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Voluntários auxiliam Parque Nacional de Brasília no levantamento de espécies exóticas
Estudos identificaram 118 espécies exóticas à flora
Sandra Tavares
sandra.tavares@icmbio.gov.br
Brasília (11/01/2012) – O Programa Voluntariado, coordenado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) dentro de Unidades de Conservação (UC) federais e centros de pesquisa vem colhendo importantes frutos do trabalho espontâneo de quem resolve dar uma mão à conservação ambiental.
A Instrução Normativa nº 03/2009 , que regulamenta o programa no ICMBio detalha que os voluntários podem se envolver em atividades de apoio às ações de educação ambiental, pesquisa e monitoramento, uso público e proteção ambiental, incluindo atividades de prevenção e combate a incêndios florestais dentro dessas áreas.
No Parque Nacional de Brasília, por exemplo, três estudantes de biologia do quinto período da Universidade Católica de Brasília procuraram a unidade de conservação e acabaram ingressando no Projeto Manejo de Espécies Exóticas, coordenado pela analista ambiental do ICMBio, Christiane Horowitz.
Segundo Christiane, a invasão de espécies exóticas (não nativas) é a segunda maior causa de perda da biodiversidade no mundo. A destruição de habitat está em primeiro. Estudos realizados no parque identificaram 118 espécies exóticas à flora. “No rol das gramíneas, o capim-gordura, o andropogon, a brachiaria e o capim-jaraguá são as espécies mais agressivas, todas com registro, inclusive, na zona intangível e primitiva da unidade”, explica Horowitz.
Nativas da África, essas espécies foram introduzidas no Brasil como forrageiras. Ao escaparem dos pastos cultivados, transformaram-se em espécies invasoras de diversos ecossistemas brasileiros. No Cerrado, avançam sobre as formações campestres e savânicas. Levantamentos assinalam que cerca de cinco mil hectares do Parque Nacional de Brasília estejam tomados por estas exóticas invasoras, com predominância do capim-gordura.
As atividades dos voluntários consistem em mapear o padrão de ocorrência destas gramíneas invasoras ao longo das estradas do parque. Eles estão atuando na Área 1, que possui 27 mil hectares e a expectativa é de que percorram 250 km de estrada da unidade de conservação.
O grupo está trabalhando no diagnóstico dessas espécies e a expectativa é de que seja proposto um projeto específico para as gramíneas exóticas invasoras. “O próximo passo será pensar nas ações de manejo que consistem na erradicação, no controle e na contenção dessas espécies. As técnicas podem ser mecânicas, químicas e bioecológica. A intervenção depende das características da espécie invasora, da comunidade, da paisagem, do habitat e das espécies nativas associadas e controladoras”, destaca Horowitz.
Os estudantes atuam de forma voluntária duas vezes por semana, para fazerem o reconhecimento das gramíneas invasoras ao longo das estradas do parque. Ao final, os voluntários receberão certificado comprovando a participação no projeto. “Estimamos fechar o diagnóstico em maio”, informa a coordenadora do Projeto Manejo de Espécies Exóticas, Christiane Horowitz.
Para Christiane, os benefícios são múltiplos. O estudante tem a oportunidade de vivenciar na prática a teoria estudada na faculdade. E o Instituto recebe um aporte de pessoal para auxiliar no trabalho de campo, a exemplo do que vem sendo feito neste projeto. Há também, o ganho na pesquisa acadêmica. Esses estudantes contribuem no conhecimento do processo de invasão biológica. Os trabalhos são desenvolvidos com acuidade e seus resultados podem ser apresentados em seminários e, até, em artigos científicos. “O voluntariado é um exercício de cidadania”, frisa Horowitz.
Quem estiver interessado em ser voluntário de alguma unidade de conservação do Brasil, pode acessar o portal do ICMBio para mais informações.
Programa Voluntariado
Criado em 2009, o Programa de Voluntariado, cuja gestão fica a cargo da Coordenação-Geral de Proteção do ICMBio (CGPRO), tem como objetivo incentivar a participação da sociedade e aproximá-la da gestão das áreas protegidas e da conservação da biodiversidade.
Atualmente, 40 unidades já participam do programa, entre unidades de conservação federais e centros de pesquisa. São mais de 300 voluntários em todo o território nacional, a maioria atuando nas Brigadas Voluntárias.
Para a coordenadora-geral substituta de Proteção Ambiental do ICMBio, Flávia Oliveira, a finalidade do programa é fazer com que as pessoas expressem sua cidadania e seu comprometimento com o futuro do meio ambiente e com a qualidade de vida local. “O voluntário é um cidadão comum que, por meio da formalização da adesão ao serviço voluntário, passa a atuar como corresponsável em ações de conservação da biodiversidade”, frisa Flávia.
Entre as unidades onde o voluntariado atua na brigada estão o Parques Nacionais de Brasília (DF), da Chapada dos Veadeiros (GO), da Chapada Diamantina (BA), da Serra do Cipó (MG) e a Estação Ecológica do Iquê (MT), que conta com uma brigada voluntária indígena.
O voluntário é qualificado de acordo com a área de atuação que irá apoiar. Aquele que vai apoiar as ações de prevenção e combate a incêndios florestais, por exemplo, realiza curso de formação de brigadista voluntário.
“Esperamos que o número de voluntários cresça, bem como de unidades de conservação e centros aderindo ao programa. Teremos em breve um Sistema de Voluntariado, que permitirá a operacionalização do programa de forma informatizada, agilizando e otimizando o planejamento, controle e avaliação do serviço voluntário”, destaca o presidente do ICMBio, Rômulo Mello.
Confira também a matéria da NBR Notícias.
Ascom ICMBio
(61) 3341-9290