes orgânicos, como inseticidas e agrotóxicos, a área de meio ambiente do IEC foi designada pelo Ministério da Saúde (MS) para investigar e analisar a exposição humana a pesticidas, com a determinação de DDT em soro sanguíneo dos agentes de saúde da Funasa. Atualmente, a instituição tem recebido demandas dessa natureza de diversos estados da Amazônia, tornando-se referência para o Sistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental (SINVSA).
Desde agosto de 2020, o IEC realiza o monitoramento ambiental do Sars-CoV-2 em Belém e região metropolitana, com amostragens realizadas nas entradas e saídas das estações de tratamento de esgoto – ETE, além de oito canais a céu aberto que recebem efluentes sanitários na capital do estado. Em 2021, o IEC montou um grupo de trabalho para atuar em pesquisas relacionadas a Doença de Haff, também conhecida como “Urina Preta”.
O trabalho de vigilância em saúde ambiental, por meio da pesquisa, tem sido um dos grandes motes que estão no cerne do IEC, que sempre tem desenvolvido respostas rápidas em saúde ambiental, especialmente na região Amazônica, para que os governos federal, estaduais e municipais tenham subsídios para a tomada de decisões eficientes para as populações que vivem na região, especialmente aquelas mais vulneráveis.
Texto adaptado: http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2176-62232016000500083
PROJETOS PARA FICAR DE OLHO
SAÚDE AMBIENTAL E VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA EM ÁREAS GARIMPEIRAS DE CACHOEIRA DO PIRIÁ, NO ESTADO DO PARÁ
O Instituto Evandro Chagas (IEC) (por meio de pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia e Vigilância em Saúde – PPGEVS – e colaboração internacional) realizou, recentemente, estudos sobre mercúrio (Hg) no município de Cachoeira do Piriá. Os resultados indicam contaminação do ar por vapor de Hg. Cachoeira do Piriá, historicamente relacionada com a mineração artesanal de ouro em pequena escala (ASGM: Artisanal and small-scale gold mining ), apresenta os piores índices de desenvolvimento humano (mais de 70% da população abaixo da linha da pobreza). O projeto tem por objetivo avaliar os riscos à saúde da população associados a agravos ambientais em Cachoeira do Piriá para auxílio à prevenção e mitigação de seus impactos.
PROJETO DE PESQUSA EM ALDEIAS INDÍGENAS : O IEC está desenvolvendo uma pesquisa multidisciplinar em cinco aldeias Mundurukus no Alto Tapajós entre os municípios de Itaituba e Jacareacanga, no estado do Pará. O objetivo principal é desenvolver estudos quanto à exposição ao mercúrio de grupos vulneráveis (mulheres grávidas, parturientes e crianças ao nascer).
PROJETO DE PESQUSA EM ULIANÓPOLIS: O projeto está sendo realizado, em parceria com o Instituto de Avaliação de Brasília, para desenvolver estudos de valoração ambiental em Ulianópolis, ou seja, como está o meio ambiente nessa área, tendo em vista que desde a década de 80, há impactos na região, como lixões a céu aberto, centenas de tambores e outros materiais contendo contaminantes metálicos e orgânicos em uma área de mais de 100 hectares.
PROJETO DE PESQUISA EM BIOMONITORAMENTO DE CIANOBACTÉRIAS E BIOINDICADORES PLANCTÔNICOS: Monitoramento da qualidade da água de ecossistemas aquáticos amazônicos realizado por meio da identificação, isolamento e cultivo em laboratório de microrganismos bioindicadores, como cianobactérias e comunidade planctônica (fitoplâncton e zooplâncton). Até o momento, já foram registradas 24 novas ocorrências de espécies de cianobactérias para o estado do Pará.