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Tartaruga-de-couro é tema de pesquisa
Publicado em
11/04/2019 12h53
Atualizado em
16/04/2019 13h20
Pesquisadora esteve em Vitória/ES em março e mostrou resultados de seu doutorado.
Equipe assite apresentação da pesquisadora Liliana Colman. (Foto: Sandra Tavares)
Sandra Tavares
sandra.tavares@icmbio.gov.br
A pesquisadora e doutora pela Universidade de Exeter, na Inglaterra, Liliana Poggio Colman, esteve na sede do Tamar, do ICMBio, em Vitória-ES, no final de março para uma apresentação dos resultados revelados na pesquisa de doutorado “Ecologia e conservação das tartarugas-de-couro ( Dermochelys coriacea ) no Brasil”. A tese de Doutorado já se encontra na fase de submissão de seus capítulos, na forma de artigos, para publicação em revistas científicas internacionais.
sandra.tavares@icmbio.gov.br
A pesquisadora e doutora pela Universidade de Exeter, na Inglaterra, Liliana Poggio Colman, esteve na sede do Tamar, do ICMBio, em Vitória-ES, no final de março para uma apresentação dos resultados revelados na pesquisa de doutorado “Ecologia e conservação das tartarugas-de-couro ( Dermochelys coriacea ) no Brasil”. A tese de Doutorado já se encontra na fase de submissão de seus capítulos, na forma de artigos, para publicação em revistas científicas internacionais.
A pesquisa é fruto da parceria entre o Centro Tamar, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a Fundação Pró-Tamar e a Universidade de Exeter. Liliana foi bolsista pelo Programa Ciência sem Fronteiras, do CNPq, e os transmissores via satélite foram adquiridos com recursos do Programa GEF-Mar. As atividades também contaram com o apoio da Rufford Foundation e British Chelonia Group. O doutorado foi executado sob orientação do professor Brendan Godley, da Universidade de Exeter, um cientista internacionalmente reconhecido por seu trabalho com vertebrados marinhos e uso da telemetria por satélite relacionada à ecologia migratória das tartarugas marinhas.
Para o coordenador do Tamar e um dos orientadores, pesquisas como esta reforçam a importância e subsidiam a criação de áreas protegidas marinhas que venham garantir a manutenção dos ecossistemas ideais para a conservação das tartarugas marinhas, e em particular da tartaruga de couro e dos habitats dos quais elas dependem. Segundo ele, após o desastre ambiental ocorrido em Mariana/MG está em curso a criação da APA da Foz do Rio Doce, que vem corroborar a necessidade de proteção desses bolsões de desovas.
A pesquisa trouxe importantes avanços ao conhecimento acerca desta população, considerada criticamente ameaçada de extinção. Elementos como a análise de temperatura e proporção sexual de filhotes, importantes para decisões de manejo considerando os impactos das mudanças climáticas, bem como a análise de isótopos estáveis e telemetria, por meio das quais é possível mapear as áreas de alimentação desses indivíduos, foram incorporados às análises de tendências populacionais utilizando dados coletados pelo Projeto Tamar durante 30 anos (1988-2017).
O litoral norte do Espírito Santo é a única área regular de desova da espécie conhecida no Brasil, sendo esta população considerada geneticamente distinta das demais do Oceano Atlântico. Os estudos de tendências populacionais indicam que, embora variável, houve um aumento no número de ninhos da espécie, de em média 25,6 ninhos por ano durante os primeiros cinco anos de monitoramento para 89,8 ninhos por ano nos cinco anos mais recentes, considerando a área de 160 km entre as Praias de Comboios e de Guriri, incluindo a região da foz do Rio Doce.
Liliana acredita que as ações de conservação mantidas na área pelo Projeto Tamar desde a década de 1980 tenham contribuído para este indício de recuperação da espécie. No entanto, devido ao pequeno tamanho populacional, distribuição geográfica restrita e à existência de diversas ameaças, a população segue ameaçada e necessita de ações de conservação contínuas, como as que já vem sendo feitas pelo Projeto Tamar.
