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Vídeos registram hábitos das tartarugas marinhas
Filmagens feitas no Parque Nacional Marinho dos Abrolhos mostram os hábitos alimentares e as chamadas “estações de limpeza” das tartarugas
Sandra Tavares
sandra.tavares@icmbio.gov.br
Vitória (15/03/17) – Há dois anos, o Projeto Tamar – fruto da união de esforços entre o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação das Tartarugas Marinhas e Biodiversidade Marinha do Leste (Centro Tamar/ICMBio) e a Fundação Pró-TAMAR – e o
Parque Nacional Marinho de Abrolhos
, unidade de conservação (UC) gerida pelo ICMBio no sul da Bahia, começaram uma parceria para identificar e quantificar áreas de alimentação e desova de tartarugas marinhas no Arquipélago dos Abrolhos.
Em março de 2015 teve início o "Monitoramento das Tartarugas Marinhas no Parque Nacional Marinho dos Abrolhos", tendo como principal objetivo caracterizar Abrolhos como área de alimentação das tartarugas de pente (
Eretmochelys imbricata
) – ação prevista no Plano de Ação Nacional para Conservação (PAN) das Tartarugas Marinhas.
A ação é realizada por meio de expedições conjuntas, envolvendo além do fornecimento de materiais de campo, a capacitação da equipe do Parque Nacional Marinho de Abrolhos, que segue com o monitoramento.
Além das tartarugas de pente, o parque também abriga uma importante área de alimentação de tartarugas verdes (
Chelonia mydas
), assim como a desova das tartarugas cabeçudas (
Caretta caretta
), que ocorre anualmente de setembro a março.
Para o coordenador do Centro Tamar, João Carlos Alciati Thomé, sem sombra de dúvidas todo e qualquer registro do comportamento das espécies é uma informação importante “para se compreender como essas espécies vivem, se alimentam, e se reproduzem, por exemplo”, explica Joca.
Monitoramento audiovisual
Além de conhecer e caracterizar melhor o uso das áreas do parque pelas espécies de tartarugas marinhas, o monitoramento também traz informações sobre a saúde das populações que frequentam a unidade.
“A Ilha Siriba possui uma das maiores concentrações de tartarugas de Abrolhos. As tartarugas verdes se alimentam de gramíneas marinhas existentes no parque”, frisa Lucas Cabral Lage Ferreira, oceanógrafo e mestrando em Oceanografia Ambiental da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).
Lucas e o biólogo e mestrando em Ecologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Daniel Venturini, estiveram no Arquipélago de Abrolhos como voluntários pelo Programa de Voluntariado do ICMBio e aproveitaram a sua temporada para realizar filmagens de comportamento de tartarugas marinhas. Os pesquisadores produziram
vídeos de alimentação
e de
limpeza
das tartarugas verdes (clique e confira!).
Estações de limpeza
Antes das gravações, Lucas e Berna, monitor ambiental há 28 anos do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, já tinham identificado uma estação de limpeza das tartarugas marinhas perto da área da Ilha Siriba. “A cada dia conseguimos imagens melhores, mais perto das tartarugas, e águas cada vez mais claras”, relembra Lucas.
Estações de limpeza marinha são locais onde os organismos marinhos se reúnem para serem limpos por espécies de peixes e camarões limpadores. O processo de limpeza é importante para remover parasitas que ficam aderidos no corpo e que podem causar danos aos tecidos e mucos de peixes e tartarugas marinhas.
Geralmente, os peixes limpadores ficam fixos na estação enquanto há uma rotatividade dos peixes a serem limpos, conhecidos como “clientes”. Essa relação é uma relação de simbiose em que os clientes são limpos e ao mesmo tempo fornecem alimento para os peixes limpadores. Para as tartarugas marinhas a limpeza é fundamental, principalmente para remover organismos do seu casco que podem prejudicar a sua locomoção.
“A partir daí, eu e Daniel começamos a deixar duas câmeras filmando a estação de limpeza enquanto estávamos fazendo o trabalho de voluntário de atendimento aos turistas. Passávamos algumas horas na Ilha Siriba fazendo o atendimento aos turistas que visitam o parque e as câmeras ficavam filmando a estação. Trocávamos a bateria a cada três horas para manter o registro contínuo”, explica o pesquisador.
Segundo ele, todos os dias conseguiam imagens cada vez mais surpreendentes, tubarões passando, peixes grandes, novos registros de peixes limpadores, além do encantador registro do comportamento das tartarugas.
“Abrolhos 360º”
E foi assim que surgiu a ideia de se produzir uma série de vídeos chamada
"Abrolhos 360º"
, com a finalidade de mostrar aos amantes da vida marinha as riquezas do Arquipélago de Abrolhos e divulgar a oportunidade de viver essa experiência como voluntário do ICMBio.
Foram produzidos até o momento dois vídeos sobre tartarugas marinhas, um sobre o
Programa de Voluntário do Parque Nacional Marinho de Abrolhos
e mais um com
imagens de TimeLapse
ao redor das ilhas.
Potencial científico
Além de promover a educação ambiental sobre as espécies de tartarugas que ocorrem em Abrolhos, os vídeos se propõem a explorar questões científicas acerca das espécies, por meio de registros audiovisuais.
“Pretendíamos, em um primeiro momento, mostrar para o público as belezas de Abrolhos e gerar uma conscientização ambiental, levando informações importantes de forma simples. Mas os vídeos mostraram um grande potencial científico, pelo fato de se conhecer muito pouco as estações de limpeza de tartarugas marinhas”, ressalta Lucas.
No quesito conhecimento científico, as imagens sobre as estações de limpeza permitem estudar o comportamento das tartarugas e quais espécies de peixes são seus principais limpadores. Por meio de fotos está sendo possível identificar os indivíduos e saber quantas tartarugas visitam as estações de limpeza.
Para Fernando Repinaldo Filho, chefe do Parque Nacional Marinho de Abrolhos, é importante destacar a contribuição do Programa de Voluntariado do ICMBio e de suas equipes formadas por profissionais sempre qualificados e dispostos a contribuir tanto nas ações quanto na produção desses vídeos.
Comunicação ICMBio – (61) 2028-9280 – com informações do Centro Tamar – (27) 3222-1417