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UNIDADES DE CONSERVAÇÃO AMEAÇADAS EM RORAIMA
Fogo para limpar roça invade as áreas protegidas
Fogo para limpar roça invade as áreas protegidas e queima campos e florestas
João Freire
joao.freire@icmbio.gov.br
Caracaraí, RR (11/03/2016) – Este ano, a seca em Roraima está mais intensa do que em anos anteriores, por causa do fenômeno climático El Niño. Em todo o estado, foram identificados 619 focos de calor, apenas nos primeiros dez dias de março, número bem acima da média para o mês inteiro, que é de 565 focos.
“A principal causa é o fogo ilegal, usado para limpar roça ou para desmatamento. Como o clima está muito seco, o fogo sai do controle e vira um incêndio de grande proporção”, explica o coordenador de emergências ambientais do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Christian Berlinck.
“O problema é ainda maior quando o fogo entra nas unidades de conservação. Especialmente quando atinge áreas de floresta. Os danos podem ser irreversíveis, com grande perda de fauna e flora” adverte Berlinck. “Quando isso acontece, é um crime ambiental e o responsável pode ser preso e ter sua propriedade embargada. Não façam fogo neste período”, orienta o coordenador.
Combate ao incêndio
Quatro unidades de conservação, administradas pelo ICMBio, estão ameaçadas pelo fogo em Roraima: Estação Ecológica de Caracaraí, Floresta Nacional de Roraima, Floresta Nacional de Anauá e o Parque Nacional do Viruá, onde a situação é mais complicada. Até agora, o incêndio já queimou cerca de 20 por cento da área total do Parque.
O ICMBio montou uma grande base de operação, com apoio do Ibama e Defesa Civil, para combater o fogo no Viruá e preservar as florestas da unidade. Cerca de 70 pessoas, entre brigadistas e bombeiros militares, estão trabalhando na operação no Viruá, desde o dia 27 de fevereiro. A equipe é apoiada por dois aviões-tanque e dois helicópteros, além de caminhonetes.
“O custo de uma operação destas é cerca de vinte vezes maior do que o gasto com as ações preventivas que fazemos ao longo do ano”, lamenta a coordenadora regional substituta do ICMBio, Maressa Girão. “As pessoas precisam se conscientizar que não podem usar fogo durante a seca”, conclui a coordenadora.
Os brigadistas estão conseguindo manter o fogo sob controle no Viruá. Mas, o incêndio só será completamente extinto quando chover. A meteorologia prevê chuva para os próximos dias, porém, ainda em quantidade insuficiente para acabar com o incêndio. O período de chuvas regulares na região começa em abril.
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Sobre o Parque Nacional do Viruá
O Parque de 241 mil hectares de área, foi criado (em 1998) com o objetivo principal de preservar o ecossistema de campinarana. A vegetação predominante é um grande mosaico de campinaranas (vegetação sobre solos arenosos). Há também florestas de várzea e igapó.
Sua diversidade de fauna e flora é um dos principais atrativos. A lista de espécies de aves do parque e de seu entorno chega a 520 espécies, sendo o local onde há registros do maior número de espécies de aves observadas em um único dia no país (225 espécies).
Há registros de cerca de 119 espécies de mamíferos no Parque, sendo duas espécies raras de morcego (Diclidurus isabellus e Glyphonycteris daviesi) e nove espécies ameaçadas de extinção, entre elas: macaco-aranha, gato-maracajá, tamanduá-bandeira e a onça-pintada.
Comunicação ICMBio
(61) 2028-9280