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Tartaruga marcada no Uruguai é encontrada no litoral de SP
Animal foi capturado acidentalmente em um curral de pesca monitorado
Brasília (30/09/2013) - Uma tartaruga verde (Chelonia mydas) juvenil foi capturada acidentalmente em um curral de pesca monitorado pelo Instituto de Pesquisas de Cananéia (IPEC), no sul do Estado de São Paulo. Em contato com o Projeto Karumbé, que pesquisa tartarugas marinhas no Uruguai, foi confirmado que o animal foi marcado em janeiro deste ano, na localidade de Cerro Verde, no município uruguaio de Rocha.
Em julho de 2012, outra tartaruga da mesma espécie , também marcada em Cerro Verde, no Uruguai, foi capturada em uma rede de pesca em Ubatuba , no litoral norte de São Paulo. Em anos anteriores, duas tartarugas verdes marcadas pelo Tamar em Ubatuba foram encontradas pelo Karumbé no Uruguai.
Monitoramento
Em estudos de monitoramento de tartarugas por satélite realizados pelo Karumbé, os pesquisadores observaram que alguns animais deixavam o Uruguai no inverno, migrando para o Brasil e voltando às águas uruguaias no verão. Como as tartarugas marinhas são animais ectotérmicos, ou seja, a temperatura corporal varia de acordo com a temperatura do ambiente, essa migração para águas mais quentes no inverno aumentaria o conforto térmico dos animais, possibilitando maior atividade nos meses mais frios do ano.
Outro estudo sobre o tema das migrações, realizado em 2011 e coordenado pelo pesquisador Dr. Paulo Barata, da Fundação Osvaldo Cruz, com a colaboração do Tamar, de pesquisadores e instituições brasileiras, argentinas e uruguaias, analisou os tamanhos das tartarugas verdes encontradas nos três países, desde o Ceará até a Patagônia. O resultado do estudo sugere uma continuidade na distribuição geográfica das tartarugas verdes entre os três países, o que é compatível com estudos de genética que concluem que tartarugas verdes encontradas no Brasil, Uruguai e Argentina são provenientes das mesmas áreas de desova, principalmente da Ilha de Ascención, no meio do Atlântico e também de outras áreas como a Ilha de Aves, na Venezuela.
Aliados internacionais
O Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Tartarugas Marinhas (Tamar), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), e instituições como Karumbé e IPEC, realizam programas de pesquisa e conservação de tartarugas marinhas no Brasil, Uruguai e Argentina. Estas instituições integram a Rede ASO que se reúne a cada dois anos para trocar experiências, discutir problemas compartilhados e buscar soluções para as principais ameaças comuns aos três países que afetam as tartarugas na região do Atlântico Sul Ocidental.
Os países também são signatários da Convenção Interamericana para a Proteção e Conservação das Tartarugas Marinhas (CIT), criada para executar e coordenar ações multilaterais para a conservação e proteção desses animais ameaçados de extinção e para assegurar a implementação de uma agenda regional para conduzir a recuperação das espécies. As tartarugas marinhas são conhecidas por realizarem longas jornadas migratórias, muitas vezes com mais de 2 mil quilômetros de deslocamento entre áreas de desova e de alimentação. Estas viagens ultrapassam os limites geográficos e demandam esforços de cooperação internacional para sua proteção.
Programa de marcação
Além de identificar as regiões percorridas e os locais onde as tartarugas permaneceram por mais tempo, informações coletadas através do programa de marcação do Tamar/ICMBio, facilitam o trabalho de conservação nas várias fases do ciclo de vida dessas espécies. Os estudos confirmam que as tartarugas marinhas que ocorrem na costa brasileira têm um período de vida compartilhado em outros países dos continentes americano e africano.
Segundo a coordenadora nacional de pesquisa e conservação do Tamar, a oceanógrafa Neca Marcovaldi, as informações recolhidas são muito importantes para planejar e executar ações de conservação de tartarugas marinhas. "São úteis, por exemplo, para subsidiar medidas de proteção, ordenamento da pesca, licenciamento ambiental e criação de áreas marinhas protegidas", destaca.
Saiba o que fazer ao encontrar uma tartaruga marinha marcada. Clique aqui .
Comunicação ICMBio (61) 3341-9280 -
com informações do Tamar