Os isótopos estáveis, unidos com informações de fêmeas rastreadas por telemetria indicam que, depois que deixam as áreas de desova, esta população provavelmente utiliza estratégias variadas, com alguns indivíduos utilizando áreas mais próximas da costa, e outros com comportamento mais oceânico. Segundo a pesquisadora, as diferenças em estratégias de forrageio já haviam sido descritas em outros estudos com esta espécie, e podem influenciar parâmetros ecológicos como intervalos de remigração (número de anos necessários entre ciclos reprodutivos), rotas migratórias e a susceptibilidade às diferentes ameaças, como por exemplo as pescarias ao longo da costa, ou pescarias oceânicas de grande porte em alto mar.
Outro aspecto trazido pela pesquisa foi a análise relativa à temperatura e à proporção sexual dos filhotes entre machos e fêmeas. Para a pesquisadora, foi identificado que no Espírito Santo as proporções sexuais são provavelmente mais equilibradas do que o estimado para outras espécies de tartarugas marinhas, no entanto constatou-se um decréscimo de em média dois dias a cada década nos tempos médios de incubação dos ninhos, o que pode indicar uma possível feminização desta população no futuro, considerando os cenários previstos de mudanças climáticas. Liliana afirma que é a primeira vez que se faz esse tipo de estudo para Dermochelys coriacea no Brasil e os resultados são importantes para acompanhar mudanças e definir estratégias de manejo.
Outro aspecto trazido pela pesquisa foi a análise relativa à temperatura e à proporção sexual dos filhotes entre machos e fêmeas. Para a pesquisadora, foi identificado que no Espírito Santo as proporções sexuais são provavelmente mais equilibradas do que o estimado para outras espécies de tartarugas marinhas, no entanto constatou-se um decréscimo de em média dois dias a cada década nos tempos médios de incubação dos ninhos, o que pode indicar uma possível feminização desta população no futuro, considerando os cenários previstos de mudanças climáticas. Liliana afirma que é a primeira vez que se faz esse tipo de estudo para Dermochelys coriacea no Brasil e os resultados são importantes para acompanhar mudanças e definir estratégias de manejo.
Tartatugas estão sendo monioradas. (Foto:Acervo/ICMBio)
A pesquisa também buscou identificar os possíveis impactos causados pela iluminação artificial sobre 4 espécies de tartarugas marinhas (Caretta caretta, Eretmochelys imbricata, Lepidochelys olivacea e Dermochelys coriacea) em suas principais áreas de desova ao longo da costa brasileira, do Rio de Janeiro até Sergipe. Foram cruzadas imagens noturnas de satélite com as informações de georreferenciamento das áreas de desova em nos períodos entre 1992-1996 e 2008-2012. Foi observado um aumento na iluminação em 64% (n = 604 km) destas áreas. A iluminação desorienta os filhotes de tartarugas marinhas, podendo levá-los à morte.
A pesquisa também buscou identificar os possíveis impactos causados pela iluminação artificial sobre 4 espécies de tartarugas marinhas (Caretta caretta, Eretmochelys imbricata, Lepidochelys olivacea e Dermochelys coriacea) em suas principais áreas de desova ao longo da costa brasileira, do Rio de Janeiro até Sergipe. Foram cruzadas imagens noturnas de satélite com as informações de georreferenciamento das áreas de desova em nos períodos entre 1992-1996 e 2008-2012. Foi observado um aumento na iluminação em 64% (n = 604 km) destas áreas. A iluminação desorienta os filhotes de tartarugas marinhas, podendo levá-los à morte.
Segundo a pesquisadora, quando se comparam os períodos analisados, constata-se um aumento na proporção de áreas de desova sujeitas à iluminação artificial. Liliana explica que, como as espécies têm diferentes distribuições, estas ameaças podem impactar distintamente cada uma delas.
A pesquisadora afirma que as espécies que ocorrem no Brasil estão em geral apresentando uma tendência de aumento de população, no entanto a existência de medidas mitigadoras como Áreas Protegidas/Unidades de Conservação (federais, estaduais e municipais) e normatização/legislação para adequar a iluminação em empreendimentos ao longo da costa, bem como a sensibilização da população para esta e outras ameaças são fundamentais para que as tartarugas marinhas e as pessoas possam coexistir.
Comunicação ICMBio
(61) 2028-9280
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