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Brigadistas extinguem fogo em unidades do DF
- Foto: Mayangdi Inzaulgarat
Nas duas últimas semanas, os brigadistas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), combateram focos de incêndio no Parque Nacional e Floresta Nacional de Brasília. Das duas unidades de conservação brasilienses, o parque foi o mais atingido, com 3.855,32 hectares de área queimada, no incêndio iniciado no dia 5 de setembro, e 5.451,56 hectares no segundo incêndio, iniciado no dia 10 de setembro, totalizando 9.306,8 hectares nos dois eventos.
O combate ao fogo contou com o apoio do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF), do Instituto Brasília Ambiental (Ibram) e voluntários. O incêndio foi extinto na última sexta-feira, 16/9, ainda antes da chegada das chuvas.
O primeiro incêndio tomou a região da Barragem de Santa Maria e do Córrego da Barriguda. Já o segundo, iniciou na região conhecida como Chapadinha, alcançou os limites da APA do Planalto Central e do Parque Nacional de Brasília na segunda-feira (12/9) e havia se alastrado entre os córregos Três Barras e Milho Cozido. Na contagem geral, o combate ainda contou com duas aeronaves modelo Air Tractor do ICMBio e um Air Tractor do CBMDF, além de helicópteros das duas instituições, viaturas e caminhões-pipas.
Equipes de fiscalização do ICMBio, do Grupamento de Operações no Cerrado do Batalhão de Polícia Militar Ambiental do Distrito Federal (GOC/BPMA/PMDF) e viaturas do CBMDF também permaneceram em monitoramento na Unidade de Conservação Federal para coibir novos focos de incêndios.
Na Floresta Nacional de Brasília, dois focos de incêndios atingiram a unidade no dia 15 de setembro. Um dos focos estava localizado na região central e o outro, próximo ao Córrego dos Currais. Quinze brigadistas, sendo dez do ICMBio e cinco do Instituto Brasília Ambiental (Ibram) combateram as chamas. Além deles, o evento contou com o apoio da Polícia Militar Ambiental do Distrito Federal e do serviço de inteligência do CBMDF. O fogo foi controlado e extinto já na sexta-feira, antes da chegada das chuvas.
Apesar de ter chovido na Capital Federal no último final de semana, os dois incêndios teriam sido bem mais severos se não fosse o esforço integrado dessas forças, visto que nas duas últimas semanas os combatentes enfrentaram condições bastante intensas de temperatura, calor e vento, que não colaboravam em nada para o controle do incêndio.
Queima prescrita
Vegetação não atingida por fogo foi manejada anteriormente (Fagner Lacerda)
As queimas prescritas são uma medida de prevenção aos incêndios que acontecem no período da seca. Elas são uma das ferramentas do Manejo Integrado do Fogo, a estratégia usada pelo ICMBio para prevenir e diminuir a ocorrência de grandes incêndios durante a estiagem. Ao longo do ano, a grande quantidade de material que se deposita no solo acaba virando combustível para o fogo, que pode acabar se tornando um grande incêndio. Com as queimas prescritas, brigadistas direcionam focos de fogo controlados pelo terreno, evitando que o acúmulo de material vegetal alimente as chamas na época de maior incidência dos incêndios.
Com o auxílio de um equipamento chamado de pinga-fogo, que é abastecido com uma mistura de gasolina e óleo diesel, os brigadistas direcionam pequenos focos de fogo pelo terreno. Para isso, eles levam em consideração umidade, temperatura e, principalmente, a orientação do vento. As queimas prescritas são realizadas num momento chamado de “janelas de queima”, que geralmente coincide com a época de ocorrência natural do fogo. A ideia é que até os meses de seca, a vegetação já se regenere, porém, sem material combustível para intensificar a ocorrência dos incêndios.
O resultado disso foi observado no Parque Nacional de Brasília. Segundo o chefe de esquadrão da brigada do Parque, Rodrigo Amaral, nos locais onde foi realizada a queima prescrita é fácil de ver que o terreno está intacto, com a vegetação verde e destoando do cenário de incêndio.
Brigadistas do Parque Nacional de Brasília combateram fogo desde o começo de setembro (Mayangdi Inzaulgarat)
Animais resgatados
Uma das grandes dúvidas que ocorre na época de incêndios florestais é em relação aos animais. Felizmente, na maioria das vezes os animais conseguem escapar. Segundo explica o coordenador de Prevenção e Combate a Incêndios, João Morita, os animais só costumam ser vitimados se forem cercados por linhas, o que só acontece quando os brigadistas não têm condição nenhuma de combater a formação dos flancos. Animais muito jovens, mais velhos, doentes ou com algum problema de deslocamento (patas quebradas, por exemplo), podem ficar para trás. Mas isso não significa uma sentença de morte. Eles conseguem se esconder em tocas e cupinzeiros e aguardar a passagem do fogo em segurança. Cada animal tem sua estratégia em escapar de incêndios: os maiores (geralmente os mamíferos corredores como lobos-guará) conseguem escapar correndo; enquanto roedores podem se esconder nas suas tocas.
O fogo também influencia no comportamento animal. O analista ambiental do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap), Rogério Cunha, explica que o lobo-guará é um dos animais que se "aproveitam" da ocorrência do fogo para obter alimentos. De acordo com Cunha, é muito comum que os lobos fiquem em áreas próximas dos incêndios aguardando por serpentes, ratos e lagartos que estejam fugindo do fogo.
Durante o incêndio no Parque Nacional de Brasília, apenas uma cobra foi encontrada carbonizada na área queimada. Dois filhotes de cachorro-vinagre, que provavelmente se perderam da mãe, também foram resgatados e encaminhados ao Hospital Veterinário da Universidade de Brasília (UnB).
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Comunicação ICMBio
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