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Tamar Ubatuba celebra 26 anos de muito trabalho
Entre as conquistas, destaca-se a parceria com os pescadores artesanais do município que proporcionou a devolução ao mar de mais de 10.400 tartarugas capturadas incidentalmente
Brasília (07/11/2016) – O Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Tartarugas Marinhas (Tamar), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), comemorou na semana passada seus 26 anos em Ubatuba (SP) e o aniversário de 379 anos da cidade. Para marcar a data, foi promovida uma corrida de canoas com a participação de pescadores parceiros na conservação das tartarugas marinhas.
A 6ª edição da Corrida de Canoas Amigo Pescador foi realizada em conjunto com a Fundação de Arte e Cultura de Ubatuba (Fundart), que também realizou a IV Corrida de Canoas Maria Comprida. O evento ocorreu na Praia do Cruzeiro e contou com apoio da Associação dos Amigos e Remadores da Canoa Caiçara (Aarcca) e a presença de mais de 200 pessoas que também participaram da soltura de tartarugas marinhas reabilitadas.
Diferente das demais corridas de canoas realizadas atualmente em Ubatuba, a Amigo Pescador se destaca por ser uma corrida de longa distância, onde os remadores da categoria 4 remos percorrem um trajeto de 9.500m, entre as praias do Cruzeiro, Itaguá e Barra Seca. Os remadores cumpriram o trajeto em cerca de 1h15, demonstrando a força e a resistência de que enfrenta o dia a dia no mar.
Após a premiação, os participantes das corridas e seus familiares almoçaram na Fudart. Além de celebrar os aniversário do Tamar e de Ubatuba, o evento marcou o estreitamento da relação com os pescadores parceiros, que, por tantos anos, colaboram com os trabalhos de conservação e pesquisa das tartarugas marinhas em Ubatuba.
Conservação e pesquisa
A coordenadora do Tamar em Ubatuba, Berenice Gomes, lembrou que o trabalho de conservação e pesquisa direcionado à interação das tartarugas marinhas com a pesca na região foi iniciado em 1990 com um levantamento que identificou as diversas modalidades de pesca que capturam tartarugas incidentalmente no município.
Pouco a pouco, foi estabelecida parceria com os pescadores artesanais no município que voluntariamente passaram a informar o Tamar sobre as capturas de tartarugas e sobre o funcionamento das pescarias. A partir deste esforço conjunto, já foram devolvidas vivas e saudáveis ao mar mais de 10.400 tartarugas capturadas incidentalmente na pesca nestes 26 anos.
Com as informações coletadas sobre tartarugas mortas em redes de emalhe foi possível identificar e conhecer o funcionamento desta pescaria que causa a maior mortalidade no município e estudar formas de reduzir as capturas das tartarugas. A proposta de evitar a pesca com redes de emalhe, durante o dia, próximo aos costões rochosos, vem sendo divulgada junto aos pescadores e tem sido bem aceita por eles, demonstrando ser uma prática efetiva para reduzir a mortalidade de tartarugas sem prejudicar a atividade pesqueira.
Educação ambiental
Mais de 2 milhões de visitantes, entre moradores locais, estudantes e turistas, já tiveram a oportunidade de conhecer de perto as tartarugas marinhas e aprender sobre a biologia das espécies, sobre as atividades humanas que as ameaçam e como ajudar a protegê-las.
Mais de 2.000 universitários, entre estudantes de biologia, oceanografia, veterinária e outros cursos das áreas de ciências naturais, vindos de todos os estados e de outros países, tiveram no Tamar Ubatuba sua primeira oportunidade de estágio, dando os primeiros passos em suas carreiras profissionais voltadas à proteção da fauna e do meio ambiente.
Cultura e conservação
Em 2010, o Tamar construiu o “Casco Acústico”, um palco montado especialmente para acolher as manifestações artísticas e culturais locais para, através da arte, poder estender a mensagem da conservação das tartarugas e dos oceanos a todos os públicos. Centenas de artistas, entre amadores e profissionais, populares e eruditos, regionais ou de expressão nacional, já vieram se apresentar pela conservação das tartarugas marinhas. O apoio à arte e às tradições culturais se estende também através da participação do Tamar nas festas das comunidades e nas corridas de canoas no município.
Inclusão social
Nos programas de inclusão social, em ações com as comunidades por meio dos grupos produtivos de costureiras do Camburi e da Picinguaba, mais de 12 famílias já foram beneficiadas com a renda proveniente da venda de produtos artesanais nas lojas do Tamar, além de participarem de cursos de capacitação.
As costureiras e artesãs atuam na produção de “tartareias”, tartarugas de pano preenchidas com areia (Camburi) e de peças como panos de prato, toalhas, tapetes, almofadas, jogos americanos, jogos de cama e mesa, bolsas, todos bordados e pintados manualmente com motivos ligados ao mar (Picinguaba).
Desde 1997, o Tamar mantém o Programa de Inclusão Social e Educação Ambiental Nosso Papel de Futuro, que já atendeu cerca de 170 jovens em situação de vulnerabilidade social. Eles participam continuamente de atividades ecoformativas, artísticas e de auto-conhecimento, que incentivam a atuação mais consciente perante seu próprio futuro como cidadãos. Muitos deles hoje fazem parte da equipe Tamar.
História
O Projeto Tamar-ICMBio foi criado em 1980, pelo antigo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF), que mais tarde se juntou com outros órgãos ambientais para formar o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibma). Desde 2007, está vinculado ao Instituto Chico Mendes, o ICMBio.
O Tamar é reconhecido internacionalmente como uma das mais bem sucedidas experiências de conservação marinha e serve de modelo para outros países, sobretudo porque envolve as comunidades costeiras diretamente no seu trabalho socioambiental.
Pesquisa, conservação e manejo das cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no Brasil, todas ameaçadas de extinção – Cabeçuda, Verde, de Pente, Couro e Oliva – é a principal missão do Tamar, que protege cerca de 1.100km de praias, em 25 localidades em áreas de alimentação, desova, crescimento e descanso desses animais, no litoral e ilhas oceânicas, em nove estados brasileiros.
O nome Tamar foi criado a partir da combinação das sílabas iniciais das palavras tartaruga marinha, abreviação que se tornou necessária, na prática, por conta do espaço restrito para as inscrições nas pequenas placas de metal utilizadas na identificação das tartarugas marcadas para diversos estudos.
Em 1988, foi criada a Fundação Pró-Tamar, instituição não governamental, sem fins lucrativos, e considerada de utilidade pública federal desde 1996.
A Fundação Pró-Tamar foi criada para executar o trabalho de conservação das tartarugas marinhas, como responsável pelas atividades do Projeto Tamar nas áreas administrativa, técnica e científica; pela captação de recursos junto à iniciativa privada e agências financiadoras; e pela gestão do programa de autossustentação. Essa união do governamental com o não governamental revela a natureza institucional híbrida do projeto.
O Tamar conta com patrocínio nacional da Petrobras, através do Programa Petrobras Socioambiental, apoios e patrocínios regionais de governos estaduais e prefeituras, empresas e instituições nacionais e internacionais, além de organizações não governamentais. Mas é fundamental, sobretudo, o papel das comunidades litorâneas onde está presente e da sociedade civil em geral, que participa e colabora com o projeto, individual e coletivamente.
Em Ubatuba, o Tamar recebe o apoio da Arcor do Brasil e da Prefeitura Municipal de Ubatuba. Todos os recursos captados são revertidos integralmente para as atividades de conservação das tartarugas marinhas.
Comunicação ICMBio – (61) 2028-9280 – com informações do Tamar